Postado em quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Pesquisa revela que 70% das mulheres negras estão insatisfeitas com o mercado de beleza

Levantamento inédito feito pela Avon em parceria com a consultoria Grimpa aponta que 46% das negras e pardas disseram que o principal motivo de desistirem da compra de uma base, pó ou corretivo é não encontrar o tom compatível com a sua pele


Você encontra facilmente produtos de beleza para seu tom de pele? Se você é negra, provavelmente a resposta foi "não". O questionamento virou tema central de um levantamento inédito feito de norte a sul do Brasil pela Avon em parceria com a consultoria Grimpa para traçar o cenário atual do mercado de beleza. A pesquisa realizada entre setembro e outubro de 2020, entrevistou 1.000 mulheres pardas e pretas entre 18 e 60 anos, de todas as classes sociais, para entender como é a relação delas com a maquiagem, especificamente base, pó e corretivo – que estão intimamente ligados ao tom de pele. 
 
Na busca por um novo item de maquiagem, por exemplo, os problemas das mulheres pardas e pretas começam logo com um dos atributos mais básicos: a cor. 46% delas disseram que o principal motivo de desistirem da compra de uma base, pó ou corretivo é não encontrar o tom compatível com a sua pele. O levantamento ainda mostrou que 70% das mulheres negras entrevistadas, não estão satisfeitas com as opções de produtos específicos para o seu tipo de pele.
 
Os números reforçam a atual falta de representatividade da mulher negra pela indústria de beleza. Mesmo que, atualmente, o Brasil é o país que tem mais pessoas negras fora da África no mundo. Dos 209 milhões de brasileiros, atualmente, 56% são negros, grupo racial composto por pessoas que se classificam como pardas e pretas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, segundo o Think Etnus é estimado é que, até 2023, 70% dos brasileiros se autodeclarem negros, como resultado do crescimento da autoafirmação e empoderamento. 
 
A falta de opções faz com que as consumidoras negras limitem sua experiência de compra de novos produtos, pois, enquanto as mulheres brancas podem encontrar facilmente sua cor em diversas marcas e experimentar bases com diferentes efeitos e ativos, negras ainda estão preocupadas em encontrar produtos que ofereçam a compatibilidade de tom. Hoje, elas ainda encontram só o básico, mas querem opções melhores. Das entrevistadas, 61% dizem estar em busca de acabamento e fórmulas multifuncionais quando pesquisam uma base.
 
A carência de produtos compatíveis no mercado nacional acaba pesando no bolso das mulheres negras e pardas, 56% procura opções importadas ocasionalmente ou sempre: 47% fazem isso porque consideram os produtos estrangeiros mais interessantes, 35% acreditam que eles têm mais qualidade e 17% encontram tons compatíveis apenas nas paletas de cores vindas do exterior. Além disso, 57% dizem que compram ou já tiveram que comprar mais de um tom de base para misturá-la a outras porque simplesmente não encontram um produto adequado à sua cor – tendo assim que gastar mais, personalizando a maquiagem.
 
As diferenças de comportamento de uso da maquiagem também aparecem quando olhamos para diferentes regiões brasileiras, idades e classes sociais. A maioria usa base em momentos especiais (55%), seguida pelas mulheres que usam todos os dias (45%). No Sul (61%) e Norte/Centro-Oeste (58%) está a maior proporção de mulheres que usam bases apenas em momentos especiais, enquanto no Sudeste o uso diário é mais comum, ocorrendo para 51% delas. Já quando analisamos as diferenças em relação a idade, vemos que para 53% das mulheres mais maduras, entre 50 e 60 anos, apenas algumas marcas de maquiagem que as valorizam, já entre as mais jovens, de 18 a 29 anos, essa é a percepção de 47% das entrevistadas.
 
Apesar do cenário geral adverso da indústria de beleza, as mulheres negras consideram que a representatividade vem melhorando. 80% das entrevistadas disseram reconhecer ações que olham para suas necessidades e que as faça sentir valorizadas. De acordo com o levantamento, isso evidencia que o principal desafio imposto para as marcas hoje é tornar a representatividade exibida em sua comunicação e publicidade uma realidade em seus portfólios de produtos.

Pensando nisso e como resposta aos aprendizados da pesquisa, a Avon mudou sua paleta de cores de bases, pós e corretivos, lançando em novembro deste ano novos itens de maquiagem elaborados com as cores personalizadas para as peles pardas e pretas brasileiras: 7 tons da base líquida Power Stay e da Base Compacta, 10 novos tons de corretivo Power Stay, 2 tons de pós compactos, 1 tom de blush e 1 iluminador Face Drops.
 
A criação da paleta de tons foi resultado do trabalho colaborativo entre a maquiadora Daniele Da Mata, uma das maiores experts em pele negra no Brasil, e a cientista norte-americana Candice Deleo-Novack, chefe de desenvolvimento de produtos para olhos, rosto e design técnico de produtos da Avon. "Como uma empresa global, nos dá muito orgulho ver o Brasil liderando esse movimento de mudança dentro da companhia. Aprendemos uma nova forma de criar proporções de pigmentos com as mulheres brasileiras e isso se compara ao processo de, por exemplo, lançar uma coleção de alta costura, com roupas personalizadas para essas mulheres e suas características únicas e especiais. E foi esse trabalho sob medida que resultou em novas cores e em uma forma muito mais humana de desenvolvimento em laboratório”, diz a cientista Candice.

No total, serão 53 produtos com as novas cores. Além disso, toda a paleta de bases, pós e corretivos ganha novos nomes, sinalizando tom e subtom em uma combinação de letra e número: o número faz referência ao tom (1 para o tom claro, 2 para o médio-claro, 3 para o médio, 4 para o médio-escuro e 5 para o escuro) e a letra faz referência ao subtom: "F" (frio), “N” (neutro) e “Q” (quente). Além dos lançamentos que ocorrem este mês, ao longo de 2021 a Avon lançará mais 25 produtos com as novas cores para a consumidora parda e negra.

A empresa também apresentou recentemente seu compromisso antirracista no Brasil, um plano de ação que prevê o aumento da representatividade de pessoas negras, dentro e fora da companhia. Entre as diversas ações do compromisso antirracista, a Avon definiu como meta contratar 50% de pessoas negras. Para as áreas da empresa com a menor representatividade negra, foi instituída a obrigatoriedade de, no mínimo, uma pessoa negra como finalista em processos seletivos para líderes dessas áreas. Além disso, foi estabelecida a meta de ter 30% de mulheres negras nos cargos de liderança até 2030.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



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