Postado em domingo, 10 de fevereiro de 2019
às 20:52
Nosso discurso público crescentemente fascista
“Populismo” é uma descrição que soa inofensiva para o nacionalismo xenófobo que hoje se espalha por grande parte do mundo. Mas haveria algo ainda mais sinistro em operação?
Por Jason Stanley/Nexo Jornal
Em “LTI: A Linguagem do Terceiro Reich”, Victor Klemperer, um acadêmico judeu que sobreviveu milagrosamente à Segunda Guerra Mundial na Alemanha, descreve como o nazismo “permeou a carne e o sangue da população por meio de palavras únicas, expressões idiomáticas e estruturas de sentença que eram impostas por um milhão de repetições e incorporadas mecânica e inconscientemente”.
Como resultado dessa inculcação, Klemperer observou, “a linguagem não apenas escreve e pensa por mim, mas também dita cada vez mais meus sentimentos e governa todo o meu ser espiritual quanto mais eu me entrego a ela, inquestionável e inconscientemente.
Um fenômeno semelhante existe hoje em países onde a política de extrema direita alcançou sucesso, seja no Reino Unido da era do Brexit, na Polônia sob Jarosław Kaczyński ou nos Estados Unidos sob o presidente Donald Trump. Nas últimas semanas, políticos desses países com tais ideologias se viram cada vez mais encurralados, recorrendo a mentiras cada vez mais extravagantes. Enquanto os apoiadores do Brexit seguem insistindo que sair da União Europeia não seria devastador para a economia do Reino Unido, Kaczyński tem tentado culpar a oposição pelo assassinato do prefeito de Gdańsk, Paweł Adamowicz, em vez da retórica de seu próprio partido. Trump, por sua vez, continua a fabricar uma crise na fronteira mexicana para justificar suas demandas por um muro.
No entanto, apesar do foco dado às mentiras e à retórica violenta desses líderes, os usos mais sutis da retórica de extrema-direita nos últimos anos não têm merecido a mesma atenção. A história mostra que os movimentos intolerantes podem disseminar suas agendas não apenas por meio de eleições, mas também se infiltrando na linguagem comum do debate político. E, como veremos, as evidências atuais sugerem que “populistas” de extrema direita, autoritários e, sim, fascistas têm conscientemente travado uma batalha de palavras para conseguir vencer a guerra de ideias.
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