Postado em 2 de fevereiro de 2021

A decisão

Autor(a): Humberto Azevedo

Esta próxima segunda-feira, 1º de fevereiro, “dia D” para se conhecer os novos presidentes do Poder Legislativo, definirá se o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cumprirá até o último dia do seu mandato, em 31 de dezembro de 2.022, ou se teremos, em breve, o terceiro presidente da história da República, afastado.

Caso o eleito para presidir a Câmara venha ser o deputado Arthur Lira (PP-AL), muito dificilmente, Bolsonaro terá algum tipo de problema em permanecer no cargo. A não ser que 70% da população brasileira se una em torno da necessidade do seu afastamento. E esse cenário de união, hoje, parece ser uma realidade quase que utópica.

Mas caso o futuro presidente da Câmara venha ser o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), as chances de um afastamento do atual inquilino dos Palácios do Alvorada e do Planalto vir a acontecer crescem razoavelmente. Não porque o emedebista seja um oposicionista, mas por que o parlamentar, afilhado político do ex-presidente Michel Temer, exigirá uma guinada de quase 180 graus na condução do governo em relação a várias pautas, hoje tocadas por extremistas e radicais.

A vitória de um, ou de outro, em pouco mudará o jeito em que o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) conduziu, até agora, desde 2.016, os trabalhos legislativos. A única diferença é que o alagoano dá de ombros para a turba extremada que cerca o presidente brasileiro, ele próprio um político de rasas interpretações subjetivas. Já o paulista exigirá a demissão dos ministros Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e muito provavelmente, do general Eduardo Pazuello, da Saúde.

Apontar a vitória de um, ou de outro, é hoje praticamente impossível de se fazer. As informações de bastidores apontam que a disputa será renhida e o ganhador terá, no máximo, 20 votos de diferença em relação ao derrotado. A votação secreta, que impede a população saber como cada parlamentar votou, também joga por terra supostos acordos, declarações de apoio e as famosas fotos tiradas num contexto do “estamos juntos”.

Pelos cálculos de jornalistas experientes, que conhecem o ambiente legislativo, e convivem com os excelentíssimos digníssimos, Arthur Lira teria por volta de uns 180 votos, contra 170 de Baleia Rossi, o que levaria a disputa para um segundo turno entre eles correrem atrás dos votos de sete deputados que resolveram se lançar candidatos: Alexandre Frota, o ator (PSDB-SP), André Janones (Avante-MG), Capitão Augusto (PL-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG), General Peternelli (PSL-SP), Luíza Erundina (PSOL-SP) e Marcel Van Hatten (Novo-RS).

Para se eleger presidente da Câmara, o candidato vencedor precisa reunir no mínimo 257 votos de 513 deputados. O governo é acusado pelos opositores e também pelos governistas que gostam de serem chamados de “independentes”, de interferir no processo eleitoral interno, na base da liberação de recursos, que já ultrapassam R$ 3 bilhões, e também no famoso troca-troca, ou do toma-lá-dá-cá com distribuição farta de cargos na estrutura da máquina federal para aqueles que se comprometerem em votar no candidato preferido do Planalto, no caso Arthur Lira.

Mas como a votação é secreta, as emendas e os cargos obtidos em meio a essas negociatas, podem de nada valer, já que o governo não terá como checar quem foi fiel, ou infiel, ao seu ver. O mesmo cenário, sem essa pressão do impeachment, que é uma prerrogativa da Câmara, praticamente se repete no Senado. Com a diferença que o candidato preferido de Bolsonaro é também o escolhido por petistas e oposicionistas, que veem em Rodrigo Pacheco (DEM-MG), oriundo da advocacia, uma segurança contra os arroubos autoritários que o atual governo federal tem de vez em sempre.

No Senado, a eleição do senador mineiro é dada quase como certa, visto que sua principal adversária, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) ficou excessivamente marcada por se associar com grupos políticos que surgiram em 2.018 identificados com os arroubos da operação Lava Jato, que em quatro anos no afã do combate à corrupção e no desejo da punição seletiva e política levou empresas a falência, milhões ao desemprego e o país, então içado a uma potência emergente, em uma república de bananas.


** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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