Postado em quinta-feira, 11 de agosto de 2016 às 13:27

As vacas falam, estamos ouvindo?

Costumeiramente digo em palestras e treinamentos que a parte mais fácil do manejo da alimentação é a formulação da dieta.


Do FAEMG
 
Eu costumo dizer que a vaca é o melhor ´termômetro´ para sabermos se as rações que formulamos ou o manejo que recomendamos estão adequados. Devemos sempre "escutar o que as vacas nos dizem", mas, muitas vezes, técnicos e produtores não dão ouvidos às vozes do rebanho.

Costumeiramente digo em palestras e treinamentos que a parte mais fácil do manejo da alimentação é a formulação da dieta. O difícil é fazer com que as vacas comam exatamente aquilo que foi previsto pelo nutricionista e que estejam no ambiente que foi considerado por ele na hora de formular a dieta. Sim, pois o desempenho das vacas não depende unicamente da comida disponibilizada. Lembro-me de uma vez em que fui chamado por um produtor de leite que se queixava da produção de suas vacas. Ele gostaria que eu fizesse uma avaliação das formulações que estavam sendo utilizadas. Fui até a fazenda e passei cerca de três horas visitando as instalações, avaliando itens de conforto, manejo, e voltei a me reunir com ele. Apresentei uma lista com quinze itens que deveriam ser imediatamente corrigidos para que as vacas pudessem ter melhor desempenho. Uma das únicas coisas em que não vi defeito foi justamente na formulação das dietas.

A avaliação da alimentação dos rebanhos leiteiros sempre foca nos índices produtivos e reprodutivos das vacas, e também os resultados das análises laboratoriais dos alimentos, mas para fazer uma avaliação realmente completa do seu manejo nutricional o produtor tem que andar no meio dos animais. Essa interação mais próxima é fundamental para que o produtor possa observar seu comportamento, o manejo do cocho, a disponibilidade de água, o conforto, seu escore de condição corporal e muitos outros itens, como ruminação, aparência geral, problemas de casco. Além disso, é importante que essas visitas sejam feitas em diferentes horários, para se ter uma ideia melhor das variações ao longo do dia. Assim, é possível unir as informações do escritório com as coletadas entre o rebanho para montar um quadro da situação.

Para saber se as coisas vão bem na fazenda, há uma série de aspectos que devem ser observados. De cada dez vacas, quantas estão ruminando? Há sinais de que as vacas estão selecionando a ração? O que está sendo selecionado? As vacas estão consumindo dejetos, terra ou areia? Estão consumindo minerais de forma exagerada? Essas e outras tantas perguntas que podem ser feitas procuram cobrir pontos importantes relativos ao manejo da alimentação e às condições de conforto dos quais o rebanho está submetido. Por exemplo: como regra geral, caso não estejam comendo, bebendo, dormindo, ou se estiverem sob estresse térmico, quatro a cinco vacas de cada dez devem estar ruminando. As vacas podem ruminar por até dez horas por dia e, se isso não estiver acontecendo, é necessário procurar a causa. Seleção de alimentos? Falta de FDN ou Fibra Fisicamente Efetiva? Isso deve ser investigado e corrigido. Fazer a avaliação física da dieta oferecida às vacas e dos alimentos volumosos é muito importante para saber o que, de fato, os animais estão ingerindo e se isso equivale ao que foi formulado pelo nutricionista.

Avaliar as fezes das vacas é uma excelente ferramenta para identificar possíveis problemas. Se as vacas fazem muita seleção de alimentos nos cochos, haverá grande variação nas fezes (de secas à diarreia) dentro do lote, que supostamente está consumindo a mesma ração. E, nesse caso, ficamos sem ter ideia de qual ração cada vaca está efetivamente consumindo. Dessa forma, aumentam os casos de acidose ruminal e outros distúrbios digestivos. Para resolver o problema, é preciso minimizar as possibilidades de seleção de alimentos, fazendo formulações e misturas corretas.
 
 


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