Postado em sábado, 15 de fevereiro de 2020
às 07:08
Brasil exporta 42% menos soja à China em janeiro; carne bate recorde
Negociações ao exterior renderam US$ 5,8 bilhões no mês, queda de 9,4% na comparação com o mesmo período de 2019.
As exportações do agronegócio do Brasil totalizaram US$ 5,8 bilhões em janeiro, recuo de 9,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura nesta quarta-feira (12).
O resultado negativo foi puxado pela soja, maior produto de exportação do país, que viu suas vendas caírem para China em 42% no período.
De acordo com o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da consultoria Safras&Mercado, o principal motivo foi o baixo estoque do grão no Brasil, explicado por uma demanda interna aquecida para o setor de carnes, exportações aceleradas e uma safra menor que o esperado.
Isso tudo significa que os exportadores brasileiros não tinham muitos grãos disponíveis para negociação neste início de ano.
Outros dois fatores também tiveram impacto no resultado, só que menor: o início atrasado da colheita de soja no Brasil e a aproximação entre chineses e americanos no fim do ano passado após longa guerra comercial.
Em janeiro de 2019, o Brasil ainda foi bastante beneficiado pela guerra comercial sino-americana. Já em 2020 os EUA assinaram o acordo comercial fase 1 com a China, o que animou as relações comerciais entre os dois países, conforme reportou a agência Reuters em janeiro.
"A queda nos preços dos produtos do agronegócio exportados pelo Brasil, de 7,4%, foi a razão preponderante para a redução das vendas externas em janeiro...", de acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do ministério, que elaborou levantamento.
Já o surto novo coronavírus ainda não causou impacto, segundo agentes consultados pela Reuters, diferentemente do que foi visto em outros mercados, como o de petróleo.
O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão disse, no início do mês, que, até agora, ainda não foi relatado nenhum impacto nas operações portuárias que, segundo ele, são automatizadas na China.
"Monitoramos [os efeitos da epidemia de coronavírus no comércio internacional]. Na medida em que houver algum efeito sobre a economia chinesa, assim como outros países do mundo, o Brasil pode ser afetado", avaliou.
Carnes
As carnes foram responsáveis por 23,2% do total exportado e atingiram US$ 1,35 bilhão (30,9%). A carne bovina foi a principal carne exportada, com US$ 631,5 milhões (+38,1%). Tanto o valor exportado como o volume, 135,3 mil toneladas, foram recordes para os meses de janeiro.
A carne suína também foi destaque com aumento de 79,9% no valor exportado (US$ 163,30 milhões) com 67,7 mil toneladas (42%). Já a carne de frango somou US$ 522,0 milhões, alta de 17%.
As vendas externas de carnes (bovina, suína e de frango), açúcar e algodão, no primeiro mês do ano, ajudaram a compensar, em parte, a queda nos produtos do complexo soja – grãos, farelo e óleo (-31%) e dos produtos florestais – celulose, papel e madeira (-33,8%), disse o ministério.
Fonte: G1
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