Postado em 1 de setembro de 2020

O envelopamento

Autor(a): Humberto Azevedo

A última semana do mês de agosto, que por alguns é conhecido como o “mês do cachorro louco” e de profusas transformações no cenário político doméstico, vai chegando ao fim. E com ele vai trazendo as marcas indeléveis de transformações que levam um governo eleito com o símbolo das medidas ultraliberais no campo econômico para uma gestão que vai aos poucos recuperando a essência estatizante que sempre permeou os históricos dos governos, desde a época imperial dividida entre maragatos e ximangos.

Com a gestão de Jair Bolsonaro (Sem Partido), e também sem messias, não haveria o porquê de sê-lo diferente dos demais governos que se instalaram ao longo de nossa história emancipada da antiga Coroa portuguesa. O projeto capitalista brasileiro contempla a velha máxima que marxistas do século 20 tão bem definiram a síntese da alma tropicana dos lusitanos que aqui se desenvolveram e permitiram, aos poucos, que demais caucasianos, fugidos da fome e da guerra, também se desenvolvessem por estas terras, chamada de brazilis. O lucro é meu; e o prejuízo é nosso!

Baseado nesta premissa, que todos os repórteres bem informados dos bastidores do poder político sabem, se deu início ao processo que uns chamam de “fritura”, e outros denominam de afastamento, entre as ideias defendidas pelo comandante em chefe da atual equipe econômica, ministro Paulo Guedes, do objetivo que sempre foi devolver o poder aos poderosos, sem intermediação de classe. Bolsonaro, neste aspecto, foi apenas o instrumento necessário e utilizado para alcançar isso, assim como a velha raposa política, Michel Temer (MDB), também o foi nos recentes anos que antecede a este 2.020, de pandemia a parte.

Por mais que o ministro-chefe da antiga Casa Militar, atual Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o falastrão general Augusto Heleno diga o contrário e que o ministro da Economia só deixará o governo, que se instalou em janeiro de 2.019, morto.

Assim o saudoso programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida” que tanto orgulhava petistas e era considerado, por estes, um marco do símbolo da recuperação da autoestima tupiniquim durante a era Lula e que oferecia ao suado povo a oportunidade de uma moradia digna, abandonada desde a implosão, no início dos anos 90, do então Banco Nacional de Habitação (BNH), que se transforma, agora, na “Casa Verde e Amarela” que promete, com os “juros mais baixos da história”, ser o timoneiro, a marca e o símbolo dos anos bolsonaristas que, tudo indica, não vão se encerrar em 2.022.

Na mesma toada, o programa de transferência de renda intitulado Bolsa Família, organizado pelo ex-ministro do Desenvolvimento Social da era Lula, Patrus Ananias, e que juntava os vários benefícios sociais que eram concedidos a população excluída desde o primeiro governo da Nova República de José Sarney (PMDB) e que ganharam mais força orçamentária e visualização midiática a partir da gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), está no gatilho para se transformar no Renda Brasil, mais amplo e que promete, além de ser um auxílio para que milhões possam enfrentar a dura realidade de convivência com a miséria, ser também um instrumento de renda básica universal ofertado a todos os cidadãos do país.

Engraçado que esse projeto, encabeçado pelo ex-senador e atual vereador paulistano, Eduardo Suplicy (PT), sairá do papel e será executado na antagônica gestão aos governos petistas, que fora eleita falando em menos Estado. Definitivamente, como sentenciou o sábio da bela canção “O Sabiá”, Antônio Carlos Brasileiro Jobim, “o Brasil não é para amadores” e, muito menos, para “iniciantes”.


P.S: Em tempo, o extinto BNH que nasceu graças ao nacional desenvolvimentismo dos anos 70, foi implantado e implementado pelos generais que governavam o Brasil de então.


** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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