Postado em sábado, 20 de outubro de 2018
Adolescente da Venezuela faz charges políticas para retratar crise nacional
Gabriel Moncada, de 13 anos, desenha preocupação dos venezuelanos com a hiperinflação, a emigração em massa e a escassez de alimentos e remédios....
Gabriel Moncada faz charges sobre a crise política e econômica na Venezuela em sua casa em Caracas — Foto: Marco Bello/Reuters
Em um desenho, a Justiça é vista fugindo da Venezuela, com uma espada na mão direita e uma mala na esquerda.
Em outro, um menino em prantos diz ao pai que não quer que as aulas voltem. Angustiado, seu pai olha uma lista de materiais escolares caros e diz: "Nem eu, meu filho."
Em um terceiro desenho, um venezuelano é visto correndo em direção a uma nave espacial alienígena e implorando ajuda.
O criador dessas charges políticas é Gabriel Moncada, um estudante venezuelano de 13 anos.
Ele sempre gostou de desenhar animais e carros, mas alguns anos atrás começou a retratar o desespero de seus compatriotas com a hiperinflação, a emigração em massa e a escassez de alimentos e remédios.
tanto ao cinema, percebem que não podem ficar na rua até tarde, não há muita comida em casa
ou os mesmos produtos", disse Gabriel, sentado à mesa onde desenha.
Gabriel Moncada olha para seus desenhos em sua casa em Caracas — Foto: Marco Bello/Reuters
"Os desenhos são uma maneira de me expressar. Acho que é uma maneira criativa, divertida e diferente de mostrar os problemas que vivemos diariamente", disse.
Sua mãe, a jornalista de rádio Cecilia González, de 46 anos, começou a publicar as charges do filho em sua página de Facebook no final de 2016. Impressionada, uma amiga logo pediu para publicá-las em seu site de notícias, TeLoCuentoNews, onde elas aparecem toda sexta-feira há quase dois anos em uma seção intitulada "É assim que Gabo vê", uma referência ao apelido do menino.
O colapso econômico da Venezuela obrigou quase 2 milhões de pessoas a fugirem a partir de 2015, segundo as agências de imigração e de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente Nicolás Maduro questiona tal cifra, dizendo que foi exagerada por adversários políticos e que aqueles que partiram estão tentando voltar.
A mãe do menino disse que inicialmente a família tentou blindá-lo da realidade da decadência do país, mas que desistiu à medida que os problemas se tornaram cada vez mais evidentes.
"Nada é como era, e eles percebem isso", explicou Cecilia. "Você leva os filhos à escola e há três ou quatro crianças pegando comida do lixo na esquina", disse.
Fonte:G1