Postado em 18 de abril de 2020

A libertação do DEM (ou a retomada do PFL)

Autor(a): Humberto Azevedo

A Frente Liberal surgida em 1.983 pelas mãos de dois dos caciques políticos que mais ajudaram a sustentar as colunas da ditadura militar nos anos anteriores e que, ao mesmo tempo, foi o sustentáculo do regime civil democrático que passou a vir depois que os generais voltaram para a caserna, está de volta.

Quase extinta em 2.011 quando viu sua metade se transferir para um novo PSD de velha memória política, a Frente Liberal travestida de Democratas parecia que não conseguiria se manter de pé nos anos em que o lulismo fazia de seu partido, o PT, a maior força político e eleitoral de quase uma década atrás.

Mas o que parecia uma triste sina acabou se transformando na sobrevida que o ano de 2.016, o ano do golpe para uns, ou o ano do impeachment das pedaladas da sucessora que botou muito a perder as conquistas de seu antecessor. De lá até 2.020, aguardando a reconstrução, o DEM, ou simplesmente o PFL, ou pefelê, viu a chance de sua retomada em grande estilo se ampliar.

À reboque de Temer, do MDB, com quem fez dobradinha nos anos 80 para livrar o país do entulho autoritário que os 21 anos de regime militar nos legara, e a reboque - a contragosto de alguns - do capitão eleito com a bandeira do antipetismo, o DEM viu nascer com a grave crise causada pela pandemia que assola o mundo e o Brasil uma liderança nacional em suas fileiras.

Liderança confirmada por uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação (Ipesp) encomendada pelos engomadinhos da operadora do mercado financeiro denominada de XP que até então se veem muito bem representados pelo economista ultraliberal Paulo Guedes no comando do Ministério da Economia.

Neste levantamento, enquanto 44% dos brasileiros avaliam como “ruim ou péssimo” o comportamento do ainda presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), na condução da crise causada pela Covid-19, 68% dos cidadãos do país avaliam como “ótimo ou bom” a atuação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS).

Os números apresentados pela apuração reivindicada pelos agentes financeiristas traz à luz uma importante declaração (barra análise) que o ex-todo poderoso do início do governo Lula, José Dirceu, fez um pouco antes das eleições de 2.018: “O Bolsonaro não é um problema do PT, da esquerda. O Bolsonaro é um problema do DEM, do PFL”.

Decorridos 15 meses de gestão bolsonarista, parece que o presidente Bolsonaro não é mais um problema do pefelismo. Antes da crise do coronavírus, as chances de que novas eleições nacionais diretas pudessem acontecer devido a cassação da chapa que elegeu o capitão e o general causada por irregularidades apuradas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a influência da indústria das “fake news” nas eleições, eram zero.

Agora, com o fator Mandetta, o DEM volta a se posicionar no tabuleiro da política nacional pronto para içar o comando da República sem depender de aventureiros caboclos que para sua sobrevivência precisam transformar o Brasil num imenso “bang-bang” dos filmes do velho oeste estadunidense.

Não à toa, um dos maiores expoentes do pefelismo na atualidade libertou o seu partido e, provavelmente, o país das aventuras levadas até aqui pelo bolsonarismo numa entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira, 09. Onde afirmou que o governo da dobradinha Guedes-Bolsonaro mente, faz disputa política em meio a crise sanitária com os governadores tucano de SP e do PSC do Rio para matar os dissidentes da centro-direita que o ameaçam politicamente com objetivo de continuar sendo a esperança do consórcio anti-petista.

E tudo isso em meio a disparada nos casos de mortes dos brasileiros devido a pandemia. Onde, segundo o monitoramento feito pela empresa Microsoft, até as 00h57 desta sexta-feira, 10, 957 cidadãos do país já haviam sido vítimas fatais da doença que já matou pelo mundo todo mais de 95,6 mil pessoas.

Enquanto tudo isso acontecia, o presidente da República largou o expediente no Palácio do Planalto na tarde desta última quinta e foi fazer uma visita surpresa aos moradores de classe média do bairro da Asa Norte, em Brasília. Lá, foi a padaria, tomou um refrigerante, comeu um “sonho”, tirou foto com simpatizante, provocou aglomeração, foi xingado, ouviu sons de panelas, gritos de “fora” e um “vai pra casa” de um morador em isolamento social que cumpre as orientações que o seu governo, através do Ministério da Saúde, recomenda e que ele como chefe da nação, brinca.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Alfenas Hoje

Humberto Azevedo
Jornalista e consultor político
Humberto Azevedo é jornalista profissional, repórter free lancer, consultor político, pedagogo com especialização em docência do ensino superior, além de professor universitário, em Brasília (DF).



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