Postado em quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
às 11:23
Nível da represa de Furnas fica abaixo de 10% e se aproxima do risco de colapso
Se o nível da represa, hoje em 752 m, cair mais três metros, o sistema pode entrar em colapso.
Alessandro Emergente
O volume útil da represa de Furnas atingiu o nível mais preocupante e já há o risco de colapso. É o que indicam os dados de um levantamento do ONS (Operador Nacional do Sistema) que apontam o nível do Lago de Furnas em 9,35%, segundo medição feita na terça-feira (3) e divulgada hoje (4). Se o nível da represa, hoje em 752 m, cair mais três metros, o sistema pode entrar em colapso, informam agências de notícias. A tendência de queda se manteve mesmo com as chuvas de janeiro.
A situação é tão grave que pode ser verificada com uma comparação simples: no ano passado, no início de fevereiro, o volume do reservatório estava em 34%. Um detalhe: o nível já era, na época, considerada baixo para esse período do ano.
Outra comparação que demonstra a gravidade da situação é que a hidrelétrica opera com capacidade inferior a 2001, ano do chamado “apagão” no País. Em fevereiro daquele ano, o volume útil era de 22,26%. Nem mesmo no meio do ano, quando o nível é mais baixo, o reservatório ficou abaixo dos 10%. O menor percentual em 2001 foi registrado no mês de setembro: 12,98%.
Tendência de queda
A estiagem recorde, com volume pluvial bem abaixo da média, tem provocado a redução do nível das represas no Sudeste. A tendência de queda no Lago de Furnas tem se mantido. O boletim da operação, ao medir a vazão, aponta uma afluência (293 metros cúbicos por segundo) menor que a defluência (440 metros cúbicos por segundo), segundo dados da última segunda-feira (2). Ou seja, sai mais água da represa do que entra, baixando o nível.

O Lago de Furnas está a mais de 15 metros abaixo do volume máximo de operação, que é de 768 metros em relação ao nível do mar. O último dado do ONS, de segunda-feira (2), indicava 752,76 metros acima do nível do mar. Se cair mais três metros, indo abaixo dos 750 m, o sistema pode entrar em colapso. É o que informou, essa semana, um reportagem distribuída pelo Estadão Conteúdo a vários veículos de comunicação do País como Veja, Exame, Estado de Minas, O Tempo e Hoje em Dia.
Bacia do Rio Grande
A Usina de Furnas integra a Bacia do Rio Grande e responde por 17,42% da capacidade dos reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste. É o maior percentual de participação entre os reservatórios da região Sudeste. Segundo a Agência Estado, duas turbinas da Usina de Furnas já estão paradas.
Além de Furnas, outras hidrelétricas são abastecidas pelas águas da Bacia do Rio Grande como a Usina de Marimbondo, hoje com 10,66% de sua capacidade, Mascarenhas de Moraes, que opera com 16,54, e Águas Vermelhas, com 21,25%.
Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que caso as hidrelétricas registrassem níveis inferiores a 10% de sua capacidade máxima, medidas de racionamento ou de racionalização seriam necessárias. Esse percentual, considerado crítico, já é realidade na represa de Furnas. Os dados da operação são do ONS, que é o regulador do serviço no país.

O Lago de Furnas vem registrando queda em seu nível nos últimos anos (Foto: Arquivo/AH)

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