Postado em 18 de junho de 2023

O riso como expressão da alegria: Gloria de Deus!

Autor(a): Roberto Camilo Órfão Morais

  Autor(a): Eder Vasconcelos*

Na vida, não falta motivos para rir ou chorar, pois a cada instante nos deparamos com situações inusitadas, às quais nos desafia e nos tira da nossa zona de conforto, de comodidade. Refletir sobre riso é um tema sobre o qual vale à pena refletir, é algo edificante; pois que, contribui de forma decisiva para o bem viver. Em especial em nossos dias, o riso tem demonstrado ser uma eficaz forma em resistir aos extremismos e estupidez que, infelizmente, aparentam reinar em nossa sociedade contemporânea.

Há diferentes teorias, explicações, que buscam compreender o fenômeno do riso, podemos citar de uma maneira sintetizada algumas delas: a de que o riso seria a expressão dos sentimentos de superioridade de uma pessoa em relação às outras. A da incongruência - o riso seria uma reação intelectual ao inesperado, ilógico ou, inapropriado. A do alívio - o riso seria um alívio de energia nervosa, ou ainda, a de que o riso seria resultante de uma mudança psicológica agradável.

Segundo Friedrich Nietzsche, a verdade, para ser verdade, tem de ser acompanhada por um riso, “Rindo dizer as coisas sérias”. No ontológico livro ‘O nome da Rosa’, Umberto Eco apresenta o antigo debate sobre a licitude do riso. Duas concepções são confrontadas: uma, que tem como representante o monge agostiniano, o rigorosíssimo irmão Jorge de Burgos, que define o riso como fonte de dúvida e defende que ele não deve ser livremente permitido e, a outra é representada pelo monge franciscano irmão Guilherme de Baskerville, que utiliza dos ensinamentos de Aristóteles, que considerava o riso como traço distintivo do homem.

O riso se tornou um atributo da mística e santidade de São Francisco de Assis, que ensinava aos seus irmãos: “nas atribulações, na presença daqueles que o atormentam, permaneçam sempre hilari vultu”, que significa; permaneçam com o rosto feliz, agradável, um rosto sorridente.

Para Henri Bérgson, o riso causa bem-estar e conecta pessoas, desviando-as, em certos momentos, de situações de estresse e dificuldades. Para ele, o riso possui uma função social que se refere a uma tentativa de correção da insociabilidade do próprio ser humano.

É importante não cairmos no erro de confundir riso como expressão do humor e, riso como expressão de ironia, sarcasmo. O riso/humor leva um pouco de leveza à miséria do mundo e, não ao ódio, preconceito como leva o rir/ironia, pois este significa ‘gozar da cara dos outros’, ‘gozar do sofrimento alheio’, atitude diabólica - dimensão que separa.

O riso pode ser definido como uma particular disposição daquelas pessoas que tendem a considerar as vicissitudes da vida com frescor. Papa Francisco aponta que, “Saber rir de si mesmo, nos dá alegria”. Rir de si mesmo, é uma atitude de humildade diante das nossas dificuldades e limitações, é romper com toda uma cultura narcisista, comprometida como o desempenho e, sucesso pessoal.

O riso está contido na “Pedagogia da Alegria”, que abre constantemente possibilidades existenciais ante a cotidianidade dura e, às vezes, aniquiladora. O riso como expressão da alegria é dom, é graça. Deus desperta em nós a leveza e a sutileza, o riso, humor de viver; pois Deus é alegria. Como escreveu Karl Rahnner: “o riso é uma Gloria de Deus, pois faz humano um ser humano”, nos fazendo integrados com nós mesmos e, com o mistério do Eterno.



*Artigo escrito em parceria com Eder Vasconcelos, que é franciscano, escritor, teólogo e filósofo. É autor de diversos livros, entre eles, Pedagogia do Silêncio, da Editora Paulinas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Roberto Camilo Órfão Morais
Professor
Professor de Ciências Humanas do Instituto Federal Sul de Minas - Campus Machado.



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