Postado em quinta-feira, 14 de agosto de 2014
às 12:42
Apac de Alfenas reivindica mais recursos para sede própria
Essa foi uma das reivindicações feitas em audiência pública realizada na entidade.
Da Redação
Recursos complementares para a obra de construção da sede própria da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Alfenas. Essa foi uma das reivindicações feitas em audiência pública realizada na entidade, na noite de quarta-feira, pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A reunião faz parte de uma série de encontros nessas instituições para conhecer o trabalho de ressocialização dos recuperandos. O encontro foi presidido pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), e contou com a participação do deputado Pompilio Canavez (PT), membro da Comissão.
A presidente da Apac de Alfenas, Ana Luisa Pereira Wagner, salientou que a verba já foi liberada para a construção da sede da entidade, que já teve início na comunidade rural de São Judas Tadeu – em um terreno próximo ao Presídio.

Apesar disso, os recursos não serão suficientes. Ela contou que faltará dinheiro para o telhado e piso, por exemplo. Ana Luisa vai efetuar um levantamento do que será necessário e vai repassar à comissão para encaminhamentos. Outra demanda apresentada pela presidente é a equiparação salarial para os funcionários da entidade, considerando o salário dos agentes penitenciários.
De acordo com a assessora no Foro da Comarca de Alfenas, Ludmila Brandão, também é preciso que “novos servidores” do Tribunal de Justiça sejam lotados na cidade, sobretudo na vara de execução penal. “Não adianta a Apac funcionar sem que o Tribunal de Justiça possa fazer seu trabalho”, argumentou.
Ressocialização
Durante a audiência pública, vários participantes destacaram o papel da entidade na ressocialização dos recuperandos. O diretor-executivo da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (Fbac), Valdeci Antônio Ferreira, ressaltou que a Apac tem o diferencial de trazer a participação da sociedade para o interior de seu centro de reabilitação. “Isso é completamente diferente dos métodos tradicionais”, enfatizou.

O diretor contou que seu trabalho é no sentido de consolidar e multiplicar as Apacs. “Com o trabalho da entidade, estamos trazendo mudanças no sistema carcerário. O método da Apac tem sido objeto de inúmeros estudos”, afirmou. Ele contou que há 42 Apacs funcionando no País e mais de 60 em implantação no Brasil. Além disso, há o acompanhamento de outras entidades nesses moldes no exterior.
Recuperação
Integrante da diretoria da Apac e da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Carmen Romana Esteves, destacou que o índice de recuperação nessas entidades fica em torno de 90%. Para ela, ainda há muitos desafios a serem vencidos. “É difícil para a sociedade acreditar que quem está na Apac faz parte da comunidade. O sistema prisional está falido. Se não tentarmos humanizar esse processo, vamos continuar produzindo e recebendo a violência de fora”, justificou.
O secretário de Defesa Social de Alfenas, Vander Cherri, também ressaltou o preconceito que os recuperandos ainda enfrentam. Ela falou que a prefeitura está elaborando um projeto para promover a capacitação e garantir trabalho para essas pessoas.
Deputados destacam importância da Apac
O deputado Durval Ângelo, presidente da comissão, salientou que a Apac é a concretização de uma política pública em direitos humanos. Acrescentou que o recuperando na Apac custa um quarto do valor do preso no sistema tradicional. O parlamentar entregou, na ocasião, a cartilha “Apac – A Face Humana da Prisão”, de sua autoria.
Para o deputado Pompilio Canavez, lutar pela humanização no cumprimento das penas é uma iniciativa valorosa. “Vemos nas prisões uma profunda tristeza. Sabemos que elas não recuperam a pessoa. Por isso, a Apac é que pode trazer essa transformação”, disse.
Apac
Trata-se de uma entidade civil de direito privado, dedicada à recuperação e reintegração social dos condenados a penas privativas de liberdade. O objetivo da entidade é promover a humanização das prisões, sem perder de vista a finalidade punitiva da pena.
A Apac de Alfenas atende 46 recuperandos, mas tem capacidade para 50 pessoas. A sede própria poderá receber até 120 recuperandos e deverá ficar pronta em dois anos. No local onde funciona atualmente a entidade, há oficinas de pintura, artesanato, confecção de cigarros de palha e de ladrilhos e blocos. Além disso, há a limpeza de cabeças de alho e criação de animais como porcos e galinhas.
Os recuperandos também têm acesso ao ensino fundamental e dois deles cursam o ensino superior a distância em administração e em turismo.
Com informações: ALMG/Ascom

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