Postado em quinta-feira, 6 de setembro de 2018
às 10:27
Londres acusa Putin de ser responsável pelo envenenamento de ex-espião em março
Polícia britânica divulgou nomes e fotos de dois suspeitos russos. Segundo premiê Theresa May, eles eram agentes da inteligência militar russa...
Presidente russo, Vladimir Putin (Foto: Alexei Druzhinin, Sputnik, Kremlin via AP)
O governo britânico acusou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de ser o responsável em última instância pelo envenenamento de um ex-espião russo e de sua filha em março no Reino Unido. A declaração foi feita pelo secretário de Estado britânico para Segurança, Ben Wallace, horas antes de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o assunto.
O Ministério Público britânico anunciou na quarta-feira que tem evidências suficientes para acusar dois cidadãos russos, identificados como Alexander Petrov e Ruslan Boshirov, de acordo com seus passaportes, que podem ser falsos, pela tentativa de assassinato do ex-espião russo Sergei Skripal, sua filha Yulia em 4 de março em Salisbury, no sudoeste da Inglaterra.
Alexander Petrov (esquerda) e Ruslan Boshirov são suspeitos de envenenar ex-espião russo Serguei Skripal no Reino Unido, em março (Foto: Metropolitan Police via AP)
A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou horas depois que os dois eram agentes da inteligência militar russa, o GRU, e que teria dirigido toda a operação de envenenamiento com Novichok, uma substância neurotóxica poderosa surgida de um programa químico desenvolvido na antiga União Soviética.
Nesta quinta-feira, o secretário de Estado britânico para Segurança, Ben Wallace, foi além e disse em declarações à rádio BBC4 que Londres considera Putin o responsável pelo ataque.
militar através do ministério da Defesa", disse Wallace.
"Eu não acho que alguém possa dizer que Putin não tem controle sobre seu Estado (...) E o GRU não é, sem dúvida, independente do Estado", acrescentou.
"Está ligado a altos funcionários russos e ao ministro da Defesa, e através deles ao Kremlin e ao gabinete do presidente", disse ainda.
Skripal e sua filha foram envenenados com Novichok, no início de março em Salisbury, uma tentativa de assassinato que deflagrou uma grave crise diplomática entre a Rússia e os países ocidentais, a qual deu lugar a expulsões cruzadas de diplomatas.
Sergei Skripal fala com sua advogada de trás das grades em uma corte em Moscou em foto de 9 de agosto de 2006 (Foto: AP Photo/Misha Japaridze, File)
Hospitalizados em estado crítico, Serguei e Yulia Skripal conseguiram sobreviver após permanecerem várias semanas em tratamento intensivo em um hospital.
Reunião no Conselho de Segurança
O governo britânico convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, que deve começar às 12h30 (horário de Brasília), para informar a seus membros sobre a situação e pode solicitar que novas sanções sejam aplicadas à Rússia.
Desde o início, o governo britânico atribuiu o ataque contra Skripal à Rússia, que sempre negou categoricamente qualquer envolvimento. Também negou saber quem são os dois russos acusados, e denunciou uma "manipulação".
"Os nomes e as fotografias publicados na imprensa não nos dizem nada", disse a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, citada pela agência de notícias pública TASS.
Ela acusou o Reino Unido de "manipular informação" e disse que não pedirá a extradição de Petrov e de Boshirov, já que a Rússia deixou claro, em outras ocasiões, que não extradita seus cidadãos.
Em 2007, Moscou se negou a extraditar Andrei Lugovoi, principal suspeito do assassinato por envenenamento radioativo do ex-espião russo Alexander Litvinenko, em Londres.
Em 30 de junho, um casal de britânicos foi envenenado, após terem contato com o Novichok que estava em um frasco. A mulher, Dawn Sturgess, de 44 anos, faleceu, mas seu parceiro, Charlie Rowley, sobreviveu e se encontra hospitalizado em estado "grave, mas estável".
Fonte:G1