Postado em 3 de setembro de 2019

E o Brasil de Bolsonaro não foi à guerra!

Autor(a): Humberto Azevedo

Na última semana os disparos orais entre o presidente brasileiro e o presidente francês assustaram um mundo e meio, no Brasil. Claro, tudo, por conta dos vários negócios que envolvem, sobretudo, os investimentos das empresas francesas por aqui e as nossas commodities que se destinam rumo ao atlântico.

Mesmo com nós tendo um saldo negativo na balança comercial com os franceses, isso não significa que o mercado daquele país não nos interessa. Interessa e, sobretudo, ao setor primário da nossa economia. Formada por empresários que deram sustentação a isso aí. Entre janeiro a julho deste ano, as exportações para lá nos renderam, até agora, um pouco mais de R$ 6 bilhões. Em contrapartida, as nossas importações nos custaram, até o momento, quase R$ 8 bilhões.

E quando os negociantes de ambos os países passam ver em seus jornais um bate-boca impensável entre os chefes dos dois governos – protagonizados pela verborragia escatológica do dirigente brasileiro – o clima de tensão sobe à potência máxima. Nesta semana calcula-se o valor dos vários novos negócios que foram suspensos devido a crise intempestiva entre Emmanuel Macron e Jair Bolsonaro.

Crise que só foi resolvida, em parte, após o presidente brasileiro levar uma chamada internamente do seu superior - o presidente norte-americano, Donald Trump, que em público fez inúmeros elogios ao seu alter ego tupiniquim.

Depois que o filho 03, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), autointitulado “fritador de hambúrgueres” e cotado a embaixador brasileiro na capital dos Estados Unidos, Washington, chamou o presidente francês de “idiota” pelas redes sociais e de “moleque” em pronunciamento na Câmara, o atrito parece ter arrefecido.

Também porque Macron, em entrevista coletiva, falou em tom de apaziguamento com o Brasil que desejaria que os brasileiros tivessem em breve um novo presidente que soubesse se comportar à altura do cargo que ocupa.

Posterior a isso, demonstrando chateação o presidente brasileiro teria exigido que o colega francês pedisse desculpas como forma de aceitar os recursos a serem enviados pelas mais ricas nações do planeta para ajudar na preservação da maior floresta tropical do mundo. Tais exigências de desculpas foram retiradas pelo próprio presidente brasileiro.

Tudo isso, por quê? Porque numa comunicação oficial o governo francês acusou Bolsonaro de mentir, quando do encontro das nações emergentes, para o presidente da França sobre os números relacionados à proteção ambiental na Amazônia. Isso teria feito o presidente brasileiro compartilhar, em suas redes sociais, uma publicação que espinafrava a esposa de Macron.

A partir daí os ataques cessaram de parte a parte. Mas como o presidente brasileiro não se aguenta, dias após os episódios que quase prepararam o Brasil nacionalista dos anos Médici para uma guerra em busca de defender à soberania nacional atacada, Bolsonaro declara que está pronto para sentar com qualquer um dos líderes dos países mais ricos do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Itália e Japão), com exceção, de Macron, da França.

A declaração do presidente brasileiro foi solenemente ignorada pelo colega francês que avisou que faria isso. Assim, a guerra que estava preparada não aconteceu. E nem vai acontecer. Até porque os cortes que o ministro da Economia, Paulo Guedes, anda fazendo no orçamento das Forças Armadas vão calhar invariavelmente no quadro em que Aeronáutica, Exército e Marinha se encontravam nos anos 90. Sem dinheiro para os recursos pessoais e materiais. Até porque uma nova explosão econômica, da qual gostamos de denominar de milagre econômico brasileiro, só entre 2.033 e 2.038. Até lá muitos dos que conhecemos vão reprisar momentos deprimentes até chegar nas cenas em que parece, enfim, que o futuro do Brasil chegou.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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