Postado em quinta-feira, 21 de junho de 2018
às 13:01
´Jurassic World: Reino ameaçado´ é ecologicamente correto
Heróis lutam pela sobrevivência dos dinossauros em vez de só fugir deles. Apesar da mensagem bonita, filme é confuso e se apoia em carisma de Chris Pratt e sequências divertidas de ação...
Um dinossauro gigantesco sobe no telhado de uma casa e vê a janela fechada. Com a pontinha da unha, ele delicadamente pressiona a maçaneta para abri-la. Antes, outro dinossauro derrama uma lágrima sofrida ao passar por uma delicada transfusão de sangue.
Nas duas cenas de "Jurassic World: Reino ameaçado", o quinto filme da franquia "Jurassic Park", não dá para pensar nada além de: "Eu não acredito que eu estou vendo isso acontecer". Mas não há limite neste segundo filme após a bem-sucedida volta em 2015, de novo com Chris Pratt à frente.
Esse sentimento de "ah, não! não é possível!" pode até ser divertido (a cena da coleta de sangue para a transfusão é demais). Claro que ninguém vê um filme desses esperando realismo. As falhas são a tentativa exagerada de "humanizar" os dinossauros e a falta de lógica interna no roteiro.
O longa estreia oficialmente no Brasil nesta quinta-feira (21), após longo período de pré-estreia. A direção é do catalão J.A. Bayona (de "O orfanato" e "O impossível"), em sua primeiro comando da franquia.
Chris Pratt em cena do filme ´Jurassic World: Reino ameaçado´ (Foto: Divulgação)
Movimento dos sem parque
"Reino ameaçado" é de longe o filme mais ecologicamente correto da série. Os dinossauros estão ameaçados de extinção com a erupção de um vulcão na ilha que hospedava o parque, agora abandonado. É melhor deixá-los morrer ou protegê-los, como se faria com outros animais?
Claro que a luta do carismático casal Owen (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard) é para salvar os bichos. Todos embarcam em uma espécie de Arca de Noé com eles para fora do parque.
Entram no time a cientista Zia (Daniella Pineda), o programador Franklin (Justice Smith, o bom Ezequiel "The Get Down") e a pequena Maisie (Isabella Sermon). A criancinha de inteligência incomum vai disputar em alto nível com os dinossauros no ranking de cenas mais implausíveis.
Chris Pratt em ´Jurassic World: Reino ameaçado´ (Foto: Divulgação)
Os dinossauros enlouqueceram
Os dinos fora do parque são ao mesmo tempo amigos e devoradores de seres humanos. Às vezes ajudam, às vezes atacam, em outras ignoram as pessoas, nem sempre com um motivo claro.
Outros dilemas de biotecnologia são acrescentados ao risco de extinção dos dinossauros. O malvado Eli (Rafe Spall, sutil como um vilão de desenho) joga na cara dos mocinhos o vacilo de mexer com a natureza - como se fosse uma grande revelação, e não a questão desde o 1º filme.
Não dá para negar que é filme mais ousado da franquia. Nem que há cenas de ação tão boas quanto dos melhores da série (o primeiro e o quarto, em ordem). Talvez até supere o sucesso do filme de 2015, que foi a 5ª maior bilheteria mundial da história.
Razões e emoções
Seria o carisma de Chris Pratt ampliado pela superprodução? A memória afetiva dos mais velhos pelo filme de 1993 somada ao fascínio dos mais novinhos pela ação sem muita explicação? É difícil explicar o motivo de um sucesso tão estrondoso.
Quase tão difícil de explicar quanto a capacidade de um dinossauro abrir a maçaneta com a ponta da unha e entar de fininho em um quarto. Mas não é para entender, só sentir.
Fonte:G1.globo