Postado em quarta-feira, 25 de novembro de 2015 às 22:10

Artista de Alfenas lança filme no Rio de Janeiro após promover curso de cinema

O longa-metragem “Retratos”, lançado no RJ, é seu mais novo trabalho de Rodrigo Mikelino.


 Alessandro Emergente

O ator e agora diretor de cinema Rodrigo Mikelino, artista de Alfenas que mora no Rio de Janeiro há sete anos, continua produzindo cultura em alto nível. O longa-metragem “Retratos”, lançado no Dia da Consciência Negra (comemorado no último dia 20), é seu mais novo trabalho.

O lançamento, que marca a estreia de Mikelino à frente de um longa-metragem, foi no Teatro Sesc de Madureira, no Rio de Janeiro. A produção independente é resultado de uma oficina de interpretação para cinema, um projeto voluntário que teve Mikelino à frente nos últimos três meses.

O nome “Retratos” é sugestivo e reflete bem a proposta. São 12 histórias contadas, que retratam episódios da vida dos participantes do projeto, modelos e atores iniciantes da baixada fluminense. Esses atores, todos negros, integram o grupo “Palco dos Mil Sonhos”, do qual Mikelino se tornou o “padrinho”.

Protagonismo

“Nossa proposta foi tornar o negro protagonista da sua própria história”, conta Mikelino ao comentar sobre o projeto. As gravações aconteceram em ambientes vividos pelos artistas em seu dia-a-dia, incluindo suas próprias residências como cenários. São realidades transformadas em histórias. 

Mikelino ao lado de Camila Pitanga, com quem trabalhou em Babilônia, na TV Globo (Fotos: Reprodução/Facebook)

O filme, lançado no Dia da Consciência Negra, não foi por acaso. Mikelino diz que não há como não fugir da discussão sobre o preconceito racial. Em uma das histórias, o problema é retratado: um dos atores mostra que ao chegar a um supermercado, que acabou de ser assaltado, é confundido com um dos assaltantes. O motivo da suspeita? A cor da pele no país do “Mito da Democracia Racial”, como teorizou o sociólogo Florestan Fernandes, falecido em 1995.

A caminho de Alfenas?

Mikelino diz que pretende lançar o longa-metragem, que tem 1 hora e 10 minutos de exibição, em outras localidades. E Alfenas está nos planos. Mas ainda não há data definida.

O projeto, segundo ele, pode ser utilizado como uma peça de auxílio didático, pois retrata a realidade de pessoas comuns, negras. São histórias do cotidiano contadas de forma peculiar, envolvente. “A questão didática está no filme inteiro”, explica o diretor.

A produção ainda tem outros alfenenses como João Pedro Baroni que contribuiu com a trilha sonora, além de Juliano do Carmo na edição. O apoio da TV Alfenas também é citado pelo diretor ao lembrar da participação de sua “terra” no projeto.

Trilha da arte

Há sete anos no Rio de Janeiro, Mikelino tem se dedicado, principalmente, ao trabalho de preparação de atores, chamado de coach. Seu trabalho mais recente foi com a atriz Camila Pitanga nas gravações de Babilônia, da TV Globo.  

O envolvimento com a arte começou cedo. Desde criança passou a se envolver com a dança e, logo depois, com o teatro. A opção por realizar trabalhos independentes, sem integrar grupos de teatrais, está ligada a características como a ousadia e a liberdade. Ele diz que prefere estar solto para novas experiências na arte. Foi essa ousadia que o levou ao Rio há sete anos, com a ajuda de uma amiga que o hospedou por algum tempo. Desde então, tem caminhado em uma direção: o universo da arte. 

Lançamento de "Retratos", no Teatro Sesc Madureira, no Rio (Fotos: Reprodução/Facebook) 



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