Postado em sábado, 25 de agosto de 2018
às 09:32
Migrantes a bordo de navio começam greve de fome; Salvini minimiza protesto
Cerca de 150 migrantes foram resgatados no Mediterrâneo e, desde segunda-feira, estão retidos no navio Diciotti, no porto de Catânia, no sul da Itália...
Migrantes a bordo do navio Diciotti aguardam decisão sobre desembarque no porto de Catania, na Sicília, Sul da Itália, nesta sexta-feira (24) (Foto: Orietta Scardino/ANSA via AP)
Alguns dos 150 migrantes que se encontram a bordo do navio Diciotti no porto de Catânia, na Sicília, começaram nesta sexta-feira (24) a rejeitar comida diante da recusa do governo de autorizar seu desembarque. O ministro do Interior minimizou o protesto.
Eles foram resgatados na quinta-feira (16) no Mediterrâneo e, desde a noite de segunda-feira (20), estão retidos no navio da Guarda Litorânea italiana no porto do sul da Itália.
Por pressões da justiça local, o ministro do Interior, Matteo Salvini, líder do partido de direita Liga, autorizou o desembarque de 27 menores de idade, que foram levados para abrigos.
Nesta sexta, o ministro comentou o protesto dos imigrantes no Twitter.
Entre os imigrantes estão eritreus, somalis, sírios e sudaneses.
Mauro Palma, que atua na área de direitos humanos, denunciou as condições nas quais se encontram os 150 imigrantes após visitar a embarcação, de acordo com a Efe.
Apesar dos esforços da tripulação da Guarda Litorânea, os imigrantes só conseguiram se banhar uma vez com água fria graças a uma mangueira. Eles ficam protegidos apenas por papelão e são obrigados a comer no mesmo lugar onde dormem.
Migrantes a bordo do navio Diciotti aguardam nesta sexta-feira (24) decisão sobre desembarque no porta de Catânia, no Sul da Itália (Foto: Orietta Scardino/ANSA via AP)
A ex-presidente da Câmara dos Deputados da última legislatura e atual deputada do partido Livres e Iguais, Laura Boldrini, pediu para que Salvini deixe pelo menos algumas das mulheres que estão no navio descerem. Ela afirmou que as visitas de solidariedade foram suspensas.
Pressão sobre a UE
Nesta sexta, o vice-presidente do Conselho Italiano, Luigi Di Maio, exigiu da União Europeia (UE) uma solução para a distribuição dos migrantes bloqueados no porto de Catânia e ameaçou reter parte de sua contribuição anual para o orçamento do bloco.
"Seguindo a linha dura vou fazer outra proposta (...). Se a UE permanecer em sua linha e não decidir nada sobre a distribuição dos migrantes que estão na embarcação Diciotti, o M5E não estará mais disposto a dar os 20 bilhões de euros que a Itália concede a cada ano aos orçamentos da UE", ameaçou Di Maio em uma mensagem no Facebook.
A maior parte do orçamento do bloco europeu procede diretamente dos Estados membros, de acordo com seu nível de riqueza e recebe uma parte em troca, de acordo com a France Presse.
A Itália é o terceiro país que mais contribui (atrás de Alemanha e França) entrega mais do que recebe: quase 20 bilhões de euros contra 14 bilhões em troca.
Fonte:G1