Postado em quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021 às 09:09

Pesquisadora da Unifal lança “A inclusão menor e o paradigma da distorção”

A obra foi lançada no final de janeiro e quem assina o prefácio é o escritor Leonardo Boff.


Da Redação

“A diferença como valor humano, quando acolhida como princípio de uma educação democrática, portanto, inclusiva, é chave para educarmos e transformarmos o mundo em um lugar melhor para todas e todos viverem”. Esta afirmação é feita pela pedagoga Sílvia Ester Orrú, pesquisadora da área de Aprendizagem e Inclusão, professora colaboradora do Instituto de Ciência e Tecnologia da Unifal (Universidade Federal de Alfenas), sobre a obra de sua autoria “A inclusão menor e o paradigma da distorção”.

Lançada no final de janeiro pela Editora Vozes, a obra é resultado de estudos e pesquisas relacionados à linha de pesquisa da professora Sílvia, intitulada “Inclusão e Diferença”. O conteúdo do livro também dá continuidade ao livro anterior, chamado “Re-Inventar da Inclusão”, fruto do seu pós-doutorado na Unicamp em 2015-2016, publicado pela autora em 2017.

“A inclusão menor e o paradigma da distorção” apresenta o aprofundamento de discussões sobre o conceito de “inclusão menor” e a visão da autora sobre o “paradigma da distorção”. Segundo Sílvia, vivemos em meio a um “paradigma da distorção” porque nos acostumamos a produzir e reproduzir imagens de variados sentidos, sem nos dar conta que essas imagens carregam perversos significados de exclusão, marginalização e genocídios.

“Essas imagens que são produzidas e reproduzidas, principalmente nas redes sociais e pela mídia em geral, distorcem a realidade de um sem-número de pessoas que vivem em largo sofrimento. Infelizmente, a gente se acostuma tanto com tudo isso que acabamos por naturalizar e legitimar opressões, exclusões, barbáries distintas”, explica.

“A diferença como valor humano, quando acolhida como princípio de uma educação democrática, portanto, inclusiva, é chave para educarmos e transformarmos o mundo em um lugar melhor para todas e todos viverem”, afirma a autora da obra, professora Sílvia Ester Orrú. (Foto: Arquivo Pessoal/Sílvia Ester Orrú)



No livro, a autora aponta que a “inclusão menor” se configura como uma força contrária potente ao “paradigma da distorção”, uma vez que mostra que a diferença não é apenas de alguns que são apontados como diferentes pela sociedade. Conforme Sílvia, a diferença é um tributo próprio da espécie humana. “A diferença é de todos nós, portanto, somos todos igualmente diferentes”, afirma.

Para ilustrar a discussão em torno desses conceitos, a autora entrevistou 11 pessoas em diferentes contextos, as quais ela chama de “protagonistas de inclusão menor”. “Todas elas nos enchem a alma com um fôlego potente, pois atuam como resistência diante das perversidades presentes em nossa sociedade. Cada uma delas, em seu lugar de fala, em sua zona de atuação, faz a diferença como um farol que, à medida que avança pela estrada escura, dissipa a escuridão”, revela, salientando o quanto considera fundamental ouvir as pessoas em situação de preconceito, discriminação, exclusão e marginalização.

Ao longo das 254 páginas, a autora discorre sobre as temáticas “Imagem, Reflexos e Distorções”, “Inclusão e diferença: sentidos da humanidade”, “Ouço vozes”, “A condição revolucionária da inclusão menor” e “Infinitudes”.

De acordo com a escritora, o livro pode interessar a um diversificado público, visto que trata de “amor e luta por um mundo que pode ser melhor”. “Um livro de amor sempre poder alcançar toda pessoa que se dispuser a lê-lo”, ressalta, acrescentando que o capítulo “Ouço Vozes” pode chamar mais a atenção dos leitores. “Creio que essa parte do livro é para todo mundo, sem distinção, ela é a razão dos demais capítulos existirem teoricamente”, comenta.

Vale destacar que o prefácio da obra é assinado pelo teólogo, escritor, filósofo e professor universitário brasileiro, Leonardo Boff, o qual descreve o trabalho da autora e o impacto do capítulo. “A parte final – Ouço Vozes – se apresenta, no conjunto do livro, como a parte mais impactante e até aterrorizante, mas sempre muito ilustrativa. Ela deixa as vítimas das distorções, violências e torturas falarem, a começar pelas mulheres violadas e desumanizadas pela repressão da ditatura militar, os indígenas, os quilombolas, os negros e negras e outras tantas vozes”, frisa o filósofo.

Sobre o prefácio assinado por Leonardo Boff, a escritora comenta: “Desde os meus 10 anos de idade, eu ouvia meu pai citá-lo como um homem singular, inteligente e que se movia a fazer a diferença junto aos menos favorecidos. Ele é uma referência importante para mim”.

Em termos acadêmicos, o livro pode interessar, especialmente, aos educadores da área de Ciências Humanas, bem como profissionais da saúde que trabalham em prol de uma educação inclusiva. O livro pode ser adquirido pelo site da Livraria Vozes.



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