Postado em quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
às 10:20
Mitos e verdades sobre os pit bulls, a raça de cachorro com pior fama
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Ao falar sobre raças de cães agressivas, violentas e que exigem cuidado, logo lembramos do pit bull. No entanto, é preciso saber que eles podem ser tão pacíficos e afetuosos quanto qualquer outro cachorro. Conheça em detalhes as características do animal, além de mitos e verdades sobre os pit bulls:
"Pit bull" é uma palavra usada para se referir a cães com pelo curto e aparência musculosa. Portanto, quando falamos de pit bull, não definimos uma raça específica, mas sim um animal que atenda a essas características físicas.
Geralmente, as raças que se enquadram no espectro "pit bull" são: American Pit Bull Terrier, American Staffordshire Terrier, Staffordshire Bull Terrier e American Bully. São cães com uma aparência forte e cabeças grandes e ligeiramente quadradas.
Agora que sabemos que a palavra "pit bull" é um termo generalizado e baseado apenas em alguns atributos físicos, vamos ver quais são alguns dos maiores preconceitos enfrentados pelos cães que os apresentam.
Mito 1: Os pit bulls não podem ser treinados ou controlados
Os pit bulls podem e devem ser treinados desde filhotes para obedecer e levar uma vida familiar.
Por exemplo, um chihuahua também pode se tornar rebelde e agressivo com estranhos se não for educado adequadamente. A diferença é que, como os pit bulls são maiores e mais musculosos, eles são percebidos como animais potencialmente mais perigosos.
Mito 2: Uma vez que eles fecham a mandíbula quando mordem, eles não podem abri-la novamente
Segundo o professor Dr. I. Lehr Brisbin da Universidade da Georgia, EUA, afirma que, após análises da morfologia do crânio de pit bull, constatou-se que a mandíbula do pit bull (embora grande) não possui nenhum tipo de mecanismo que a bloqueie e impeça sua reabertura.
Mito 3: Pit bulls são imprevisíveis e podem atacar seu dono a qualquer momento
Ser imprevisível é uma característica que pode estar associada a praticamente qualquer animal, principalmente porque nem sempre entendemos o comportamento deles e a maneira como eles se comunicam. Mas, na realidade, a agressão não ocorre sem aviso, porque toda vez que um cão morde, ele mostra sinais de alerta que indicam o que vai acontecer. E isso acontece em todas as raças.
Mito 4: Pit bulls são muito agressivos
A agressão que eles podem mostrar em relação a outros cães, humanos ou animais pequenos é a mesma de outras raças. Tudo depende de como eles são criados. Os pit bulls são fortes, ágeis e cheios de energia. Cães assim precisam de donos que os ensinem a liberar esse potencial de maneira saudável e recreativa.
Segundo as estatísticas da American Temperament Test Society, 84,7% dos pit bull terriers americanos passaram em um teste de bom comportamento. Você sabe quais raças tiveram resultados mais baixos? O beagle (79,7%), o shar-pei chinês (71,0%) e todas as variantes do dachshund.
Mito 5: Pit bulls servem apenas para rinhas (brigas ilegais de cães)
Os pit bulls são muito bons em trabalhos diferentes, como terapia, caça e resgate. Hoje, existem milhares de cães desta raça servindo a humanidade e fazendo muitas pessoas felizes. Na verdade, eles são excelentes cães para o lar, segundo o Villalobos Rescue Center.
Mito 6: Pit bulls são geneticamente criados para matar
Um dos argumentos mais populares contra esses cães é que eles foram criados para lutar e que sua natureza nunca é ignorada. Sim, é verdade que a raça foi desenvolvida para obter cães fortes e ágeis, mas isso não faz com que todos os pit bulls tenham instintos assassinos.
Mito 7: Os pit bulls não sentem dor
Essa é a desculpa que os proprietários que os usam para lutar costumam dar, mas não se trata de uma realidade. Uma das características essenciais de um ser vivo é possuir um sistema nervoso, o que lhe permite perceber todos os tipos de sensações, inclusive a dor. Portanto, é ridículo acreditar que um tipo de cachorro é imune ao sofrimento físico.
Mito 8: O cérebro do pit bull fica inflamado e não se encaixa no crânio, o que gera sua má conduta
Esse mito surgiu com os Dobermans nos anos 60, mas é um boato sem evidência científica. Se o cérebro de qualquer animal estivesse inflamado a ponto de pressionar seu crânio, ele morreria. Como aponta a American Pit Bull Foundation, a única razão pela qual o cérebro de um pit bull (ou qualquer outro cachorro) incharia seria o resultado de um trauma.
De onde vem o preconceito contra os pit bulls?
Como acontece com a grande maioria das raças que conhecemos hoje, nossos amigos fiéis de quatro patas são o resultado de décadas ou mesmo séculos de criação seletiva. Por exemplo, se um caçador queria um cachorro rápido e também com um excelente olfato, ele escolhia duas raças que atendiam a esses requisitos para cruzá-las, na esperança de que seus filhotes tivessem as duas características.
É verdade que a história dos pit bulls começou em um local de agressão e violência. Por volta de 1500, existiam "esportes" em que as pessoas incentivavam os cães a combater ursos e touros. Para isso, precisavam de animais que, além de fortes, fossem ágeis. O bulldog e o terrier foram as raças escolhidas para alcançar essas qualidades, e foi assim que o arquétipo que hoje conhecemos como pit bull começou a se formar.
Quando essas sangrentas competições se tornaram ilegais no século XIX, os proprietários fizeram seus cães brigarem entre si. Até hoje, brigas ilegais de cães ainda são uma realidade e é por isso que muitas pessoas acreditam que os pit bulls sempre serão cães perigosos: porque foram criados para esse fim. A boa notícia para esses animais de estimação (e para aqueles que os amam) é que a ciência está do seu lado, uma vez que vários estudos mostraram que não apenas a raça define o cão. A educação também é de extrema importância.
Criação vs. Natureza
A Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra Animais (ASPCA) publicou uma declaração que explica como, embora os pit bulls tenham sido criados para lutar, isso não os tornará agressivos 100% do tempo. Isso ocorre porque a educação também desempenha um papel fundamental na formação da personalidade de cada animal. Nesse sentido, a socialização dos filhotes é essencial para qualquer cão ser um excelente animal de estimação.
“Embora a genética de um cão possa predispô-lo a se comportar de certas maneiras, a genética não existe no vácuo. O comportamento se desenvolve através de uma interação complexa entre o ambiente e a genética. [...] Muitos fatores diversos e algumas vezes sutis influenciam o desenvolvimento do comportamento, incluindo, entre outros, nutrição precoce, níveis de estresse experimentados pela mãe durante a gravidez e até a temperatura dentro da barriga. E quando falamos em influenciar o comportamento de um cão, fatores como condições da casa e histórico de interações sociais desempenham um papel essencial no desenvolvimento do comportamento".
Portanto, é impossível garantir que a raça seja o único ou maior gatilho por trás da agressividade de um cão. A ASPCA também fez uma observação precisa e ilustrativa de como esses preconceitos criam um círculo vicioso. Imagine dois cães: um que mora dentro de casa, na companhia de seu dono e sua família. O outro fica o tempo todo do lado de fora, sozinho e acorrentado a um poste. O segundo é mais provável que se torne violento porque ele nunca teve a oportunidade de aprender a viver com outros seres vivos. E essa é, infelizmente, a realidade de muitos pit bulls.
Fonte: Vix
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