Postado em segunda-feira, 17 de setembro de 2018
às 10:11
As perguntas que você deveria fazer para se preparar para o crescimento
Do planejamento financeiro à tecnologia, essa lista de questionamentos abrange todas as áreas e vai te ajudar a reduzir os riscos do crescimento...
Do planejamento financeiro à tecnologia, essa lista de questionamentos abrange todas as áreas e vai te ajudar a reduzir os riscos do crescimento.
Crescer ou não crescer: esta não é a questão. Mais correto seria nos perguntarmos quando e como crescer, uma vez que a expansão seja o processo natural de qualquer organização bem estruturada, que tenha uma boa oferta de valor a oferecer.
O problema é que esses “quando?” e “como?” dão origem a várias outras perguntas. Reunimos as principais delas, para que você seja capaz de pensar em todos os aspectos relacionados ao crescimento — do time à infraestrutura e pessoas.
Talvez algumas dessas perguntas só apareçam mais para a frente, quando sua empresa estiver em outro momento. O importante é que você seja sempre capaz de olhar de cima e avaliar se o crescimento está valendo a pena.
Então vamos às perguntas:
Por que nós precisamos crescer?
Crescimento gera valor. No entanto, quando há muito crescimento em pouco tempo, os processos correm risco de serem ultrapassados , e a capacidade de gestão dos líderes será posta em cheque. Existe um tempo certo para a expansão, pois a forma como se cresce deve ser estruturada.
Isto porque, quanto maior é a empresa, mais complexas se tornam as tarefas de gerenciamento. À medida que o negócio se expande, você vai precisar de tecnologias escaláveis capazes de acompanhar este crescimento, de mais funcionários, de processos mais organizados, de maior controle financeiro e de gestores experientes. Além disso, quanto mais a sua empresa cresce, mais ela vai se expor à concorrência.
Pode até parecer um questionamento óbvio, mas ele é necessário para que você tenha clareza de onde quer estar, para então traçar o caminho mais seguro até lá. Essa clareza da motivação também vai te ajudar a seguir em frente quando você tiver motivos para estagnar ou andar de lado.
Como nós deveríamos crescer?
Quando se trata de expandir um negócio, existem muitas formas de fazê-lo. Mas você precisa ter profundo conhecimento da sua operação para definir a estratégia que realmente vá proporcionar o crescimento desejado.
Veja quais são os modelos mais utilizados por empreendedores que buscam crescimento de alto impacto, bem como suas vantagens e desvantagens:
1 – Abrir outra unidade própria
Esta costuma ser a primeira ideia que surge quando se trata de expandir. Já que toda a receita gerada por uma unidade própria vai para o caixa da sua empresa, este modelo costuma ser bastante lucrativo. É também uma forma segura de manter o controle da sua expansão, uma vez que você estará no comando de todas as novas operações.
No entanto, considere que o trabalho crescerá na mesma medida e que o que está em jogo é a imagem da sua marca. É comum que, nestes momentos, você se afaste um pouco da essência que deu origem à sua empresa para se dedicar à expansão; mas, caso isso se perca, os clientes – novos e antigos – notarão, e isso poderá ser fatal.
Por isso, a possibilidade precisa ser analisada com todo o cuidado. Eis algumas dicas para te orientar nessa reflexão:
- Certifique-se de que você esteja obtendo um lucro consistente e de que os negócios tenham crescido de forma estável nos últimos anos;
- Olhe para as tendências, tanto econômicas quanto de consumo, para encontrar indicadores de que a sua companhia terá fôlego para crescer;
- Prepare um plano de negócios integral para a nova unidade;
- Escolha a localização com base no que é melhor para os negócios, considerando fluxo de pessoas, público-alvo e potencial de impacto daquele endereço.
No caso de sua empresa ter uma dependência com a tecnologia, garanta que você trabalhará com um parceiro de TI capaz de facilitar essa expansão, de forma suave e mantendo a qualidade e padronização dos processos do seu negócio e otimizando a produtividade.
2 – Montar um sistema de franquia
Transformar sua empresa em uma rede de franquias consiste, essencialmente, em contar com empreendedores que compartilham do seu sonho, dos seus objetivos. Trata-se de um modelo de expansão que oferece muitas vantagens – sobretudo para os empreendimentos de pequeno porte, que raramente têm condições de crescer apenas com recursos próprios.
Rapidez, gastos compartilhados e tranquilidade dão a tônica do modelo de franchising. A agilidade e a economia saltam aos olhos. Com franqueados comprometidos e um bom suporte oferecido pelo franqueador, dá para se realizar o sonho grande em bem menos tempo do que com outros modelos.
Mas alguns cuidados devem ser tomados:
- A atenção dedicada a todo o processo deve ser total. Sobretudo quanto à cultura organizacional, à qualidade dos produtos ou serviços oferecidos, ao atendimento e, claro, à marca – que deve permanecer sempre a mesma, transmitindo os mesmos valores onde quer que esteja.
- Procure parceiros de infraestrutura e TI que facilitem esta expansão compreendendo as necessidades tecnológicas do seu negócio, inclusive quanto à segurança de dados das operações.
- Planejamento é determinante para o sucesso. Transformar um negócio em rede de franquias exige que você tenha metas muito bem estabelecidas, e que trace com todo o cuidado os caminhos para atingi-las.
Não tem caminho fácil. O sistema de franquias implica um sistema de gestão bem mais trabalhoso. Lembre-se de que você estará exposto aos atos dos franqueados, o que pode resultar em consideráveis dores de cabeça.
3 – Realizar uma fusão ou uma aquisição
Uma forma poderosa – e bastante utilizada – de se expandir um negócio é empreender uma operação de M&A – Mergers and Acquisitions, ou simplesmente Fusões e Aquisições. Este modelo permite expandir seus negócios e o alcance deles utilizando-se do que outra empresa já faz melhor, ou mesmo unindo esforços naquilo que ambas fazem bem.
Aqui vão algumas dicas fundamentais para esse processo:
Para que você encontre um parceiro interessado em unir forças, é preciso, antes de mais nada, que o mercado saiba que você está procurando. Ative sua rede de contatos e demonstre o seu interesse;
Você precisa saber muito bem onde está se metendo. Como em um casamento: antes de casar, é preciso passar pelas etapas de paquera, namoro e, somente então, matrimônio. Então, além de buscar o parceiro certo e conquistá-lo, será preciso estruturar muito bem os termos dessa relação para o futuro. Para fazer isso, não tenha dúvidas: conte com um bom advogado.
Conheça o valor da sua empresa: se você tem uma empresa que está começando, terá mais dificuldades para calcular o valor, por conta da falta de históricos numéricos e por ter um produto/serviço ainda não consolidado.
4 – Licenciar seu produto
Esta pode ser uma forma efetiva e barata de promover a expansão da sua empresa. E uma boa alternativa ao sistema de franquia, caso considere que o investimento ou o trabalho não valham a pena.
Mas saiba que o licenciamento é recomendado por especialistas à empresas que dispõem de um serviço ou um produto já consolidados. Se esse é seu caso, talvez seja a hora de adotar o modelo.
Ampliar a presença na internet
A expansão do seu negócio não precisa ser necessariamente física; ela pode muito bem se dar virtualmente. Hoje, a web oferece uma infinidade de recursos para empresas que desejam ir além de sites corporativos ou fan pages nas redes sociais para manter o relacionamento com clientes.
As ferramentas de e-commerce são um ótimo exemplo disso: as pessoas incorporaram o hábito de consumir pela internet, e os empreendedores que traçam uma boa estratégia para atuar nesse campo invariavelmente conquistam resultados expressivos.
Quais são os milestones do caminho?
Aqui, a velocidade de crescimento pode ser inimiga da operação. Caso você cresça rápido, não tem análise SWOT capaz de dar conta. Bruno Balbinot, empreendedor da Ambar, passou por isso e compartilha uma metodologia que pode te ajudar a identificar os marcos pelo caminho, planejando melhor o crescimento da empresa:
“Carrego comigo, todos os dias, três folhas de papel em uma pastinha, que resumem tudo o que queremos para a semana, o semestre e o futuro da empresa”. São elas:
1) Visão de longo prazo
“O que queremos realizar nos próximos anos, conquistas e marcos importantes. Nunca defini o horizonte de tempo dessas mudanças, porque, na nossa perspectiva, quanto antes realizarmos tudo, melhor. Algumas iniciativas já estão acontecendo, outras estão previstas para o próximo ano. E assim vamos mudando de patamar, sabendo aonde queremos chegar.”
2) Objetivos estratégicos do semestre
“A cada seis meses, propomos KPIs e entregas importantes para cada um dos quatro pilares:
- Finanças
- Mercado
- Tecnologia e Operações
- Corporativo
- Esta é a folha de papel que mais visitamos. A metodologia é inspirada no Balanced Scorecard (BSC), e foi adaptada para mantermos claras quais são as nossas prioridades.”
3) Orçamento
“Em uma planilha de DRE, definimos todos os ganhos e custos previstos para o ano. Para nós, o orçamento está escrito em pedra. Definiu uma vez, não mexe mais. O que nós fazemos, então, é medir o desvio do planejado para o realizado. O orçamento serve como uma orientação, mas sabemos que não é nele que vamos resolver o problema. É na meta de vendas, que impacta a receita, por exemplo. Ou na produtividade das fábricas, que mexe na linha de custos.”
Nós temos estrutura para suportar o crescimento?
O chamado “exercício dos 10x mais” ajuda a responder a essa questão, sobretudo no que diz respeito aos gargalos que podem surgir pelo caminho. Consiste em uma pergunta simples que você deve fazer às pessoas-chave do seu time:
“Se o nosso negócio crescer 10 vezes da noite para o dia, quais seriam os seus gargalos para acompanhar esse crescimento?”
Por exemplo, pergunte isso para o seu gerente de Customer Success, para o seu gerente de produto e para o seu gerente de infraestrutura. “Você consegue crescer 10x mais com a atual demanda de capital de giro?”, “Você consegue crescer 10x mais o seu time de suporte?”, “Você consegue crescer 10x mais seus recursos tecnológicos?”.
Não estranhe se, nas primeiras vezes em que perguntar isso, você se deparar com aquelas caras de “você está louco”. São exatamente estas expressões faciais que lhe dizem que você fez a pergunta certa. Pela perspectiva de “gerenciamento de escalabilidade” esta é a pergunta. E, ao buscar as respostas, você conseguirá estruturar melhor o crescimento de acordo com cada área.
Quem são as pessoas capazes de crescer com a gente? De que forma vamos prepará-las para o que está por vir?
Em primeiro lugar, é preciso preparar colaboradores para o crescimento. E isso implica, acima de tudo, desenvolver a liderança deles — o que torna necessária a realização de um diagnóstico organizacional.
Aqui, um mentor, consultor ou profissional de fora podem ajudar muito. Isso porque o diagnóstico acarretará entrevistas com todos os funcionários que tenham algum grau de liderança, com os sócios e outras pessoas de diferentes áreas, cargos e funções. As perguntas são as mesmas para todos eles. E, a partir dessa bateria de conversas, será possível entender melhor o “modus operandi” da empresa: como são as relações de poder, o estilo de liderança, a definição das estratégias, a avaliação das pessoas e também quais os indicadores de sucesso do negócio.
Ao longo desse processo, talvez você descubra que sua ingerência iniba o desenvolvimento de lideranças na sua empresa. É comum que empreendedores “entrem” o tempo todo nas decisões, o que diminui a autoridade de outros gestores. “Não adianta eu querer fazer, porque o dono vai querer fazer do jeito dele”, pensam eles. Lembre-se de que, como empreendedor, você não precisa ficar preso à operação.
Avaliação para o ponto da virada
Outra provocação necessária é que, em algum momento, você deverá dar um passo para trás e refletir: “Quero seguir por essa estrada, mas não tenho a menor ideia se essas pessoas vão conseguir cumprir esse caminho comigo, se vão dar conta de seguir com a empresa um dia sem mim”.
Eis o ponto de virada, quando você toma consciência de que precisa dar um novo salto na gestão do negócio. E de que essa transição só depende de você. O time que veio ao seu lado até aqui pode não ser o mesmo que vai levá-lo adiante
Esse é o desafio número um dos empreendedores dispostos a profissionalizar o negócio. É preciso revisar toda a estrutura do time, reavaliando o desempenho e contribuição de cada um para o negócio, por meio de um mapa de potencial versus performance. É preciso descobrir quem vai além.
A avaliação precisa ser feita com base em metas atingidas e indicadores de desempenho, e não mais por questões de afinidade, relacionamento pessoal, amizade ou tempo de casa.
Quais são os riscos se nós crescermos?
Crescer é, sem dúvida, um processo doloroso. Mas existem dois desafios mais críticos, e é a eles que você deve ficar totalmente atento:
Perder o foco na cultura
À medida que a empresa cresce, você passa a ser menos “dono” dela. Ao longo do processo de expansão, a cultura organizacional inicial, formada a partir da missão e dos valores do seu proprietário, vai sendo diluída por novas visões de mundo e de negócios, vindas dos muitos funcionários contratados ou de gerentes e coordenadores que antes não existiam em sua organização.
Faltar capital e fôlego financeiro
Violenta carga tributária, altos custos fixos e vendas (quase sempre) parceladas: a realidade de empresas brasileiras não é fácil. São pouquíssimas as que conseguem se sustentar no longo prazo apenas com capital de giro e lucro líquido mensal. Para a imensa maioria, em algum momento é necessário buscar financiamento em fontes externas.
O problema é quando você busca empréstimos sem qualquer tipo de planejamento de longo prazo. Para manter a margem de endividamento num patamar mínimo, você precisa manter um rígido controle sobre o capital de giro, montante usado como reserva financeira para momentos difíceis (não deve ser subtraído de forma deliberada). É essencial ter um orçamento bem elaborado e que seja seguido com seriedade, além de um planejamento estratégico atrelado à gestão de custos, que permita que a empresa aproveite as oportunidades sem fazer loucuras.
Fonte:endeavor