Postado em 17 de novembro de 2020

O problema da falta de intermediação política

Autor(a): Humberto Azevedo

O ano de 2.020, de pandemia a parte que já matou mais de 161 mil brasileiros e 1,2 milhão de pessoas em todo o mundo, vive as agruras da falta de lideranças políticas que zelam pela intermediação entre os vários polos sociais. As velhas lideranças foram sumindo graças a ação do tempo. E não foram sendo substituídas a contento por líderes de igual estatura, ou que, pelo menos, transitassem de um lado a outro.

Paralelo a isso, os tempos pós-modernos de caça às bruxas que se instauraram nas mais diversas sociedades instituídos por um Estado policial, fomentado pelas grandes corporações de mídia que agora também se tornaram vítimas do sistema opressor vigente, que buscou a todo momento descredibilizar a política e condenar os políticos a malfeitores das piores espécies, prontos para práticas ilícitas e demais irregularidades. Uma generalização em massa, irresponsável, que em muito é responsável por este estado de coisas esdrúxulas que estamos vivendo nestes tempos da pós-verdade, em que o falso vira verdadeiro e o impostor, herói.

Não à toa que aquilo que foi eleito por mais de 57 milhões de brasileiros, em 2.018, para comandar os anos de 2.019 a 2.022, na falta de líderes com estatura moral e centrados na retidão ética para impor ao país os rumos de uma nação em busca do desenvolvimento antenado na responsabilidade ambiental e social tão fundamental nestes tempos do terceiro milênio da era cristã, eleva o deputado federal de Alagoas, Arthur Lira, líder do Partido Progressista (PP) e também dos partidos que se reúnem em torno do que foi consensuado de ser chamado de “centrão”, a figura política responsável pela paz que seu governo passou a ter com o parlamento, após o discurso ilusório e falso sobre a “nova política” ser devidamente aposentada.

“E também [quero] dizer a vocês que falta uma pessoa neste tablado muito importante na nossa articulação política na Câmara dos Deputados, que é o alagoano e prezado deputado Arthur Lira. Mais do que fazer articulação, é uma pessoa sempre pronta, sempre alerta, para trabalhar para o seu estado. Tenho certeza, que na próxima vez, sem a covid, ele estará presente entre nós”, discursou Bolsonaro no distrito de Ipiau da cidade de Piranhas (AL), onde inaugurou nesta quinta-feira, 05, um trecho da terceira etapa do canal do sertão, que levará as águas do rio São Francisco para as comunidades rurais daquele município.

É claro e translucido que o presidente brasileiro, eleito por uma plataforma radical e extremista, abandona o que se convencionou chamar de bolsonarismo raiz para fincar raízes num ademarismo/malufismo clássico que sempre permeou parte das elites e os setores médios da sociedade pátria, sobretudo paulista. Bolsonaro que até as eleições de 2.018 era visto como um pária por parte de seus colegas, de direita, no parlamento, acabou sendo a única chance que os setores tradicionais da política brasileira tiveram de voltar ao poder, sem o PT, e derrotando o lulismo-petismo que se formou na sociedade brasileira após os vários avanços sociais em que milhares de miseráveis ascenderam a pobreza.

E, agora, a confirmar a derrota eleitoral de Donald Trump, nos Estados Unidos da América (EUA), que inspirou o movimento bolsonarista a ganhar corpo junto a sociedade tupiniquim nas eleições de 2.018, Bolsonaro terá como desafio mostrar para seus pares, da direita e do centro, que o abraçaram num oportunismo político calculado, que reúne condições de ser não o extremista eleito, mas um governante popular aos moldes que Adhemar de Barros e Paulo Salim Maluf foram em alguns períodos dos anos 40, 50, 80 e 90, principalmente em São Paulo. Se reunirá essas condições, só o tempo irá dizer.



** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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