Postado em terça-feira, 20 de abril de 2021
às 14:54
Gengivite pode aumentar risco de óbito por COVID-19, diz estudo
Esta é uma das primeiras pesquisas a investigar a relação entre a saúde bucal e o novo coronavírus (SARS-CoV-2).
Um novo estudo com pesquisadores canadenses sugere que a doença periodontal — como gengivite e periodontite — pode estar associada a maiores riscos de complicações em decorrência da COVID-19, incluindo maior probabilidade de admissão em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e risco elevado de óbito. Esta é uma das primeiras pesquisas a investigar a relação entre a saúde bucal e o novo coronavírus (SARS-CoV-2).
De acordo com o estudo publicado no Journal of Clinical Periodontology, pacientes infectados pelo coronavírus e com alguma doença periodontal apresentaram 3,5 vezes mais probabilidade de serem admitidos em uma UTI, 4,5 vezes mais chances de precisarem de um ventilador pulmonar e 8,8 vezes mais probabilidade de morrerem, quando comparados com um grupo de pessoas sem essas condições.
“Observando as conclusões do nosso estudo, podemos destacar a importância de uma boa saúde bucal na prevenção e tratamento das complicações da COVID-19”, explica Belinda Nicolau, uma das pesquisadoras do estudo e professora da Faculdade de Odontologia da Universidade McGill, no Canadá. “Há uma correlação muito forte entre a periodontite e o desfecho da doença”, comenta Nicolau sobre o estudo que envolveu mais de 560 pacientes.
Vale explicar que a periodontite é uma infecção das gengivas que pode danificar os tecidos que dão suporte aos dentes, incluindo ligamentos. Ademais, em casos onde o paciente não trata a infecção, a pessoa pode sofrer com a perda óssea da região e até mesmo de dentes envolvidos. A vantagem é que a periodontite pode ser evitada, de forma simples, com uma boa higiene bucal, feita com a escovação e do uso do fio dental diariamente, além de visitas regulares ao dentista.
Como foi descoberta a relação entre periodontite e COVID-19?
Para estudar a relação entre a saúde bucal e as complicações da COVID-19, os pesquisadores realizaram um estudo observacional, no qual prontuários odontológicos foram cruzados com prontuários médicos de pacientes com casos graves de infecção pelo coronavírus. Incluídos na análise, os 568 pacientes apresentaram sintomas da COVID-19 entre fevereiro e julho de 2020, no Catar, país do Oriente Médio.
“Incluímos 568 pacientes em nosso estudo e levamos vários fatores em consideração, como fatores demográficos, médicos ou comportamentais, para evitar vieses”, explicou o pesquisador Wnji Cai, da Universidade McGill. “No Catar, os prontuários médicos e odontológicos passaram a ser digitalizados, o que possibilitou a coleta de dados e a agilidade na realização dessas pesquisas”, detalha.
"A periodontite foi associada a um maior risco de admissão na UTI, necessidade de ventilação assistida e morte de pacientes com a COVID‐19 e com níveis elevados de biomarcadores no sangue associados a piores desfechos da doença", concluem os pesquisadores, no artigo científico. Agora, a equipe de pesquisa procura expandir a coleta de dados para fortalecer a descoberta. Outro objetivo é "compreender os mecanismos que sustentam a relação entre a periodontite e as complicações do COVID‐19", explicam os autores.
Para acessar o artigo científico que relaciona casos de periodontite com complicações da COVID-19, publicado no Journal of Clinical Periodontology, clique aqui.
Fonte: Futurity
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