Postado em domingo, 5 de junho de 2022
às 20:08
Pesquisa na Unifal busca novas terapias para o tratamento de leishmaniose
Estudo é desenvolvido por doutoranda da Unifal e ganha destaque na Capes.
Da Redação
A Pentamidina, um dos fármacos utilizados no tratamento das leishmanioses, apresenta problemas na ação, como alta toxicidade e, por consequência, na diversidade de efeitos colaterais. Na busca por novos alvos terapêuticos para o tratamento da leishmaniose, a pesquisadora Patrícia Ferreira Espuri Sepini, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF) pela Unifal (Universidade Federal de Alfenas), desenvolve sua tese de doutorado sobre o tema. Patrícia Sepini é bolsista destaque da Capes, de acordo com notícia publicada pelo site do programa, no dia 18/05.
Conforme explicado pela pesquisadora, leishmaniose é um grupo de doenças caracterizadas pela diversidade de manifestações clínicas desde mais simples, como a leishmaniose tegumentar cutânea, até mais graves, como leishmaniose visceral, que acomete as vísceras e pode levar à fatalidade. A transmissão da doença envolve interações entre o parasito, vetores, hospedeiros vertebrados e diferentes habitats.
A bióloga citou a quimioterapia como forma mais comum no tratamento da leishmaniose, visto que não existe vacina para os humanos. Segundo ela, a Pentamidina é um fármaco de segunda escolha no Brasil e apresenta problemas no tratamento dos pacientes. Em alguns casos, o medicamento pode gerar resistência parasitária e recidiva no infectado, além de causar efeitos indesejáveis, como negrotoxicidade, efeitos hepáticos, náuseas, vômitos, entre outros.
A tese está em andamento e é desenvolvida sob a orientação dos professores Marcos José Marques e Eduardo de Figueiredo Peloso, do Instituto de Ciências Biomédicas. A equipe realiza modificações moleculares na estrutura da Pentamidina, visando melhorar a atividade medicamentosa e reduzir a toxicidade da Pentamidina. Os responsáveis pela síntese dos compostos são os docentes Cláudio Viegas Junior e Vanessa Silva Gontijo, do Instituto de Química.
“Até o momento, foram observados resultados promissores de três compostos derivados da Pentamidina que estão sendo avaliados quanto a sua atividade leishmanicida, além de apresentarem baixa toxicidade, comparados com os fármacos de referência, Pentamidina e Anfotericina B, nos contextos in silico e in vitro“, explicou Patrícia Sepini. “Os estudos destes compostos estão sendo aprofundados para buscar possíveis mecanismos de ação, investigando seus efeitos no parasito”, completou.
De acordo com a pesquisadora, com a descoberta dos compostos promissores derivados da Pentamidina, a pesquisa contribui para investigações mais aprofundadas sobre seus efeitos na Leishmania, abre caminhos para avanços dos estudos com esses compostos, como ensaios in vivo, e possibilita terapias com redução de efeitos colaterais no tratamento da doença.
Na oportunidade, a bióloga relatou que a Unifal é fornecedora de toda a estrutura para a realização do estudo. “Na parte física, ampara a infraestrutura laboratorial, além do suporte de reagentes e bolsas, e na parte humana, provém dos melhores técnicos e docentes que sustentam a pesquisa”, comentou.
Para Patrícia Sepini, acompanhar frutos de anos de dedicação e participar de projetos que contribuem com a pesquisa e com a Ciência é gratificante. “Paralelamente aos projetos de iniciação científica, mestrado e doutorado, fiz parte de outros projetos que também avaliavam outros grupos de compostos quanto sua atividade leishmanicida, como compostos derivados de triazóis, derivados de miltefosina, derivados de Licarina A, benzofenonas, entre outros. A partir desses trabalhos, o grupo de pesquisa tem artigos já publicados e outros em processo de desenvolvimento para publicação”, relatou.
O conselho da pesquisadora a quem deseja ingressar na área da pesquisa ou em qualquer outra área é “não desistir”. “Toda pesquisa existe contratempos, erros, imprevistos, mas conseguir resultados promissores é grandioso, além de poder entender melhor cada processo de perto, com a ‘mão na massa’ faz toda diferença. O aprendizado e crescimento pessoal e profissional é importantíssimo. Assim, temos que insistir para que possamos contribuir com a Ciência de forma satisfatória”, finalizou.
COMENTÁRIOS