Postado em domingo, 18 de abril de 2010
Vereador de Alfenas protagoniza polêmica com presidenciável do PV
A semana que passou foi marcada por uma polêmica nacional. No centro desta polêmica: Sander Simaglio e Marina da Silva
Alessandro Emergente
A semana que passou foi marcada por uma polêmica nacional. No centro desta polêmica, repercutida pela “grande imprensa”, está um vereador de Alfenas: Sander Simaglio (PV). Do Outro: a senadora Marina da Silva, pré-candidata à presidência da República pelo PV. O alvo da discussão: a homofobia.
A polêmica foi originada no última dia 9 (numa sexta-feira) durante a posse do novo presidente estadual do PV, Ronaldo Vasconcelos, em Belo Horizonte. Durante a cerimônia, Sander entregou a Marina uma bandeira com as cores do arco iris, símbolo da comunidade LGBT.
De acordo com Sander, a intenção era que Mariana erguese a bandeira sinalizando que estava apta a dialogar com a comunidade LGBT. Marina não a levantou entregando a um assessor.
A Polêmica
Durante esta semana, um e-mail enviado por Sander a Marina teve seu conteúdo publicado pelo site A Capa, publicação destinada ao público homossexual. O assunto repercutiu nos grandes veículos de comunicação do País: Folha de S. Paulo, Veja online, Estadão (versão online).
No e-mail, Sander relembra, na sua versão, o encontro em BH onde entregou a bandeira a senadora: “Em seu ouvido eu disse: Trouxe um presente pra senhora: uma bandeira gay (...) faça como fez o presidente Fernando Henrique e o presidente Lula: Abra e a levante com orgulho pra todo mundo ver que a senhora é uma candidata que quer dialogar conosco”.
Sander prossegue dizendo que percebeu o “semblante de espanto” em Marina que teria dado “um jeitinho de me abraçar com uma mão e com a outra, por baixo, esconder, mais que depressa, o símbolo da luta do movimento homossexual brasileiro”.
Foto: André Novais/Divulgação
Marina da Silva e Sander Simaglio, em BH, no momento da entrega da bandeira
O e-mail foi encaminhado não só para Marina e seus assessores, mas também para outras lideranças do PV e “alguns amigos gays” como diz o próprio documento. Sander nega o envio à imprensa.
Após a polêmica na imprensa, Marina manifestou-se sobre o assunto em seu site (confira a nota da senadora). Na nota, ela diz não se lembrar de qualquer menção feita pelo vereador sobre levantar a bandeira, mas afirma reconhecer a legitimidade do movimento LGBT e suas reivindicações.
Marina, que é evangélica, finaliza dizendo: “Ainda que minha conduta moral e ética integrem valores da fé cristã, que professo, não discrimino quem quer que seja e defendo plena cidadania para todos”.
Um dia depois, na quinta-feira (dia 15), Marina foi questionada sobre o assunto em uma entrevista coletiva em Sorocaba. Ouça entrevista clicando neste link e clicando na 15ª pergunta.
Marina reafirmou ter havido um mal entendido em BH ao não entender o pedido de Sander, mas disse que não levantaria a bandeira que simboliza o segmento LGBT assim como não faz com outras bandeiras de movimentos dos quais é aliada e citou o MST como exemplo. “E alguém tem dúvida que em vários aspectos eu sou aliada (do MST)?”, questionou.
“Existem pessoas que fazem de um jeito e eu faço de outro (...) Ser aliada nãos significa ser aliada em tudo. Eu não vou levantar bandeira como não faço em relação as demais. Eu sou aliada, mas não sou o movimento em si e sempre faço questão de diferenciar”, disse.
Agora em Diante
Na sexta-feira, Sander estava em BH e falou com a reportagem do Alfenas Hoje por telefone. Disse que a polêmica foi positiva para a comunidade LGBT por ter colocado o tema na pauta de uma pré-candidata à presidência da República.
Sander afirma que a polêmica em torno do episódio é “um recado” aos demais presidenciáveis e partidos políticos para que discuta este tema em seus programas. No próprio PV, avalia, há a necessidade de criar um setor especifico para debater a questão.
O vereador reconhece o tabu em torno do tema e lembra que em 2004 - eleição que antecedeu a sua vitória para ocupar uma vaga no Legislativo de Alfenas - apenas dois candidatos a vereador assumiram explicitamente posicionamentos favoráveis as reivindicações LGBT. Em 2008, o tema apareceu – lembra – no programa de governo do prefeito reeleito Pompilio Canavez (PT).
No PV
Pré-candidato a deputado estadual pelo PV, Sander volta a polemizar ao dizer que não votará em Marina. Justifica dizendo que, enquanto cidadão homossexual, vota em quem tem compromisso com a luta do segmento.
Questionado sobre o temor de uma possível punição disciplinar no partido, Sander diz não acreditar na hipótese, uma vez que o Partido Verde é um dos poucos que posiciona-se sobre o tema. Lembra que várias lideranças do PV acolhem as reivindicações do público LGBT.
Até na noite de sexta-feira, Sander afirmou que nenhuma liderança do PV havia ligado fazendo qualquer censura ou repreendendo o que demonstraria a postura avançada do partido em relação ao tema. Marina, principal liderança nacional do PV, teria a imagem arranhada com o episódio.
Sobre a acusação de oportunismo, Sander diz que isto só parte de pessoas ligadas a grupos adversários que se vêem incomodadas com a projeção alcançada por ele na imprensa às vésperas do período eleitoral.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do PV-MG em BH. A informação é que o presidente da legenda estava viajando e que uma nota sobre o assunto seria enviada, mas o e-mail remetido a redação, já no início da noite de sexta, refere-se apenas a manifestação de Marina.
>>Leia também o Blog do Emergente sobre este assunto
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