Postado em sábado, 25 de fevereiro de 2012
Em retaliação, diretor eleito de escola estadual não é empossado
O governador Antônio Anastasia continua retaliando professores apontados pela comunidade para assumirem a direção de escolas.
Alessandro Emergente
O governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia (PSDB), continua retaliando professores apontados pela comunidade para assumirem a direção de escolas da rede estadual de ensino. Eleito para assumir a direção da Escola Estadual Judith Viana, o professor Alexandre Flausino foi barrado pelo Governo de Minas.
Diretor regional do Sind-Ute (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) e ativo participante nas lutas pela reivindicação da categoria, Flausino não vai assumir a direção da escola, o que era o desejo do colegiado.
O educador disse esta semana que já recorreu à Justiça contra a decisão da Secretaria de Estado de Educação e aguarda uma sentença judicial. Ele cita que em Unaí houve um caso semelhante e que a educadora, também barrada pelo Governo, teria conseguido reverter o caso.
Outros Casos
O caso de Flausino é apenas mais um na região. No mês passado, vários professores de Campos Gerais, apesar de indicados pela comunidade, também foram barrados.
Foto: Folha do Lago
Neste caso, o motivo da retaliação é atribuído a uma carta, assinada por diversos professores, na qual eles manifestam suas insatisfações com o tratamento dado pelo governo à categoria.
A correspondência foi encaminhada ao deputado estadual Duarte Bechir (PSD), da base de sustentação política do governador na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), como resposta a um cartão de Natal enviado pelo parlamentar, favorável ao projeto que estabeleceu a nova carreira dos educadores, questionada pela categoria.
Flausino cita ainda outros casos semelhantes de professores indicados pelo colegiado e barrados pelo Governo de Minas. Em São Sebastião do Paraíso, há uma colega, filiada ao Sind-Ute, que também foi impedida de assumir cargo de direção.
Competência do Governador
O Governo de Minas nega que exista retaliação e diz que a nomeação de cargos de confiança – o que inclui as funções de diretores e seus vices das escolas – é de competência exclusiva do governador. A votação, realizada em junho de 2011, trata-se apenas de uma consulta à comunidade e não uma eleição que garantiria aos indicados a nomeação para os cargos de direção.
Prorrogação
Inicialmente a posse dos professores, indicados pelos colegiados, seria em agosto. Na época, havia um acirramento do debate em torno do plano de carreira dos educadores que já haviam iniciado a greve.
Foto: Alessandro Emergente/Arquivo
No entanto, o Governo usou como argumento para adiar a posse a impossibilidade de reunir os diretores eleitos em um curso de capacitação oferecido pela Secretaria de Estado de Educação. Parte dos eleitos estava em greve, argumentava o governo.
A vice-diretora da Escola Estadual Judith Viana, Berenice Vilela Barros, permanecerá na direção da instituição até o dia 28, na próxima terça-feira. É a data de término do ano letivo de 2011 devido aos 112 dias de greve. A partir do ano letivo de 2012 quem assume a direção da escola é uma ex-diretora Maria Aparecida Barbosa Lopes.
COMENTÁRIOS