Postado em quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
às 08:08
"O destino de uma nação"
Atuação marcante mostra,ao mesmo tempo,força e fragilidade do líder inglês na resistência contra avanço nazista no início da 2ª Guerra...
Winston Churchill de "O destino de uma nação" ganha força quando não sabe o que dizer, duvida de si mesmo, não tem apoio nem perspectiva de ser um herói da Segunda Guerra Mundial. Não é só a imagem do líder inglês mordaz, de frases e estratégias geniais.
A atuação de Gary Oldman consegue unir estas duas facetas do herói e do homem falho. O filme estreia nesta quinta-feira (11).
O ator inglês de 59 anos ganhou o Globo de Ouro de melhor ator em filme dramático no domingo (7) e desponta como um dos nomes cotados para indicação ao Oscar. Seria a sua segunda indicação, depois de "O espião que sabia demais" (2012), mas agora com mais chances de vitória.
Não faltam cenas daquelas que passam durante o Oscar para mostrar uma atuação "intensa" - os famosos discursos de Churchill no parlamento ou acessos de raiva contra inimigos políticos que queriam fazer um acordo com Hitler.
Mas outras cenas, como a que o mostra catatônico na cama, sem saber o que dizer para os tais inimigos, merecem o mesmo crédito.
Dunkirk (Churchill remix)
"O destino de uma nação" conta, sob outra perspectiva, a mesma história de outro filme de sucesso deste ano: "Dunkirk". É o momento frágil da Grã-Bretanha em 1940, quando Hitler tomou de assalto a Europa continental e encurralou quase todo o exército inglês no litoral da França.
"Dunkirk", de Christopher Nolan, mostra o lado militar: como o exército ficou desesperado para sair do massacre na praia francesa. Já "O destino de uma nação" mostra o desespero dos políticos em Londres com a expansão e a superioridade das forças nazistas. Ninguém confiava muito no novo primeiro-ministro, Churchill, para salvar a Inglaterra dessa encrenca.
O grande drama, não muito contado em aulas de história, foi como a Grã-Bretanha chegou pertinho de jogar a toalha e assinar um acordo de paz com a Alemanha. Eles dariam a Europa de bandeja a Hitler na tentativa de evitar um desastre maior para a ilha. Churchil foi o maior adversário desse plano, mas também chegou a vê-lo como alternativa real.
Histórias de resistência
Você pode conhecer o diretor, Joe Wright, por um nicho específico (esse é tão detalhado que não tem nem categorias do Netflix): filmes de época adaptados de romances consagrados estrelados por Keira Knightley: "Orgulho e preconceito", "Desejo e reparação", "Anna Karenina".
Mesmo sem Keira aqui, Joe segue a pegada de novela das seis: narrativa mais tradicional e pomposa, com direção de arte caprichada. A maquiagem é um trunfo para transformar Gary Oldman no velhinho rechonchudo sem lembrar "Uma babá quase perfeita".
Não é aquela coisa inovadora e de tirar o fôlego de "Dunkirk". São filmes bem diferentes, mas mesmo assim é curioso que a mesma história de 1940 tenha sido contada duas vezes justo agora, com boa repercussão em ambos os casos. Ainda mais que o tema tem pouca conexão direta com temas sociais atuais que reverberam em Hollywood hoje.
Talvez o apelo seja uma palavra muito usada tanto na cresente oposição aos governos da Inglaterra e dos EUA atualmente: resistência. Pessoas que, em situações muito adversas, conseguiram manter a calma e mobilizar outras, entre erros e acertos, para tentar reverter a situação tenebrosa. É isso que o Churchill humano de um lado e o seu exército em retirada do outro mostram.
Fonte: G1 CINEMA