Postado em terça-feira, 22 de outubro de 2019
às 10:10
Prefeitura prevê investimento de R$ 50 milhões com concessão de pontos turísticos em Poços de Caldas
Projeto de lei do executivo foi aprovado na Câmara Municipal na última semana. Pontos como Teleférico e o Recanto Japonês devem receber primeiras mudanças.
Com a aprovação do projeto de lei para concessão de pontos turísticos de Poços de Caldas (MG) à iniciativa privada, a prefeitura prepara detalhes do edital, que deve ser publicado em novembro. O documento prevê um investimento de R$ 50 milhões por parte da empresa que assumir o complexo turístico, que inclui os principais pontos da cidade.
A autoria do projeto aprovado é do prefeito Sérgio Azevedo (PSDB), que seguiu uma das propostas de governo. Segundo ele, o dinheiro será usado para melhorias e manutenção do Recanto Japonês, da Fonte dos Amores, do Véu das Noivas, além do complexo do Cristo Redentor, que inclui o teleférico, atualmente interditado.
O edital prevê que apenas uma empresa assuma todos os pontos incluídos no projeto. Mesmo sem prazos definidos, a intenção é que, com a liberação do edital até novembro, o processo corra normalmente e os contratos sejam assinados até março de 2020.
O edital já sinaliza as primeiras necessidades de investimento. O primeiro ponto de atenção será o teleférico, que deve ser substituído por um novo.
“Esse teleférico nosso tem mais de 40 anos. Realmente necessita uma substituição, e isso vai fazer parte já no primeiro ano da licitação, de que a empresa ganhadora traga esse novo teleférico. Um teleférico moderno, provavelmente até importado, para que possa substituir o nosso existente”, detalhou Azevedo.
A atração está interditada desde setembro, quando a queda de uma das cabines feriu o funcionário responsável pela manutenção. Segundo os bombeiros, a cabine se desprendeu após um forte vento e foi arremessada contra um estabelecimento comercial. O funcionário foi atendido e teve alta dias depois.
Nesta quarta-feira (16), a prefeitura voltou a fazer testes nas cabines e informou que aguarda o laudo da perícia para liberar a atração aos turistas.
O que deve mudar
A privatização dos pontos turísticos, segundo o prefeito, é uma tendência em várias cidades do país e do mundo. Um dos objetivos é tirar a responsabilidade do poder público na manutenção destes locais.
“Não é uma função da prefeitura fazer esse serviço. E, na verdade, a prefeitura não vai perder nada, porque hoje ela não arrecada nada com esses pontos. E é uma situação que a cada ano que passa vai se deteriorando, porque não há investimentos em melhoria. Então, a prefeitura vai começar a ganhar”.
O ganho, ainda conforme o prefeito, será previsto em edital com a prefeitura citada como sócia do empreendimento, com participação em um percentual arrecadado. “Nós vamos ter sim uma arrecadação, que não temos hoje”.
A prefeitura acredita que projeto deve colaborar para que as atrações, sem grandes mudanças nos últimos 20 anos, recebam uma nova estrutura, o que também inclui eventos.
O projeto tinha sido levado outras três vezes à Câmara. Não chegou a ir à votação, mas recebeu propostas de alteração, que foram acatadas pela prefeitura. Na votação do dia 9 de outubro, foi aprovado por unanimidade.
Melhorias e cobrança
Uma das principais dúvidas de moradores e turistas é em relação a uma possível cobrança de entrada nos pontos turísticos. Atualmente, apenas o teleférico cobra ingresso; os outros pontos citados no projeto têm acesso gratuito.
O casal Eliton e Letícia é de Juruaia (MG) e sempre visita Poços de Caldas acompanhado da filha. Entre os pontos que mais visitam estão o Cristo Rendentor e o Véu das Noivas, local que Eliton recomenda melhorias. "Véu das Noivas muito sujo, lixo acumulado nas beiradas principalmente. Faltam latas de lixo", comentou Eliton Domiciano da Silva.
Para ele, a cobrança de entrada ou taxas de manutenção não seria um problema. "Desde que seja limpo, eu não me importo de pagar não. Se for para melhorar, é válido".
O prefeito Sérgio Azevedo alega que uma eventual cobrança será estudada e acordada com a empresa vencedora. “Necessariamente, não precisa se cobrar. Muitas das vezes você não precisa nem cobrar, o local já se auto sustenta. Eventualmente sim, vai ter essa liberdade. Até porque é melhor você pagar em um local e saber que você é bem atendido”, alega.
Uma das cláusulas, conforme Azevedo, será a respeito de um possível desconto ou isenção de pagamento para moradores de Poços de Caldas. “Exceto o teleférico, onde teria que pagar normal igual os outros, mas o restante, se houver por acaso uma cobrança para entrar, o poços-caldense vai ser beneficiado”.
Morador de Uberlândia, Eli Erisson visitou Poços pela primeira vez nesta semana e fez a primeira parada no Recanto Japonês. “Senti falta de alguma loja para atender, recepcionar o pessoal, alguém para instruir as pessoas. Tem as plaquinhas, a sinalização é bacana, mas acho que instrução sempre é bom”.
Para ele, a privatização pode ser boa ou não, o que depende da atual situação do turismo na cidade. "Se realmente vai melhorar, vai conservar mais o ambiente, acho que uma pequena taxa não seria muito. Conheço muitos parques onde é cobrada uma certa taxa para os guias te mostrarem como funciona o local", afirma Eli.
Casa de chá
A reconstrução da Casa de Chá do Recanto Japonês, destruída por um incêndio provocado por vândalos em 2016, é um dos principais pedidos de moradores e turistas. Desde o crime, o local está vago e sem previsão para substituição do imóvel, que era um símbolo da tradição japonesa na cidade.
Segundo o prefeito, apesar do projeto de reconstrução já estar em estágio avançado, há a possibilidade de aguardar a aplicação da licitação para que a casa seja feita.
“A gente está andando com as duas coisas em conjunto. Já está bem adiantado, inclusive no contato com a própria colônia japonesa, mas eu vou segurar um pouco agora para que haja essa terceirização e que esse custo não venha para a prefeitura, e sim para a empresa que venha a ganhar”.
Fonte: G1
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