Postado em quinta-feira, 16 de março de 2017
às 14:09
Coreanos vão investir R$ 3 milhões em pesquisas de tecnologia em MG
Parceria com Coreia do Sul foi oficializada em Santa Rita do Sapucaí, MG. Trabalhos sobre internet das coisas e 5G serão conduzidos pelo Inatel.
"A Coreia do Sul é o país que mais disponibiliza internet para a população", diz o coordenador de Inovação Tecnológica do Centro de Referência em Radiocomunicação do Inatel (CRR), Guilherme Marcondes. "Essa parceria vai ser colocada com o Inatel, oferecendo infraestrutura e sua equipe, a Coreia do Sul entra com o apoio de empresas e consultores, equipamento, conhecimento na área, e um investimento de 1 milhão de dólares", explica.
De acordo com o diretor da equipe global de parceiros do Ministério da Ciência, das Tecnologias da Informação e Comunicação e Planejamento Futuro da República da Coreia do Sul, Hang-Jae Lee, a parceria resulta de negociações iniciadas em 2015 entre os dois governos. A dificuldade de pequenas empresas coreanas em entrar em outros mercados é a apontada como a motivação inicial das conversas. Atualmente, o Brasil também é visto como uma experiência.
"A Coreia é um país pequeno, então é um desafio utilizar a tecnologia [que temos] em uma área extensa. Seria interessante estudar como seria essa experiência. O Brasil é um país grande, com uma grande população concentrada em centros urbanos e, nesse caso, se parece com a Coreia, o que facilita e reduz custos para introduzir tecnologia da informação. O Brasil também é um país que tem liderança na América Latina e os brasileiros usufruem muito de internet, celulares e smartphones, área em que a Coreia tem grande desenvolvimento", observou Hang-Jae Lee.
Por uma internet mais rápida e eficiente
Quando falam em tecnologia da informação, pesquisadores brasileiros e coreanos voltam a sua atenção especificamente para 5G, infraestrutura que promete entregar uma velocidade de conexão com a internet até 20 vezes superior à oferecida hoje pelo 4G, e para internet das coisas – ou IoT (Internet of Things), como é chamada no exterior –, baseada no conceito de integração entre os mais diversos itens e ferramentas do cotidiano. São dois projetos que já estão em estudo no Inatel.
"Por que não ter uma geladeira conectada, um veículo conectado, uma produção conectada com a internet? Até pouco tempo atrás, a internet conectava pessoas. Agora, ela pode conectar também objetos e serviços", conta o professor Edielson Provato Frigieri, que coordena o laboratório de pesquisas em IoT da instituição e está ansioso pelo início dos trabalhos com os coreanos. "Me interessa muito o acesso às pesquisas de lá, até para sabermos onde estamos em relação à internet das coisas."
Desde janeiro, o laboratório de IoT testa a primeira experiência do tipo que saiu do papel: a automatização do monitoramento de iluminação do campus da faculdade. São 75 postes interligados a um computador que levanta dados como consumo de energia, variação de luminosidade (para ligar e desligar lâmpadas) e problemas nos equipamentos. A mesma solução tecnológica também é testada em duas cidades do interior de São Paulo- em Valinhos (SP) e Águas de São Pedro (SP).
"Para que a internet das coisas seja viável precisamos ter uma infraestrutura de redes e por isso começamos com esse teste. A proposta é que ele seja levado para a cidade de Santa Rita do Sapucaí. O próximo projeto é criar a casa inteligente, a smart house, onde vamos validar outras ideias inteligentes que também poderão ser aplicados para a população e para as empresas", planeja.
O professor Marcos Antônio Alberti acredita que o apoio coreano vai acelerar todo esse processo. Em 2012, ele se mudou para a Coreia do Sul junto com a família. A experiência de um ano no país asiático ampliou sua visão a respeito de um mundo conectado.
"Tudo funciona na Coreia. A internet é mais rápida e mais barata do que a brasileira, há wi fi disponível por onde você vá e, em 2012, eles já estavam aplicando a internet das coisas nos pontos de transporte público. Tudo o que você precisava saber sobre o metrô- locais de paradas, horários, problemas atrasos-, tudo era informado em um painel eletrônico. Eu tinha um pacote de 100 Mb/s [download e upload na internet] e pagava R$ 70. Na minha casa, aqui no Brasil, eu tenho um de 10 Mb/s e pago R$ 80", comenta.
Desde maio de 2013, a Coreia do Sul testa tecnologia 5G de internet. Conforme o Ministério de Ciência e Tecnologia do país, 1,5 bilhão de dólares já foram investidos nesse projeto, que deve estar acessível a toda a população em 2020 e permitirá, por exemplo, a transmissão de filmes em streaming com resolução 4K, quatro vezes maior do que o das atuais TVs Full HD. Entre 2020 e 2026, os lucros com a venda dessa infraestrutura são estimados em 31 bilhões de dólares.
No Brasil, a criação de uma infraestrutura nacional de 5G é conduzida pelo Inatel junto a outras instituições de ensino e pesquisa, sob a coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O principal foco do trabalho está em encontrar uma solução de internet para áreas fora dos centros urbanos, que ainda possuem grandes problemas de conexão.
G1 Sul de Minas