Postado em quarta-feira, 9 de setembro de 2020
Agronegócio passa ileso ao tombo recorde do PIB no 2º trimestre
Apesar do pouco peso no cálculo do IBGE para o PIB, analistas destacam que a agropecuária representa um segmento com grande protagonismo na economia brasileira.
A pandemia de coronavírus provocou um tombo recorde da economia no 2º trimestre e colocou o Brasil de novo em recessão - segundo dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (1º), a queda foi de 9,7% frente aos três meses anteriores.
E o agronegócio foi a exceção, conseguindo desempenho positivo no 2º trimestre entre os grandes setores da economia. Com crescimento de 0,4% no período, o setor contribuiu para amenizar a intensidade de tombo da economia entre os meses de abril e junho.
Pela metodologia do IBGE, a agropecuária tem pouco peso no cálculo do PIB, cerca de 5%, já que só é levado em conta o que é produzido dentro das fazendas.
Mas, segundo levantamento do setor, ao se levar em conta as indústrias e serviços da atividade, este índice pode chegar a mais de 20% (leia mais abaixo).
O crescimento foi sustentado tanto pela perspectiva de safra recorde, como também pelo maior interesse chinês pela soja brasileira e pelo câmbio favorável para os exportadores.
"O agronegócio passou realmente incólume. A pandemia não atrapalhou nem a colheita nem o transporte de carga. E mesmo o setor agroindustrial, sobretudo o relacionados a alimentos, sofreu muito pouco, tanto porque a exportação continua firme e forte como porque a demanda interna para produtos essenciais segue sem queda", afirma Silvia Matos, economista do Ibre/FGV.
Mesmo com pouco peso no cálculo do PIB, com participação da ordem de 5%, os analistas destacam que o agronegócio representa um segmento com grande protagonismo na economia brasileira, principalmente quando se leva em conta também a participação das agroindústrias (como frigoríficos) e o setor de serviços da atividade (como transporte de cargas).
O economista Sergio Vale, da MB Associados, explica que o agronegócio está passando por um "momento recorde de produção e renda", que tem ajudado a dinamizar a economia das regiões com forte presença desse setor como o Centro-Oeste.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) avalia que o resultado do PIB do setor agropecuário, que teve crescimento de 1,2% no segundo trimestre de 2020 na comparação com o mesmo período de 2019 e de 0,4% em relação aos três primeiros meses deste ano de acordo com o IBGE, está em linha com o que o setor esperava.
“Mais importante que o número em si, esse resultado mostra a resiliência do setor, que mesmo em momentos críticos e com os piores resultados da série histórica da economia brasileira mostra crescimento”, afirmou Paulo Camuri, assessor técnico do Núcleo Econômico da CNA.
Com o aumento de 1,2% no PIB no segundo trimestre de 2020, o setor praticamente mantém o ritmo de crescimento do mesmo período de 2019, quando cresceu 1,4%.
“Em três meses, o setor conseguiu se ajustar e salvar os resultados do trimestre, continua positivo, descolado de todo o restante da economia brasileira. Mesmo nos segmentos mais afetados, os produtores conseguem se manter na atividade”, acrescentou.
Importância do PIB da agropecuária
Pela metodologia do IBGE, a agropecuária é responsável por cerca de 5% do resultado total do PIB, pois considera apenas o que é produzido dentro das fazendas. Em 2019, o setor movimentou R$ 322 bilhões de um total de R$ 7,3 trilhões.
Segundo cálculos da CNA, quando se leva em conta a participação das agroindústrias (como frigoríficos) e o setor de serviços da atividade (como transporte de mercadorias), o agronegócio como um todo responde por, pelo menos, 20% do PIB brasileiro.
A projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é de que o PIB do setor registre crescimento de 1,5% em 2020. Para 2021, a expectativa é de que o agro cresça 3,2%.
Os principais destaques do resultado do PIB no 2º trimestre foram:
Serviços: -9,7% (queda recorde)
Indústria: -12,3% (queda recorde)
Agropecuária: +0,4%
Indústria da transformação: -17,5%
Indústria extrativa: -1,1%
Construção civil: -5,7%
Consumo das famílias: -12,5% (queda recorde)
Consumo do governo: -8,8%
Investimentos: -15,4%
Exportação: +1,8%
Importação: -13,2%
Fonte: G1
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