Postado em quarta-feira, 9 de maio de 2018
às 12:12
15 livros mais importantes da literatura brasileira
Fizemos uma lista dos romances essenciais da literatura brasileira...
Fizemos uma lista dos romances essenciais da literatura brasileira. Aqueles que ajudaram a formar a nossa tradição literária, são estudados e conhecidos em todo mundo e estão praticamente em todas as provas de conhecimento sobre literatura.
Mas não só isso: indicamos alguns livros mais contemporâneos que também são muito importantes para a literatura nacional e outros que não são romances, mas também marcaram história.
Dom Casmurro (1889), de Machado de Assis
Difícil seria começar essa lista com um romance diferente: Dom Casmurro é considerado por especialistas o maior romance da literatura nacional. A história de amor e tragédia do triângulo Bentinho, Capitu e Escobar é envolvente do começo ao fim, cheia de detalhes e reflexões e expõe o lado mais genial do autor.
Por que você deveria ler?
Além de ser uma excelente pedida para quem gosta de ler sobre as desventuras do amor (e outras coisas mais), é a obra machadiana mais característica. E, afinal, todo mundo quer ter a sua própria para resposta para “Capitu traiu ou não traiu Bentinho?”
Dizem por ai, mas não tenho certeza, que meu sorriso fica mais feliz quando te vejo, dizem também que meus olhos brilham, dizem também que é amor, mas isso sim é certeza.
Machado de Assis em Dom Casmurro
Não dá para não citar: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
Também um clássico de Machado de Assis, é talvez a história mais incrível que você lerá da perspectiva de um defunto. É engraçado, inteligente, irônico e inovador! Não se assuste com o fato de ter sido lançada há mais de 100 anos. Memórias Póstumas é desses livros atemporais que encantam qualquer um.
Macunaíma (1928), de Mário de Andrade
O conhecido “herói sem nenhum caráter” já virou filme, inspirou novelas, peças de teatro e outras inúmeras expressões artísticas. O protagonista é um homem nacional com uma identidade muito particular, que mistura comédia, malandragem e preguiça. As aventuras do herói tornaram-se muito importantes por retratar as várias facetas do caráter brasileiro.
Por que você deveria ler?
Se aventura e humor fazem o seu tipo, este é o livro certo. A linguagem falada é muito interessante e o livro oferece um rico retrato da cultura folclórica brasileira.
Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos
São quadros da realidade de pessoas que têm que migrar de canto em canto fugindo da seca do sertão brasileiro. Os nordestinos, protagonistas dessa história, são castigados na busca por uma vida melhor e o livro traça, em forma de capítulos não lineares, uma obra-prima da literatura regionalista nacional.
Por que você deveria ler?
Você com certeza vai se emocionar com a história dessa família nordestina, mas não só isso: o livro é tão inteligente que monta um quebra cabeça com seus capítulos e, se quiser, você pode ler um por vez, com a maior calma do mundo, ou seja: não há desculpa para começar já.
Cinco sombras caminhavam naquele leito seco. Percorriam um calvário como Jesus, açoitados pela fome, pela miséria. Coisa séria.
Graciliano Ramos em Vidas Secas
Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915), de Lima Barreto
Muitos críticos encaram a história do protagonista Quaresma como um reflexo do próprio Lima Barreto. Ele foi filho de pai português com uma mãe escravizada e sofreu por toda vida com uma sociedade que não o aceitava. Policarpo, major aposentado, era tão nacionalista que acabou por ser tomado como louco: viveu rejeitado e vítima de seus próprios ideais.
Por que você deveria ler?
Um livro que retrata bem a política nacional pós-escravidão, no final do século XIX e começo do XX. Se você gosta de política e história, vai se deliciar com este romance que debate questões políticas e de identidade nacional.
Grande Sertão: Veredas (1956), de Guimarães Rosa
Nesta epopeia da literatura brasileira, o sertão é o mundo. É narrada por Riobaldo, um ex-jagunço que filosofa sobre a vida, sobre o sertão, sobre as guerras que viveu e um amor perdido: Diadorim, mulher que se travestia de homem para conseguir viver entre os jagunços.
Por que você deveria ler?
O livro é uma verdadeira enciclopédia do sertão, a linguagem é encantadora e as aventuras de Riobaldo formam um verdadeiro labirinto literário que você não vai querer sair. Se você gosta de histórias longas, com muitos personagens e reviravoltas, vai amar Grande Sertão Veredas.
A vida da gente vai em erros, como um relato sem pés nem cabeça, por falta de sisudez e alegria. Vida devia de ser como sala do teatro, cada um inteiro fazendo com forte gosto seu papel, desempenho.
Guimarães Rosas em Grande Sertão Veredas
A Pedra do Reino (1971), Ariano Suassuna
O nome inteiro da obra é, na verdade, Romance d´A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta. O título denuncia a monumentalidade da escrita de Suassuna, que na época de seu lançamento foi considerada um marco na literatura nordestina. O narrador está preso e tenta argumentar a sua defesa contando a história de sua família, supostamente descendente de reis.
Por que você deveria ler?
O livro é pura cultura popular brasileira. Ao melhor estilo O Auto da Compadecida. Já foi adaptado para o cinema, teatro e televisão e é uma mistura de diversão e cultura, gostoso de ler. Além disso, também tem uma boa dose de magia: se você gosta de histórias míticas e fantásticas, não pode perder!
O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo
A realidade miserável e tumultuada das famílias cariocas no século XIX é o pano de fundo para este romance clássico. O Cortiço é o precursor da vida nas favelas do Rio de Janeiro e fala sobre exploração social, racismo e outros temas críticos.
Por que você deveria ler?
É peça chave para entender o Brasil do século XIX e o movimento naturalista, que ressalta os instintos naturais dos personagens. Se você tem interesse em crítica social, este romance irá te dar o cenário perfeito para reflexões.
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo.
Aluísio de Azevedo em O Cortiço
O Quinze (1930), de Rachel de Queiroz
autora tinha apenas 19 anos quando escreveu esse romance que se tornou um clássico. A seca de 1915 no Ceará é o cenário para contar as histórias de duas famílias que vivem uma grande desigualdade social no nordeste. A saga da família de Chico Bento e a história de amor entre Vicente e Conceição cativam o leitor do início ao fim da leitura.
Por que você deveria ler?
A linguagem é simples, o regionalismo está presente de forma muito bonita e o livro é também sobre a emancipação das mulheres. Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a receber o Prêmio Camões, por esta obra. É motivo o suficiente ou não é?
O Guarani (1857), de José de Alencar
É uma história que conta a fundação do Brasil como enxergava José de Alencar: a mistura do índio com o branco, da cidade e o campo. Peri é o índio e herói nacional cheio de virtudes que se apaixona por Ceci, a portuguesa branca, pura e perfeita. Os personagens que cercam a história também têm papéis alegóricos que representam o Brasil pós-colonial.
Por que você deveria ler?
Importante para entender a realidade brasileira do século XVII e também é uma história envolvente, que foi construída com ajuda de leitores: lançada originalmente no formato de folhetim, José de Alencar foi moldando o romance conforme as críticas das pessoas que iam lendo a história de Peri e Ceci no jornal. Isso concede à narrativa uma autenticidade clara.
Os lábios vermelhos e úmidos pareciam uma flor de gardênia dos nossos campos, orvalhada pelo sereno da noite, o hálito doce e ligeiro exalava-se formando um sorriso. Sua tez alva e pura como um froco de algodão, tingia-se nas faces de um longe cor-de-rosa, que iam, desmaiando, morrer no colo de linhas suaves e delicadas.
José de Alencar em O Guarani
A Rosa do Povo (1945), de Carlos Drummond de Andrade
São 55 poemas que expressam o melhor do mais renomado poeta brasileiro. Mesmo sendo um livro de poesia, A Rosa do Povo sempre figura na lista dos livros importantes da literatura nacional porque trata de temas como o pós-Segunda Guerra, a vida na cidade, o amor e a morte. Rio de Janeiro é o pano de fundo para esses versos que são uma obra-prima do autor.
Por que você deveria ler?
Qualquer pessoa que gosta de poesia deveria ler esta obra, não só por ser uma das mais importantes, mas também porque é bela, profunda, e muito diversa. É um desses livros que vale a pena ter na cabeceira.
A Paixão Segundo G.H. (1964), de Clarice Lispector
Pobre menina rica, já ouviu essa expressão? É mais ou menos o que define a protagonista desse romance, G.H., uma mulher bem sucedida, mas que conhece muito pouco de si mesma. No decorrer das páginas, ela mergulha em seus próprios pensamentos para tentar se encontrar e refletir sobre sua relação íntima consigo e com a vida.
Por que você deveria ler?
A narrativa psicológica que se tornou uma marca de Clarice Lispector é muito bem desenvolvida neste livro, que pode gerar reflexões profundas no leitor. Se o que você está procurando é uma leitura que vai te causar questionamentos, mudanças e burburinhos no interior, este é o livro certo.
Todo momento de ´falta de sentido´ é exatamente a assustadora certeza de que ali há o sentido, e que não somente eu não alcanço, como não quero, porque não tenho garantias.
Clarice Lispector em A Paixão Segundo G.H.
Não dá para não citar: A Hora da Estrela (1977).
O último livro publicado de Clarice e um dos mais conhecidos conta a história de Macabéa, uma garota nordestina que tenta sobreviver na cidade. É também um livro que filosofa sobre a vida, a arte e o próprio ato de escrever. Indispensável para quem gosta de praticar escrita.
As Meninas (1973), de Lygia Fagundes Telles
A história de Ana Clara, Lia e Lorena, meninas que estão saindo da adolescência e entrando nos conflitos amorosos, políticos e sociais de uma sociedade que vive em plena ditadura militar. Por se passar em um pensionato de freiras, a história ganha ainda mais emoção, pois gera um conflito social que mistura solidão, aventura e defesa de liberdade.
Por que você deveria ler?
Fundamental para ter uma ideia de como era a sociedade brasileira na época da ditadura. Você vai se apaixonar pela individualidade das meninas e pela trajetória cheia de reviravoltas que elas traçam. A miséria política e cultural da época é passada através de uma linguagem simples e muito fácil de entender. É para ler num piscar de olhos!
Quarto do Despejo: Diário de uma favelada (1960), de Carolina Maria de Jesus
Aborda a realidade nua e crua de uma mãe solteira, negra e favelada que luta para sobreviver em uma sociedade completamente hostil. O fato de ser autobiográfico torna a história tão forte que é quase como se estivéssemos ali, vivendo tudo aquilo que Carolina conta sobre o seu cotidiano.
Por que você deveria ler?
O livro tornou-se uma referência mundial logo após o seu lançamento e permitiu à Carolina, que vivia como catadora, ascender como escritora. Sua escrita não tem frescura, não responde a regras de literatura e padrões: é um simples relato que de simples não tem nada, e mostra o poder da narrativa de um povo que vive até hoje marginalizado.
Quando um político diz nos seus discursos que está ao lado do povo, que visa incluir-se na política para melhorar as nossas condições de vida pedindo o nosso voto prometendo congelar os preços, já está ciente que abordando este grave problema ele vence nas urnas. Depois divorcia-se do povo. Olho o povo com os olhos semicerrados. Com um orgulho que fere a nossa sensibilidade.
Carolina Maria de Jesus em Quarto de Despejo
Morte e Vida Severina (1967), de João Cabral de Melo Neto
Mais uma obra que trata do tema da seca, dos retirantes e da miséria. Mas desta vez, em forma de poema! Dividido em 18 partes, a obra conta a trajetória de Severino, que deixa o sertão em busca de melhores condições de vida no litoral, e os personagens, também sofridos e “severinos” que ele encontra no caminho.
Por que você deveria ler?
Se você nunca teve contato com a literatura de cordel, com poemas grandes e narrativas poéticas dramáticas, sugerimos começar por este. É um texto que transborda emoção e que consagrou o autor nacional e internacionalmente.
Fonte: Pensador