Asteya, não roubar
Autor(a): Diva Paiva
Sei que não posso roubar o seu samba nem o seu cavaquinho. Não posso pegar nada dos outros para mim. Entendi isso muito cedo na escola. Pensei poder possuir o mundo como quem o toma em grandes goles, mas o mundo é duro de engolir, o mundo é incomível. No máximo podemos ficar aqui e desfrutar da poesia, da beleza, que não precisam ser nossas. Pois não possuímos coisas. Apenas convivemos com elas.
Mas, é claro, tem gente que possui propriedades, negócios, etc. São donos legais desses bens assegurados. Sua legitimidade consta nas antigas tradições indianas: “Tudo que uma pessoa possui lhe pertence porque ganhou, talvez numa vida passada e nada nem ninguém tem o direito de desempossá-la. Portanto, não se deve tomar o que não lhe é dado nem tomar aquilo que não se obteve por meios lícitos ou aquilo a que não se tem direito de acordo com sua classe ou função.”
Assim Asteya é citado no clássico Yoga Sutra de Patanjali. Este refreamento inclui também a cobiça, pois ela incita o ato de roubar. Pegar para si o amigo do amigo, o namorado ou marido de alguém, pegar ideias, enfim roubar. Sabemos que a cobiça está por toda parte. Menos no coração de quem pratica Asteya.
É um princípio que proporciona a quem o pratica o poder de “atrair tesouros de forma lícita, pois eles fluirão de todas as partes em direção daquele que está perfeitamente firmado na não-apropriação. Até mesmo os doadores julgar-se-ão felizes por poderem oferecer-lhe o melhor do que têm. Em todo lugar a elite dos seres será atraída em sua direção.”
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje