Postado em terça-feira, 6 de outubro de 2020
às 09:09
O que está por trás da queda na vacinação de crianças no Brasil
Vacinas contra difteria, tétano, coqueluche e tuberculose têm problemas de abastecimento, após interdições de fábricas no Instituto Butantan e na Fundação Ataulpho de Paiva.
Enquanto todos se preocupam com a vacina para covid-19, uma outra questão ligada à imunização põe em risco a saúde dos brasileiros: a queda histórica no número de crianças vacinadas. Com duas antigas fábricas interditadas, houve redução da produção nacional, o que minou o estoque de doses contra difteria, tétano, coqueluche e tuberculose – vacinas que acumulam hoje as maiores quedas na cobertura vacinal infantil, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.
Em declínio desde 2015, a vacinação infantil teve o pior resultado no ano passado, quando nenhuma meta foi alcançada pela primeira vez em 20 anos. Entre as principais vacinas aplicadas em bebês com até um ano, o menor índice foi o da pentavalente, que chegava a 95% das crianças há cinco anos, mas recuou para 70% em 2019. Essa vacina protege contra difteria, tétano, coqueluche e outras infecções.
A queda foi ainda maior para a primeira dose de DTP, que reforça a proteção aos 15 meses de vida. Ela foi aplicada em 86% das crianças, em 2014, mas despencou para 56% no ano passado.
Além de faltar nos postos de saúde em boa parte de 2019, o que essas duas vacinas têm em comum é que elas poderiam ser produzidas no Brasil, caso fosse reformada uma fábrica do Instituto Butantan, em São Paulo. Mas após 10 anos de promessas do governo paulista e do Ministério da Saúde, as obras não começaram. E não há prazo para acontecer.
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