O retorno do ludopédio
Autor(a): Humberto Azevedo
A volta do ludopédio em meio as mais de mil mortes diárias, com dados oficiais do Ministério da Saúde, causadas pelo novo coronavírus (covid-19), no Brasil, na última quinta-feira, 18, foi um dos temas mais debatidos nas rodas, virtuais, de discussão. Após 70 dias de enclausuramento em decorrência da doença que abala o mundo, se deu no Novo Maracanã construído para ser um dos palcos da Copa do 7 a 1 de 2.014, realizada no país, o primeiro jogo do pós-pandemia em meio, ainda, da pandemia.
O jogo foi entre o Bangu e Flamengo, clube mais popular do Brasil e, atualmente, o principal esquadrão tupiniquim. O placar, sem surpresas, foi um tímido 3 a 0 a favor dos rubro-negros num Novo Maracanã vazio e, ao lado, de um hospital que atende exclusivamente pacientes do covid-19. Em meio aos gols flamenguistas que não puderam contar com a transmissão "ao vivo", duas mortes eram registradas na unidade de campanha localizada complexo Maracanã.
A decisão do retorno do ludopédio no país que vai aos poucos se consolidando como a nação do coronavírus, visto que já somos o vice-líder da doença no número de casos absolutos de transmissão (quase um milhão de infectados) e também no número de mortes - quase 48 mil, com dados desta quinta-feira, vem no mesmo passo da volta do futebol nos países europeus que às duras penas conseguiram superar a doença após um início assustador em que todos, em algum momento, determinaram um confinamento total de suas populações.
Enquanto no Brasil a volta é restrita pelos lados cariocas, na Europa a volta aos gramados viu nesta semana o todo poderoso Bayer de Munique comemorar um seguido oitavo título do campeonato alemão. No país dos bávaros, o ludopédio já tinha voltado dentro da nova normalidade estabelecida pelo distanciamento social há cerca de um mês. Agora é a vez das ligas portuguesa, italiana, francesa, espanhola e inglesa retornarem suas competições.
As mais ricas e valiosas competições internacionais como a Copa dos Campeões da Europa e a Taça Libertadores da América ainda se encontram em stand by e não possuem uma data específica para ter seus confrontos finais realizados. A champions league, como é conhecida, se sabe apenas que será realizada em confrontos únicos na cidade de Lisboa. Já a conclusão da Libertadores, ainda na fase de grupos, é uma incógnita. Mas a tendência é que o mesmo cenário definido pela União Europeia de Futebol Associados (UEFA) aconteça também na América do Sul com jogos realizados em Assunção, na capital paraguaia.
Já o campeonato brasileiro que desde 2.003 passou a ser disputado em formato de pontos corridos e que era para já ter se iniciado no último mês segue também sem uma definição de quando e como será realizado. Os clubes que viram no calendário permanente com as 38 rodadas lhe proporcionarem rendas até então não imaginadas pretendem cumpri-lo à risca nem que para isso tenham que jogar até meados do próximo ano. Mas uma reviravolta, virada de mesa, que pode acabar com o período dos pontos corridos não está descartada.
Há quem diga que o campeonato brasileiro de 2.020 será disputado aos moldes de uma Copa do Mundo com algumas cidades sediando os seus jogos. Em invés de transcorrer em 38 rodadas de longas idas e voltas, seria jogada em dez a 16 rodadas. Mas tudo é incerto. Há também quem diga que os acontecimentos de 2.020 devolverá a força da regionalização dos nossos campeonatos, visto que as dificuldades de locomoção e interação provocadas pelo vírus vai neste sentido.
Mas o certo mesmo é que o futebol visto até então como um ambiente de comemoração dos torcedores interagindo em torno do amor por seus times será bem diferente nestes tempos de coronavírus. Sem torcida, às vezes sem televisionamento, sem interação, sem comemoração. Apenas uma mera formalidade para que clubes que se negam em se transformar em empresas possam faturar e assim manter a roda da economia girando neste respectivo segmento.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje