Postado em quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Alô, motorista! Veja cinco dicas para economizar combustível em 2021


Na semana do Natal, quem precisou abastecer o carro na cidade do Rio de Janeiro pagou, em média, R$ 4,938 pela gasolina, de acordo com um levantamento feito pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Quem optou pelo etanol teve que desembolsar R$ 4,061. Dessa forma, pela regra dos 70%, usada para avaliar com qual combustível é mais vantajoso abastecer, a gasolina seria a melhor opção, já que o preço do etanol superou R$ 3,45 no período. Assim, para encher o tanque de um carro popular, seria necessário gastar em torno de R$ 200. Essa despesa pode pesar — e muito — no bolso do consumidor, dependendo da quantidade de quilômetros rodados por mês.

O professor de economia do Ibmec-RJ, Tiago Sayão, afirma que, embora alguns motoristas fujam de postos com bandeira para tentar poupar o bolso, em busca de um valor mais acessível de combustível, essa não é a melhor alternativa. O gasto imediato menor pode camuflar uma despesa muito maior a longo prazo, com a manutenção do automóvel.

— A ideia de economizar 15 a 20 centavos por litro gera uma falsa sensação de que se está pagando mais barato. Pela falta de fiscalização da ANP, alguns postos acabam comercializando gasolina batizada, isto é, quando misturam o combustível com outros líquidos, como água. Isso faz com que o motor precise elevar muito a temperatura para gerar a combustão e, com o tempo, corrói os pistões, e o motorista se depara com o chamado ‘motor batido’. A vida útil dessa peça se torna muito menor — alerta o professor.

Para economizar, Sayão recomenda evitar usar o veículo para trajetos curtos, optando por caminhadas ou passeios de bicicleta; realizar a manutenção do veículo no prazo adequado e com profissionais eficientes; calibrar os pneus toda semana; e evitar o uso de ar-condicionado, o que implica num maior consumo.

— Para quem usa o automóvel como fonte de renda, os motoristas por aplicativo, por exemplo, isso é primordial. Uma outra alternativa mais radical do ponto de vista da economia é fazer a conversão para o Gás Natural Veicular (GNV), mas isso depende de um alto investimento inicial. Então, é preciso analisar se o uso do carro é alto para que esse investimento compense — analisa.

De acordo com um levantamento feito pela Petrobras, a partir de dados da ANP e CEPEA/USP, o valor da gasolina é composto de 29% pelo preço das refinarias e de importação; 44% pelos impostos estaduais e federais; 14% pelo custo do etanol anidro, cuja adição é obrigatória por lei; e 13% pelas taxas de revenda e distribuição.

O economista Ricardo Macedo explica que, no Estado do Rio, o preço do combustível é mais alto que em outras localidades porque a alíquota referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é mais alta:

— Como nossa frota é menor, o governo precisa dessa contribuição e não tem condições de gerar novas receitas. Ele mantém a alíquota de imposto alta para arrecadar mais e, assim, manter a máquina operando numa capacidade dita aceitável.

Veja dicas para economizar combustível...
Não deixe peso desnecessário no carro
A cada 50kg dentro do carro, o consumo aumenta cerca de 1%.

Calibre os pneus semanalmente
Pneus descalibrados aumentam o consumo, e o gasto com combustível pode aumentar em torno de 2% a cada 3 psi a menos de pressão.

Faça a manutenção preventiva
Verifique se o filtro de ar está sujo ou se as velas de ignição estão carbonizadas, pois isso diminui a eficiência do motor e, como consequência, eleva o consumo de combustível.

Não pise fundo
Acelerar de forma exagerada só aumenta o desgaste de pneu e embreagem, além de elevar o consumo de combustível.

Na cidade, evite o ar-condicionado
Andar com a janela aberta pode fazer você economizar gasolina. No entanto, na estrada, é melhor fechar as janelas e ligar o ar, já que, com a velocidade alta, a pressão externa a que o carro está sujeito com as janelas abertas pode aumentar o consumo.

Gasolina ou Álcool...
Você pode não se lembrar, mas houve um tempo em que os veículos não aceitavam ambos os combustíveis. Dessa forma, o motorista teria que optar, na hora da compra, por um carro movido a gasolina ou a etanol e arcar com as oscilações futuras de preço.

O economista Tiago Sayão recorda que, em 1975, foi criado o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) para estimular a produção do álcool para substituir a gasolina. Na época, foram oferecidos vários incentivos fiscais para que as indústrias automobilísticas priorizassem a produção de veículos movidos a etanol.

No entanto, na década de 1990, houve a redução do preço do barril de petróleo, o que provocou redução na diferença entre a gasolina e o álcool. Com isso, os usineiros passaram a destinar a produção de açúcar para o mercado internacional, pois o mercado interno tornou-se menos lucrativo.

— Tivemos um problema no mercado interno. Lembro que formavam-se filas enormes de carros para abastecer com etanol — lembra o professor.

O economista Ricardo Macedo avalia que, até os dias de hoje, faltam investimentos em pesquisas para obter fontes de energia alternativas a médio e longo prazo. Dessa forma, os brasileiros ainda devem estar sujeitos a conviver e depender das oscilações do petróleo por muito tempo.

 

 

 

Fonte: Extra Globo



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