Postado em domingo, 16 de abril de 2023
às 14:20
A gastronomia do chef Timoteo Domingos valoriza o uso de cactos
Conhecido como o "Rei do Cacto", o alagoano aproveita as cactáceas e outros ingredientes nativos da Caatinga para disseminar a importância do bioma brasileiro
Conviver com a seca fez parte da infância de Timoteo Domingos, nascido em Maravilha, no interior de Alagoas. Ainda pequeno, começou a fazer cocadas para vender na escola, até que, em um momento de escassez de coco, encontrou na Caatinga um ingrediente para suprir sua demanda: o cacto, comumente usado na região como alimento para o gado 🌵.
“Sempre observei o que os animais comiam e fui provando para descobrir o sabor. Quando tive acesso à energia elétrica, comecei a assistir programas de culinária e a me interessar, de fato, em trabalhar na área, valorizando os cactos”, conta.
Além disso, ao se mudar com a família para Canindé de São Francisco, em Sergipe, passou a frequentar as bibliotecas locais e notou existirem pouquíssimas informações sobre o uso das cactáceas para consumo humano — e decidiu "arregaçar as mangas".
Aos 20 anos, Timoteo já tinha elaborado diversas receitas com cactos e lançou seu primeiro livro, chamado Reinventando o Sertão. Na mesma época, rodou várias comunidades rurais do Nordeste para fazer oficinas e levar conhecimento sobre o uso do ingrediente, tanto para ajudar na subsistência da população, quanto para que os agricultores pudessem ter mais uma fonte de renda.
O alagoano também criou o Instituto Gastrotinga, dedicado à pesquisa e à promoção do bioma – o único exclusivamente brasileiro – através da gastronomia. É que, além das cactáceas, ele procura valorizar o uso de plantas nativas, como aroeira, catingueira, licuri, seriguela e umbu.
“A Caatinga tem uma riqueza imensurável, mas, infelizmente, não há tantas ações para a sua preservação. Ela pode trazer um valor econômico muito grande para a região”, comenta.
Assim, Timoteo faz um trabalho que une culinária, projeto social e pesquisa científica. Por exemplo, as espécies que usa passam por um processo de análise toxicológica e de valor nutricional, feito com o apoio de Valéria Paschoal, diretora da faculdade VP de nutrição.
“Um dos meus objetivos é aplicar um projeto-piloto nas escolas de Sergipe para as merendas conterem cacto palma. A ideia é mostrar sua versatilidade na cozinha e potência como alimento”, ele diz.
FONTE:REVISTACASAEJARDIM
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