Postado em 18 de setembro de 2023

Consciência social como prática de humanização

Autor(a): Pablo Matias

 Consciência social como prática de humanização
Pensar uma humanização da sociedade pode parecer uma questão longínqua para grande parcela da população que não se deixa impregnar por esse questionamento que, em sua raiz, emerge de sentimentos de indignação e preocupação devido a certos obscuros itinerários que o ser humano vem percorrendo. Ao longo do tempo, vários foram os pensadores que se deleitaram sobre conceitos sociais com a finalidade de traduzir para o campo linguístico, abordando-os de maneira sistemática e, dessa forma, compreendendo o espaço em que estavam.
Faz-se necessário, nesse caminho de humanização, entender a sociedade como um espaço interrelacional de sujeitos que, com suas práxis, a modelam e por ela são influenciados. O homem, núcleo da sociedade, deve-se entender como agente social, como um ser capaz de se enxergar na história não como meramente um produto seu, e sim como responsável pela sua construção. Desta forma, é imprescindível a não ruptura entre a história que se dá no momento e o sujeito que, na história, é autor e coautor do momento. Este é o primeiro passo de humanização, ou seja, formar sujeitos conscientes do papel que desempenham na realidade e não fita-la como uma distante tela inacessível e intangível.
A formação da consciência do sujeito deve ser construída em uma relação dialética com outras consciências que passam pelo mesmo processo de se conhecerem e, conhecendo-se, verem-se como sujeitos sociais. Esse movimento dialético é construído quando o sujeito entende que não está sozinho naquela realidade, ou seja, ela faz-se espaço de vários outros que, não menos, são autores dela. Dessa forma, ocorre o encontro com o outro, com aquele que não se reduz às categorias do sujeito com quem está se relacionando.
Adquirindo a noção de seu papel enquanto sujeito na história, o homem deve, em relação com os demais, problematizar de maneira objetiva a sua realidade e, por meio dessa problematização, encontrar tudo aquilo que o impede de ser humano – tomando aqui sua semântica mais poética –, que tira de si sua dignidade, seus direito, sua autonomia, sua liberdade. É indignar-se com situações que o menospreza e, frente a isso, não ser passivo, mas, em comunidade consciente, ultrapassar essas barreiras que a poucos privilegiam.
É impossível pensar uma realidade humanizada se os seus partícipes ainda se encontram, como diz Kant, na menoridade. É preciso entender-se como sujeitos ativos na história e capazes de modificar qualquer estrutura que, por seus privilégios, não são capazes de enxergar no outro, no diferente, um ser humano com direito a ditar sua própria palavra e, por meio dela, construir uma história autêntica.

Pablo Matias
Estudante
Bacharelando em Filosofia - Faculdade Claretiano

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