Postado em segunda-feira, 24 de outubro de 2016
às 11:16
Universitários ocupam reitoria da Unifal em protesto contra PEC 241
O prédio da reitoria da Unifal foi ocupado pelos estudantes que protestam contra a PEC 241.
Alessandro Emergente
A reitoria da Unifal (Universidade Federal de Alfenas) foi ocupada pelos estudantes na tarde desta segunda-feira. É mais uma ação de ocupação em um protesto nacional contra a proposta de emenda constitucional (PEC 241) que congela, por 20 anos, as despesas do setor público, impossibilitando investimentos em educação.
Pela manhã, estudantes da Escola Estadual Dr. Napoleão Salles haviam ocupado o prédio da escola, sendo a primeira instituição da cidade a ser ocupada. No Sul de Minas, pelo menos nove escolas foram ocupadas, mas a tendência é que esse número aumente, uma vez que alunos de outras unidades já anunciaram a intenção de adotar a mesma medida.
Na Unifal, o prédio onde fica a reitoria foi ocupado por cerca de 200 estudantes de graduação e de pós-graduação da instituição. De acordo com informações veiculadas pela página Mídia Ninja, nas redes sociais, os estudantes também querem o “congelamento” do calendário acadêmico, uma vez que uma greve estudantil foi deflagrada na última sexta-feira.
Tribuna da Câmara
Durante a sessão legislativa desta segunda-feira, o professor Wellington Ferreira Lima, do ICHL/Unifal (Instituto de Ciências Humana e Letras da Unifal), usou a tribuna em protesto a PEC 241. Ele apontou números que demonstram o impacto negativo da medida no orçamento da Universidade e que acarretará em prejuízo direto para Alfenas.
Lima leu um documento da Universidade que aponta os cortes nas despesas para 2017, o que representa uma redução de cerca de R$ 5 milhões no orçamento da instituição. Entre os prejuízos estão demissão de funcionários, redução de auxílio estudantil, além de corte no subsídio para alimentação e nos serviços de saúde prestados à comunidade.
Somente na Clínica Odontológica da Unifal, onde foram atendidas 5.036 pessoas com mais de 40 mil procedimentos em um ano, a previsão é que haja uma redução em mais de 9.500 procedimentos, o que afetará cerca de 1.700 pessoas.
Outra redução prevista é na folha de pagamento com um corte de 4,42%. Isso representará, segundo Lima, a demissão de cerca de 20 profissionais contratados, que começarão 2017 sem emprego.
No documento, há um planejamento de diminuição de 3,01% na assistência estudantil, o que deve representar um corte no benefício para cerca de 30 alunos. Ações como o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) também estão ameaçados. O programa chegou a auxiliar a formação de 215 universitários, que atuaram junto às escolas em ações pedagógicas em conjunto com 40 professores da rede estadual.
Lima leu um documento da Sociedade Brasileira de Economia Política, que aponta o fracasso em diversos países de políticas econômicas austeras como a prevista na PEC 241. O resultado, defendeu, foi barrar o crescimento e sem efeito no equilíbrio fiscal.
Quem também usou a tribuna foi o professor Messias Telecesqui, da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), que classificou o governo do presidente Michel Temer como “golpista”, acusando também a imprensa e o judiciário. O vereador Hemerson Lourenço de Assis (Sonzinho/PT) chegou a propor uma moção de repúdio a PEC 241.
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