Postado em sábado, 20 de maio de 2017 às 16:04
Atualizada em terça-feira, 23 de maio de 2017 às 12:54

Patriarca da família dona da JBS passou a infância em Alfenas

José Batista Sobrinho (Zé Mineiro), fundador da Friboi, morou em Alfenas até a década de 40, quando seguiu para Goiás.


Alessandro Emergente

O empresário Joesley Batista, que preside a holding J&F, controladora da empresa JBS (dona das marcas Friboi e Seara), surgiu no decorrer dessa semana como o pivô de um caso que abalou o centro do poder em Brasília (DF). Ele é o delator, em um acordo assinado com a Procuradoria-Geral da República (PGR), de um caso de corrupção que afastou Aécio Neves do Senado e da presidência do PSDB e pode ocasionar ainda a queda do presidente da República, Michel Temer (PMDB).

Mas o que pouca gente sabia é que a família Batista tem origem em Alfenas. O patriarca, pai de Joesley, é José Batista Sobrinho, conhecido como Zé Mineiro. Ele deixou o distrito Barranco Alto, aos 12 anos, na década de 40 para acompanhar o pai rumo a Anápolis, em Goiás.

 

Zé Mineiro nasceu, em março de 1933, em Carmo do Rio Claro. Segundo uma versão extraoficial, o funador da Friboi teria nascido em uma fazenda (localizada em Carmo do Rio Claro), que fica próxima ao distrito de Cavacos, em Alterosa, e depois morou em Barranco Alto, onde passou a infância.

Em 1953, junto com um irmão, Zé Mineiro – que comprava e vendia gado – resolveu montar um pequeno açougue e abater gados num pequeno matadouro da Prefeitura de Anápolis. A carne era revendida para outros açougues. O irmão viajava para comprar o gado e o pai de Joesley cuidava do abate e da distribuição. Em pouco tempo, tornou-se o principal fornecedor da região de Anápolis. Foi nessa época que José Batista Sobrinho ganhou o apelido de Zé Mineiro.

Zé Mineiro, fundador da Friboi, com os filhos Joesley e Wesley (Foto: JBS/Divulgação)


Em 1957, quatro anos depois de iniciar o pequeno negócio, a família Batista, atraída por incentivos fiscais, se mudou para o canteiro de obras em Brasília (DF). Lá, passou a fornecer carnes para refeitórios das grandes companhias envolvidas na construção da capital federal. Depois disso, na década de 60, a empresa passou a adquirir frigoríficos, tornando sua atuação nacional. Com o tempo, a Casa de Carnes Mineira se transformou na JBS, líder mundial em carnes.

A família ainda tem parentes em Alfenas, entre eles um comerciante do ramo de tintas da cidade. O advogado e empresário Joselito de Souza (Lito) disse que a família não perdeu contato com a cidade e, em uma das visitas, Joesley esteve no Carnalfenas, onde o conheceu. Nas redes sociais, brincou: “Os filhos do Sr. Zé do Barranco Alto colocaram mais fogo na República”.

O pequeno açougue criado em Anápolis em 1953 deu início ao negócio no ramo de carnes, No final da década de 60, Zé Mineiro montou o primeiro frigorífico com selo do SIF, na época ainda não era exigido o selo (Foto: Reprodução/Youtube)


Uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo, publicada em 2012, mostrou que Zé Mineiro sempre acompanhou “de perto” os negócios da JBS, empresa que leva as iniciais dele. Em 1969, comprou o primeiro frigorífico com o selo de inspeção federal (SIF) no interior de Goiás (em Formosa), o que ainda não era exigido. “Daí pra frente a coisa foi acontecendo. A meninada cresceu e foi tomando conta”, disse em reportagem à Folha em 2012.

Nova geração

Foi sob o comando de Joesley que a JBS se internacionalizou e se tornou a maior processadora de carne bovina do mundo. No período de sua atuação à frente da presidência executiva, de 2006 a 2011, a JBS abriu o seu capital e fez várias aquisições – boa parte com ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - e, depois disso, passou o controle ao irmão, Wesley. Com os dois, o grupo empresarial se tornou um dos maiores doadores de campanhas eleitorais, ajudando os diferentes grupos políticos desde PT ao PSDB.

Zé Mineiro (acima) fundou a Friboi no início da década de 70. Abaixo, ele aparece na entrega de uma premiação e, ao lado, os filhos Wesley e Joesley que assumiram o controle dos negócios (Fotos: Divulgação e Reprodução/Youtube)


De 2007 a 2016, durante o Governo Lula e Dilma, o faturamento anual da JBS saltou de R$ 4 bilhões (2007) para mais de R$ 160 bilhões. Com o apoio do BNDES, a JBS deu início a um processo de internacionalização.

Em uma dessas operações, o BNDES – que hoje é dono de 21% da JBS - comprou uma participação na empresa por meio da BNDESpar – braço do banco estatal que compra participações em empresas. A operação é investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

No lançamento de uma campanha publicitária em 2014, a Friboi mostra o potencial econômico com a contratação do cantor Roberto Carlos para atuar como "garoto propaganda" assim como o ator Tony Ramos. Na foto, Wesley posa ao lado dos artistas (Foto: Divulgação)


Capitalizada com dinheiro público, a JBS iniciou sua expansão internacional, em 2007, com a compra da norte-americana Swift por US$ 1,4 bilhão, se tornando a maior empresa do mundo de alimentos de origem bovina.

Muito além da marca Friboi

Em 2012, os donos do Grupo JBS criaram uma holding para atuar em outras áreas de negócios, a J&F Investimentos. Os negócios incluem empresas como Vigor (produtos lácteos), Flora (produtos de higiene e limpeza), Alpargatas (calçados e vestuário/dona da marca Havaianas), Eldorado Brasil (celulose), Banco Original (instituição financeira), Âmbar (Energia), Oklahoma e Floresta Agropecuária (setor de agronegócios) e o Canal Rural (emissora de televisão).

Hoje, a holding J&F Investimentos – que engloba a JBS - se anuncia como o "maior grupo econômico privado do país", empregando mais de 260 mil pessoas em mais de 30 países. Suas fábricas exportam para mais de 150 países. A maior parte do negócio passou a se concentrar fora do Brasil. Os dois irmãos se dividem na operação do grupo. Joesley é o presidente da holding e Wesley comanda a JBS. No vídeo abaixo, Zé Mineiro conta a história da empresa no canal da JBS no Youtube.

 



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