Postado em terça-feira, 5 de janeiro de 2016
às 09:07
Agricultura ainda resiste no Brasil apesar de recessão
A turbulência financeira e política que colocou o Brasil à beira da depressão está contribuindo para que os produtores rurais tenham um dos melhores anos já registrados.
A forte desvalorização do real, sintoma do estresse pelo qual atravessa a maior economia da América Latina, turbinou a receita com exportações de produtos agropecuários, desde a soja até a carne e o café. Embora os excedentes mundiais tenham derrubado os preços dessas commodities, a queda do real em relação ao dólar é tão aguda que os produtores rurais ainda saem em vantagem. O valor da produção agrícola deve atingir o sexto recorde seguido neste ano e crescer novamente em 2016, segundo o Ministério da Agricultura.
"Esta é a única parcela da economia que ainda está evoluindo positivamente", afirma Fabio Silveira, economista da GO Associados, uma empresa de consultoria de São Paulo.
O restante do Brasil está mergulhado na crise, agravada pelo impasse político em Brasília e as incertezas decorrentes da operação Lava Jato. A economia se contraiu durante três trimestres seguidos, o pior resultado desde o início da coleta dos dados, em 1996, com o desemprego e a inflação em aceleração. Para o Goldman Sachs, a recessão caminha para se transformar em uma "verdadeira depressão econômica".
Contudo, a agricultura continua prosperando. O setor cresceu 2,1 por cento no ano até setembro, segundo o IBGE. As perspectivas para o ano que vem são otimistas, com a expectativa de mais uma safra recorde e exportações em alta após a queda de 29% do real em relação ao dólar em 2015. O dólar forte se traduz em mais reais por tonelada exportada. Enquanto os contratos futuros da soja caíram 14 por cento neste ano nos EUA, chegando ao nível mais baixo desde 2009, os preços em reais subiram 23 por cento.
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