Postado em terça-feira, 3 de julho de 2018
às 09:50
Astrônomos captam primeira imagem de planeta recém-nascido
Equipamento foi montado sobre telescópio com uma ´máscara´, para ofuscar a luz da estrela-anã PDS 70 e revelar a silhueta do PDS 70b, o planeta recém-nascido que orbita em torno dela...
Uma equipe de astrônomos liderada por um grupo do Instituto Max Planck de Astronomia de Heidelberg, na Alemanha, captou a primeira imagem de um planeta jovem, chamado PDS 70b, formado ao redor do círculo de gás e pó de uma estrela.
A descoberta, publicada na revista "Astronomy & Astrophysics" nesta segunda-feira (2) e realizada com VLT do Observatório Austral Europeu (ESO), um grande conjunto de telescópios ópticos que conseguiu modelar o planeta através da matéria que circunda a estrela, e a partir da qual estes astros costumam se formar.
Máscara aplicada ao telescópio
A detecção foi possível graças ao instrumento chamado SPHERE, que foi instalado no VLT e serve para estudar este tipo de corpos celestes com uma técnica de imagem de alto contraste.
Este método, junto com a ajuda de um cronógrafo – uma máscara que bloqueia a luz cegante da estrela central e permite detectar objetos planetários ao redor – facilitou a captação e medição do brilho do planeta, o que por sua vez permitiu conhecer melhor suas propriedades atmosféricas.
A imagem resultante reflete um ponto brilhante à direita de um centro escuro - consequência do uso do cronógrafo, situado aproximadamente a 3 bilhões de quilômetros da estrela central, uma distância equivalente à que há entre Urano e o sol.
A análise mostra ainda que o PDS 70b é um planeta gigante formado por gás com uma massa algumas vezes maior que a de Júpiter e uma temperatura na superfície de cerca de 1000 graus centígrados, muito mais quente que a de qualquer planeta do Sistema Solar.
"Depois de mais de uma década de enorme esforço para construir esta máquina de alta tecnologia, agora o SPHERE nos permite colher os frutos com a descoberta de planetas recém-nascidos!", lembrou Thomas Henning, diretor do Instituto Max Planck de Astronomia e chefe das equipes.
Para Miriam Keppler, líder da equipe após a descoberta, apesar de os círculos das estrelas jovens serem os lugares onde nascem os planetas, "até agora apenas algumas observações tinham detectado indícios de planetas recém-nascidos neles".
"Precisávamos observar um planeta no disco de uma estrela jovem para compreender realmente os processos de formação planetária", comentou outro dos autores, André Müller.
A descoberta já permitiu aprofundar os estudos a partir das observações iniciais, ao ponto de obter um espectro do planeta, o que permitiu concluir que sua atmosfera era turva.
Com os resultados obtidos e a análise das propriedades atmosféricas e físicas do planeta, os astrônomos poderão avançar nas explicações teóricas sobre o fenômeno da formação planetária no espaço.
Fonte: G1.globo