Postado em terça-feira, 14 de julho de 2020

Combustíveis sobem e inflação fica em 0,26% em junho, após dois meses de deflação

Grupo com maior impacto no resultado do IPCA de junho, no entanto, foi alimentação e bebidas, com alta de 0,38%.


 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, ficou em 0,26% em junho, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado interrompe uma sequência de dois meses de deflação, em meio às consequências da pandemia de coronavírus - 0,31% e 0,38% em abril e maio, respectivamente.

A taxa foi influenciada pelo aumento nos preços dos combustíveis após reduções nos últimos quatro meses, em especial da gasolina. Com alta de 3,24%, o combustível exerceu o maior impacto individual sobre o índice, de 0,14 ponto percentual. Desde o início de maio, a Petrobras anunciou oito altas no preço da gasolina nas refinarias. Os combustíveis vinham impactando negativamente o IPCA nos meses anteriores.

No ano, o IPCA passou a acumular 0,10%, e em 12 meses, de 2,13%.

 


“Houve uma alta nos preços dos combustíveis que chegou nas bombas e impactou o consumidor final. Isso alterou o grupo de Transportes e influenciou no IPCA”, detalha Pedro Kislanov, gerente da pesquisa.
O pesquisador acrescentou que "o maior impacto no mês foi o da gasolina, exatamente o oposto do observado nos últimos meses, quando era o item de maior peso negativo no índice".

Etanol (5,74%), o gás veicular (1,01%) e óleo diesel (0,04%) também registraram alta, elevando o preço dos combustíveis em 3,37%, frente à variação de -4,56% registrada em maio.

Questionado o indicador no campo positivo em junho aponta pressão da demanda do consumo, Kislanov ponderou que os serviços seguem impactados pela pandemia.

"Esse resultado positivo de junho tem muito a ver com a gasolina e dos combustíveis em geral. Os serviços continuam com deflação. Então, é difícil falar em retomada. Precisamos aguardar os próximos meses para saber como vai se comportar esse indicador", enfatizou.
Alimentos têm maior impacto entre os grupos
O grupo com maior impacto no resultado do IPCA de junho foi alimentação e bebidas, com alta de 0,38%. Os itens já vinham em uma sequência de altas, em parte ligada à alta demanda durante a pandemia, segundo o IBGE. Em maio, o grupo já havia registrado alta, de 0,24%.

“As medidas de isolamento social, que fizeram as pessoas cozinharem mais em casa, por exemplo, ainda estão em vigor em boa parte do país. Isso gera um efeito de demanda e mantém os preços em patamar mais elevado”, explica Kislanov.


O IBGE destaca, entre os alimentos, as altas registradas em:



Carnes: +1,19%
Leite longa vida: 2,33%
Arroz: 2,74%
Feijão carioca: +4,96%
Queijo: 2,48%


Já as maiores quedas entre os alimentos vieram de:

Tomate: -15,04%
Cenoura: -8-88%


Artigos de residência têm maior taxa com alta em eletrodomésticos


Entre os grupos pesquisados pelo IBGE, a maior taxa foi registrada em artigos de residência, de 1,30%, em função da alta dos eletrodomésticos e equipamentos (2,92%) e dos artigos de tv, som e informática (3,80%). Já itens de mobiliário tiveram queda de 1,33%.

Em transportes, na contramão dos preços dos combustíveis, houve queda em passagens aéreas, de 26,01%, que contribuíram com o maior impacto individual negativo no IPCA de junho (-0,11 p.p.). Caiu também o item transporte por aplicativo (-13,95%), após alta de 5,01% em maio. Já o subitem metrô teve alta de 1,43%, refletindo o reajuste de 8,70% nas passagens no Rio de Janeiro.

A maior variação negativa entre os grupos foi registrada em vestuário, de -0,46%. As roupas femininas (-0,95%), infantis (-0,41%) e os calçados e acessórios (-0,61%) registraram recuo nos preços, enquanto as joias e bijuterias subiram 0,54%, acumulando alta de 6,50% no ano.

Já em habitação, houve queda de 1,41% nos preços do gás de botijão, e de 0,34% na energia elétrica residencial.

Veja as taxas de variação dos grupos pesquisados
Alimentação e Bebidas: 0,38%
Habitação: 0,04%
Artigos de Residência: 1,30%
Vestuário: -0,46%
Transportes: 0,31%
Saúde e Cuidados Pessoais: 0,35%
Despesas Pessoais: -0,05%
Educação: 0,05%
Comunicação: 0,75%
Serviços segue com deflação
Ao contrário dos produtos, os serviços tiveram nova deflação em junho, de -0,26%, mas menos intensa que a observada em maio, que foi de -0,45.

“Pode ser um reflexo do relaxamento das medidas de isolamento social, mas precisamos aguardar para apontar se houve, de fato, aumento da demanda”, apontou o gerente da pesquisa.
Em março, os serviços já haviam apresentado deflação, de 0,14%, refletindo o início da paralisação das atividades econômicas no país em decorrência da pandemia do coronavírus. Em abril, no entanto, o indicador teve alta de 0,25%.

“Essa alta de abril foi puxada pela alta de 15,1% nas passagens aéreas, lembrando que a coleta de preços para as passagens aéreas é feita com dois meses de antecedência, ou seja, essa alta foi medida em fevereiro”, ponderou Kislanov.

Deflação em quatro regiões do país
Das 16 regiões pesquisadas pelo IBGE, quatro registraram deflação em junho: São Luís (-0,35%), Belém (-0,18%), Rio de Janeiro (-0,01%) e Porto Alegre (-0,01%).

Em contrapartida, sete regiões tiveram inflação maior que a média do país, sendo a maior observada em Curitiba (0,80%) "por conta da alta nos preços da gasolina (7,01%) e do etanol (10,35%)", destacou o IBGE.

Pesquisa remota


Para o cálculo do IPCA de junho, foram comparados os preços coletados no período de 29 de maio a 30 de junho de 2020 (referência) com os preços vigentes no período de 30 de abril a 28 de maio de 2020 (base).

"Cabe lembrar que, em virtude do quadro de emergência de saúde pública causado pela COVID-19, o IBGE suspendeu, no dia 18 de março, a coleta presencial de preços nos locais de compra. A partir dessa data, os preços passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas realizadas em sites de internet, por telefone ou por e-mail", esclareceu o IBGE.

Perspectivas e meta de inflação


A meta central do governo para a inflação em 2020 é de 4%, e o intervalo de tolerância varia de 2,5% a 5,5%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou corta a taxa básica de juros da economia (Selic) – atualmente em 2,25%, seu menor patamar da história.

A expectativa de inflação do mercado para este ano segue bem abaixo do piso da meta. Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 1,63% em 2020, conforme a última pesquisa Focus do Banco Central. As estimativas são mantidas baixas em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado as economias brasileira e mundial, e colocado o mundo no caminho de uma recessão - e o Brasil, em risco de uma depressão.

Regiões


Entre os locais pesquisados, quatro tiveram deflação no mês passado, com destaque para São Luis, de 0,35%. Já a maior alta, de 0,80%, foi registrada em Curitiba.

Curitiba: 0,80%
Salvador: 0,68%
Vitória: 0,56%
Recife: 0,51%
Brasília: 0,46%
Fortaleza: 0,34%
São Paulo: 0,29%
Campo Grande: 0,23%
Rio Branco: 0,21%
Goiânia: 0,10%
Belo Horizonte: 0,05%
Aracaju: 0,03%
Porto Alegre: -0,01%
Rio de Janeiro: -0,01%
Belém: -0,18%
São Luís:-0,35%

INPC tem inflação de 0,30% em junho


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que é usado como referência para reajustes salariais e benefícios previdenciários, ficou em 0,30% em junho, após -0,25% em maio. No ano, a variação acumulada foi de 0,36% e, nos últimos doze meses, o índice apresentou alta de 2,35%, acima dos 2,05% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2019, a taxa foi de 0,01%.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: G1



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