Postado em quarta-feira, 3 de maio de 2017

Variedade de planta imune à ferrugem promete livrar lavouras de café da doença em MG

Cultivar é desenvolvida e testada pela Universidade Federal de Lavras e a Epamig; testes mostram que produtividade se compara a variedades comuns


Uma variedade de café desenvolvida e testada pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) promete livrar os produtores da ação da ferrugem. Considerada a principal doença que afeta o cafeeiro, estima-se que a cada quatro safras, o produtor possa perder uma inteira caso não faça o controle adequado da doença.

Se não for controlada, a ferrugem pode causar a queda das folhas, secar os ramos produtivos, afetar o desenvolvimento dos botões florais e, consequentemente, reduzir o potencial produtivo da safra. Recentemente, o boletim de aviso fitossanitário divulgado pela Fundação Procafé mostrou que os índices médios de ferrugem no Sul de Minas aumentaram de 34,5% para 40,8%.

As variedades testadas na Ufla podem livrar a lavoura parcialmente ou totalmente do risco da ferrugem.

"Estamos desenvolvendo plantas com resistência vertical e horizontal à ferrugem. Temos a Aranãs com resistência vertical, imune à ferrugem e temos a aranãs de resistência horizontal, que tolera a ferrugem e você consegue resolver com uma pulverização apenas, ao invés de três", explica o professor e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT-Café), baseado na Ufla, Mário Lúcio Vilela de Resende.

Segundo os pesquisadores, a variedade é ideal para pequenos produtores, já que com ela não é necessário o trabalho de controle, que se não for feito no tempo adequado, pode não ter efeito.

"Por ser resistente à ferrugem, até facilita para o produtor, já que ele tem que fazer menos, não vai se preocupar com a ferrugem, só com outras doenças. Com um bom manejo nutricional, boa adubação equilibrada, ele passa a ter um bom resultado com essa cultivar resistente à ferrugem, principalmente naquelas regiões onde o controle é difícil pela dificuldade de aplicação de defensivos e fungicidas", diz o pesquisador de melhoramento genético da Epamig, César Elias Botelho.

Em testes no campo experimental da Ufla, conforme os pesquisadores, a nova variedade já demonstrou que mantém os mesmos níveis de produtividade e de qualidade que outras variedades que são suscetíveis à doença.

"Existe mesmo esse receio que essas cultivares vão produzir menos, mas o que a gente tem visto nos trabalhos é que as cultivares resistentes não estão perdendo produtividade em relação aos padrões dos grupos Catuaí e Mundo Novo. A gente tem alguns trabalhos em várias regiões produzindo no mesmo patamar, sem perda significativa de produtividade. Aranãs vem do cruzamento de Catu com Catimor, que são dois grupos de cafeeiros, os dois com resistência à ferrugem e que confere, além de alta produtividade, vigor vegeteativo, peneira alta", diz o pesquisador da Epamig.

As sementes dessa nova variedades estão disponíveis nos campos experimentais da Epamig de Três Pontas (MG) e Machado (MG). Segundo o coordenador do INCT-Café, variedades como essa trazer maior segurança e economia para o produtor.

"Pequenos produtores, produtores orgânicos, que não queiram pulverizar o café com produtos químicos, isso é uma grande saída, pois tem um custo de implantação e condução da lavoura bem mais baixo. Assim você não tem que pulverizar, não tem dano ao meio ambiente, é uma tecnologia muito boa para pequenos agricultores", completa Resende.

 

G1 Sul de Minas



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