Postado em domingo, 15 de março de 2009
às 18:06
Um caldeirão de ódio despejado pelas redes sociais
Terrorista exibe massacre ao vivo e publica manifesto com ideias supremacistas.
O pesadelo transmitido ao vivo durante 17 minutos pelas redes sociais por um dos terroristas que atacaram duas mesquitas em Christchurch fez a Nova Zelândia despertar repentinamente para a ameaça supremacista cultivada no submundo de um dos países mais pacatos em termos de violência doméstica.
Num documento de 74 páginas postado em links no Twitter e no 8chan antes do ataque, que matou pelo menos 49, ele explicita sua ideologia de extrema-direita, nacionalista e anti-imigração. Lista termos como genocídio branco, invasores, “nossas terras”, “sangue europeu”, “um futuro para crianças brancas” e destila uma atmosfera de medo contra muçulmanos.
As inspirações são clássicas e a ação indica planejamento. Extremistas como Dylann Roof, que em 2015 assassinou nove frequentadores de igrejas negras em Charleston, na Carolina do Sul, ou o norueguês Anders Behring Breivik, autor de um massacre que em 2011 vitimou 69 pessoas, jovens em sua maioria. Brevik teria, inclusive, abençoado o ataque a mesquitas de Christchurch.
Todo este caldeirão de ódio foi despejado e espalhado rapidamente por Facebook, Twitter, Instagram e YouTube. As empresas tentaram remover estas contas e seu conteúdo, mas era tarde. As mensagens foram arquivadas; as imagens replicadas, assim como o teor do manifesto.
O terrorista, que se identifica como Brenton Tarrant, anunciou o atentado como uma festa e fez também o seu epílogo. “Se eu não sobreviver ao ataque, vou ver todos vocês em Valhalla!” (lugar na mitologia nórdica para onde vão as almas dos guerreiros mortos em batalhas).
Com uma das taxas mais baixas de mortes por violência no mundo, a Nova Zelândia vem lidando desde o 11 de Setembro com ameaças de grupos extremistas islâmicos, segundo o analista de segurança Paul Buchanan. O atentado às mesquitas de Christchurch sinaliza que o foco das agências de inteligência terá que mudar de direção, para as células supremacistas cultivadas lentamente no país.
Fonte: G1
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