Troca de acusações e clima tenso marcam a sessão de segunda

Alessandro Emergente

Clima tenso, troca de acusações e muito bate-boca. Esta foi a situação da sessão legislativa de segunda-feira que durou quase três horas. A reunião só terminou às 22h50, a dez minutos do limite de três horas de duração, fixado no Regimento Interno da Câmara Municipal.

Os ânimos ficaram ainda mais exaltados com a ida da secretária de Educação, Kátia Goyatá, à Câmara Municipal para usar a tribuna livre em resposta às declarações do vereador Vagner Tarcísio de Morais (Guinho/PT) na sessão legislativa passada. O petista havia feito críticas à secretária por declarar que adotaria o racionamento da merenda escolar.

Após a fala da secretária na tribuna, que foi seguida por uma discussão tumultuada, o líder do governo, Francisco Rodrigues da Cunha Neto (Prof. Chico/PDT), e Guinho trocaram acusações. O clima da reunião ficou tenso e o presidente da Câmara, Hemerson Lourenço de Assis (Sonzinho/PT), chegou a cortar a palavra do Prof. Chico.

Fotos: Alessandro Emergente

A secretária de Educação, Kátia Goyatá, ao usar a tribuna da Câmara Municipal

O pedetista chegou a falar em “governo corrupto” que teve no passado. Foi quando Guinho reagiu e acusou Prof. Chico de receber salários durante três anos sem trabalhar durante a gestão passada. O hoje líder do governo foi superintendente de Meio Ambiente durante o governo petista.

Debate acirrado

Na semana passada, os dois vereadores já haviam protagonizado outro debate acirrado, que gerou críticas do peemedebista Elder Martins. Nesta segunda-feira, Antônio Carlos da Silva (Dr. Batata/PSB) solicitou que se registrasse, na ata anterior, a sua indignação com a fala de Elder, que chegou a classificar a discussão como “fútil” por não apresentar resolutividade aos problemas. 

Antes do bate-boca entre pedetista e petista, Kátia Goyatá protagonizou uma discussão acalorada com Guinho. A representante do governo Maurílio Peloso (PDT) subiu na tribuna para ler um discurso em resposta a Guinho.

O líder do governo, Francisco Rodrigues da Cunha Neto (Guinho/PT), que
trocou acusações com a oposição

As críticas, feitas por Guinho na sessão passada, foram com base em uma entrevista publicada pelo Jornal dos Lagos no dia 9 de fevereiro. A secretária declarou que teria sido surpreendida com a publicação da entrevista, uma vez que, por telefone, teria respondido os questionamentos da reportagem de “maneira informal”.

No entanto, a secretária confirmou que todo o conteúdo publicado é verdadeiro. Além disso, não informou na tribuna se teria solicitado off (expressão técnica utilizada quando o entrevistado repassa informações ao jornalista, mas pede sigilo de fonte) para as suas declarações. 

Racionamento

Ao rebater as críticas de Guinho, a secretária citou que racionamento significa controle e o alfinetou dizendo que esta definição está no dicionário. Depois, admitiu a possibilidade de diminuição no fornecimento de frutas direcionadas à escolinha de futebol. 

Guinho que voltou a protagonizar os embates mais acirrados

Em outro momento, ironizou a fala de Guinho, quando este havia dito que muitas crianças vão à escola para ter acesso à merenda escolar e garantir uma refeição diária. “Caríssimo vereador, é claro que sabemos disso. Por um instante pensei ser o senhor o inventor da roda”, ironizou.

Kátia Goyatá disse que existe uma lei específica (PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar) com o objetivo de atender as necessidades nutricionais dos estudantes, garantindo recursos para a merenda escolar. 

Guinho chegou a questioná-la sobre a proibição de professores e funcionários das escolas de terem acesso à alimentação. A secretária respondeu que a merenda escolar é para os alunos matriculados no sistema público de ensino e não para os professores. “Está na lei”, disse. 

Escolinha de futebol

A secretária negou que tenha dito que utilizará as notas escolares como pré-requisitos para que os alunos participem da escolinha de futebol. Afirmou que a ideia é fazer um acompanhamento da frequência e do rendimento dos alunos. “Continuo achando que além de jogar bola, o garoto possa ser um bom aluno”, declarou.

Após terminar o seu discurso, a secretária e o vereador do PT chegaram a discutir com os ânimos mais exaltados. Logo que Guinho começou a falar, Kátia chegou a retrucar, o que gerou uma reação imediata do petista: “Por favor você não tem educação. Secretária de Educação que não tem educação”.
“Isso é resultado do vereador que tem coragem de denunciar quantas vezes for preciso e isto é só o começo”, disse Guinho ao falar sobre a ida da secretária à Câmara Municipal.

A secretária de Educação ainda afirmou que a dívida com fornecedores de merenda escolar é de R$ 701 mil e que estas estão sendo negociadas e pagas. Por isso, avaliou, não seria um disparate falar em racionamento. Informou ainda que o novo pregão para o fornecimento da merenda já foi realizado.

Número do telefone

No final da fala da secretária, Eneias Rezende (PRTB) reclamou que não está tendo acesso aos secretários e solicitou a Kátia o telefone dela. “Com certeza, não há o menor problema, mas o senhor poderia pegar o meu numero com o vereador Guinho que tem o meu telefone”, respondeu. Em seguida, disse que repassaria o número.

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Após Kátia deixar a tribuna, Prof. Chico começou a elogiá-la e foi vaiado. Em seguida, ele pediu que as denuncias levadas ao plenário sejam fundamentadas e não se limite ao “ouvi dizer”. “Tenha mais responsabilidade com a sua cidade”, disse.

O vereador se referia as declarações de Guinho, na semana passada, de que as borrachas estariam sendo distribuídas pela metade aos alunos. Disse que foi feita uma visita à Escola Municipal Tereza Paulino e a direção da instituição negou o fato, dizendo que o material escolar ainda não foi distribuído.