Postado em sábado, 4 de junho de 2016 às 12:27

Unifal implanta “observatório da crise brasileira”

Comunidade acadêmica se reúne no lançamento do projeto “Observatório da Crise Brasileira”.


 Da Redação

O cenário da crise brasileira ganhou espaço para debate na Unifal (Universidade Federal de Alfenas) em um projeto idealizado pelo Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) denominado “Observatório da Crise Brasileira”, que propõe refletir e produzir conhecimento a partir do olhar das humanidades sobre a crise.

Lançado no último dia 31, o primeiro encontro do projeto abordou “Os Impactos da atual crise sobre a Educação no Brasil”, tema que foi analisado em uma mesa-redonda composta pelo reitor Paulo Márcio de Faria e Silva, pela professora de Política Educacional e Gestão Escolar Geovania Lúcia dos Santos e pelo professor de Sociologia Luis Antônio Groppo, especialista nas áreas Sociologia da Educação e Sociologia da Juventude.

O diretor do ICHL, Sandro Amadeu Cerveira, explicou o que originou a idealização do projeto, dizendo se tratar de uma ideia que nasceu com o objetivo de inserir a Universidade como um espaço para reflexão. “O projeto tem como principal pressuposto, a tese de que a universidade possui alguns compromissos que são intrínsecos a mesma, ou seja, que são próprios do ser universidade. Uma universidade não faz jus a esse título a menos que esteja, em nossa concepção, fortemente comprometida com o rigor na produção do conhecimento cientificamente embasado, com formação holística de sujeitos críticos e com a defesa das instituições e dos valores democráticos”, argumentou.

Olhares sobre a crise

A primeira exposição foi feita pelo reitor, que analisou a situação brasileira, do ponto de vista de gestor e como integrante nas discussões propostas no Fórum de Dirigentes de Instituições Públicas de Minas Gerais (Foripes) e também nos encontros realizados junto a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

O reitor apresentou um panorama, partindo da ideia de existir uma associação de crises e não uma crise isolada. “Eu entendo que o que explica a profundidade da gravidade dessa crise, na minha forma de ver, é que na verdade ela se insere numa associação de crises. Não há uma crise isolada. Eu identificaria aqui: uma crise moral e ética, uma crise política e uma crise econômica”, destacou.

Sobre os impactos sobre a Educação, o reitor mencionou algumas medidas do atual modelo que comprometem o Ensino Superior, como, por exemplo, a contraposição entre o Ensino Básico e o Ensino Superior, que desmantela a noção da Educação global brasileira, a qual deveria ser priorizada como um todo; a desvinculação de receitas da União para a Saúde e Educação e a limitação dos gastos públicos, que chocam com o Plano Nacional de Educação e anunciam possibilidades de congelamento de recursos para o Ensino Superior.

“A crise na Educação e a Educação na crise” foi o tema central da fala da professora Geovania, que disse ser pertinente pensar na Educação como um ponto de partida para refletir o cenário atual. “A Educação é, obviamente, um bem público no plano social, uma conquista. Como bem público, ela resulta de uma conquista longa e é um bem público meritório, ou seja, é um bem público cujos desdobramentos, ou cujos bens vão para além da própria pessoa, do próprio indivíduo que se serve ou usufrui deste bem público”, pontuou.

A exposição de Groppo versou sobre as repercussões educacionais a partir de três momentos vividos pelo país recentemente: as jornadas de junho de 2013; as ocupações em escolas públicas e estaduais de São Paulo, Goiás e no Rio de Janeiro, e o caráter antieducativo do processo de impeachment em relação à democracia e ao próprio Estado democrático de direito. “O impeachment está sendo feito ao arrepio dos princípios republicanos e democráticos”, frisou Groppo, que deixou claro que sua defesa não é pelo governo petista, mas pelo Estado democrático de direito.

O reitor Paulo Márcio Faria e Silva e ao fundo o vice-diretor do ICHL, Romeu Adriano da Silva,
durante a abertura do Observatório da Crise Brasileira (Foto: Ascom/Unifal)



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