Postado em quinta-feira, 17 de agosto de 2017 às 10:06

Jovem de 15 anos escreve livro sobre política: ´estamos fazendo nosso futuro agora´

Livro será lançado nesta sexta-feira (18) em Guaxupé (MG).


“Nós vamos viver no futuro as consequências do que está acontecendo com nosso país no presente”. Este foi o pensamento que motivou a jovem Gabrielli Souza, de apenas 15 anos, a escolher a política nacional como tema de seu segundo livro. “As coisas que caem do céu” será lançado no próximo dia 18, no Teatro Municipal de Guaxupé (MG).

No primeiro livro de sua vida, a escritora de Guaxupé fez uma coletânea de poesias escrita durante dois anos. No segundo, ela usou a poesia para mudar de rumo. A ideia de falar sobre política surgiu depois de uma conversa com um amigo, que, segundo ela, estava decepcionado com a sociedade atual.

Para Gabrielli, a palavra que define a política neste momento é instável e também é isso o que a deixa preocupada. “Além de querer ser ouvida pela cidade, eu preciso mostrar para as pessoas o que está acontecendo no Brasil, por meio da minha insatisfação diante dos fatos que vêm ocorrendo”.

Inspirada pela escrita de Jorge Amado, “As coisas que caem do céu” fala sobre as mudanças sociais, econômicas e políticas que vêm acontecendo no Brasil, e ainda sobre tipos de governo e como cada um influenciaria na mudança social e na formação do indivíduo.

Gabrielli acredita que as mudanças devem começar em pequenos gestos individuais, como não furar fila, por exemplo.

“Meus pais me ensinaram desde pequena que o que é certo, é certo, e quando eu não estiver contente, devo procurar a mudança por mim mesma com pequenas coisas. Se a gente não controlar quem está controlando o país, não tem como cobrar e impor uma mudança.”

Juventude como futuro

Foi justamente esse sentimento de mudança necessária que a influenciou a escrever o livro com apenas 15 anos. Os casos de corrupção, lavagem de dinheiro e impeachment, por exemplo, também foram alguns dos fatores influenciadores na escolha do tema da jovem, que pretender ser uma cientista social futuramente.

“Acredito que isso seja consequência do que a gente viveu durante muitos anos. Não só os políticos de hoje que estão envolvidos em casos de corrupção, tudo vem desde a colonização do Brasil e contribuiu para chegarmos onde estamos. Viramos o país da graça!”

Apesar de ser politicamente ativa, Gabrielli procura manter certo grau de distanciamento de partidos e movimentos políticos, segundo ela, para que seja possível conhecer todos antes de afirmar algo. “Mesmo procurando um afastamento, eu participo das ações juvenis. Não participei da ocupação nas escolas, por exemplo, mas apoiei, porque o jovem é quem tem que fazer a diferença, estamos fazendo nosso futuro agora”.

A adolescente ainda não pode votar, mas acredita que não existe idade para se movimentar politicamente e, quem sabe, ir até Brasília (DF) para manifestar.
“Os jovens são excluídos e muitas vezes saem injustiçados. As manifestações dos últimos anos mostram que os jovens estão indignados com o que está acontecendo e que querem ajudar a mudar, mesmo não sendo levados a sério. Alguns têm muito mais conhecimento político do que muito deputado.”

"As coisas que caem do céu"

O nome do livro é uma alusão à música “As Coisas que não caem do céu”, do Leoni. “O título, que também dialoga com o último poema, diz que o ódio e nossos problemas sempre virão como algo natural, como uma chuva de pedras. Então, está em nossas mãos a opção de mudar isso”, explica Gabrielli.

Com 160 páginas, o livro é feito com 150 poesias, que segundo ela, foram surgindo naturalmente após Gabrielli criar uma rotina de escrita. “Acredito que a poesia é o melhor meio de se expressar sem ter que seguir tanto as regras.”

A obra é composta por quatro capítulos. O primeiro deles, “Dores do Fogo”, trata dos problemas sociais, políticos e econômicos e como cada indivíduo sofre com estes fatos. O segundo, nomeado “Reação Iminente”, fala sobre como cada pessoa reage aos problemas listados no primeiro capítulo.

Já no capítulo “Cultura e Entretenimento”, a jovem faz uma crítica aos meios de comunicação e às diferentes abordagens sobre os temas levantados anteriormente. O último capítulo é o “Por um futuro”, onde ela apresenta algumas sugestões do que fazer para mudar o presente.

“Estamos vivendo uma fase bem desorganizada, mas a população está se politizando mais. Então, acredito que vamos conseguir melhorar e consertar os erros do presente para termos um futuro melhor. Se eu conseguir mudar o pensamento de uma pessoa, já vou ficar feliz”, finaliza.

Serviço

“As coisas que caem do céu” será lançado no próximo dia 18, às 20h, no Teatro de Guaxupé. A entrada é gratuita.

 

Fonte: G1 Sul de Minas



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