Postado em quarta-feira, 6 de dezembro de 2017 às 09:45

Cresce resistência a antimicrobianos, uma séria ameaça sanitária, diz ONU

Em escala mundial, cerca de 700 mil pessoas morrem por infecções a cada ano...


A  Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu nesta terça-feira (5) para um aumento da resistência a antimicrobianos, favorecido pela disseminação de medicamentos e alguns produtos químicos no meio ambiente, que constitui uma grande ameaça à saúde.

Se a tendência se mantiver, aumentará o risco da contração de doenças incuráveis pelos antibióticos atuais em atividades tão banais como nadar no mar, advertiram os especialistas reunidos em Nairóbi pela Assembleia da ONU para o Meio Ambiente.

Em um relatório publicado nesta terça, denominado "Frontiers 2017", os especialistas assinalaram que "a difusão no meio ambiente de componentes antimicrobianos provenientes de casas, hospitais e estabelecimentos farmacêuticos, assim como da atividade agrícola(...), favorece a evolução bacteriana e o surgimento de cepas mais resistentes".

"A advertência lançada por este relatório é verdadeiramente alarmante: os seres humanos poderiam participar do desenvolvimento de superbactérias devido a nossa ignorância e negligência", considerou Erik Solheim, diretor do Programa da ONU para o Meio Ambiente.

"Os estudos já relacionaram o uso inadequado dos antibióticos nos humanos e na agricultura nos últimos 10 anos ao aparecimento de uma resistência crescente das bactérias, mas o papel do meio ambiente e da contaminação receberam pouca atenção", observou.


A resistência antimicrobiana é um quebra-cabeça para as agências de saúde internacionais. Em escala mundial, cerca de 700 mil pessoas morrem por infecções a cada ano.

Um relatório publicado em 2014 advertiu que as patologias resistentes aos antibióticos poderiam matar 10 milhões de pessoas até 2050, o que seria a principal causa de mortes, à frente de doenças cardíacas e câncer. Seu custo é estimado em 100 bilhões de dólares.

Era pós-antibióticos

"Poderíamos entrar no que as pessoas chamam de era pós-antibióticos, ou iremos voltar aos anos antes de 1940, quando uma simples infecção (...) era muito difícil, ou impossível", de curar, explicou à AFP Will Gaze, da Universidade de Exeter, na Inglaterra, coautor do relatório.

As bactérias são capazes de transferir entre elas genes que garantem uma resistência aos medicamentos, de passá-los às futuras gerações, de recuperá-los diretamente do meio ambiente, ou de modificar seu próprio DNA.

Atualmente, entre 70% e 80% de todos os antibióticos consumidos pelos seres humanos ou animais volta ao meio ambiente por meio dos excrementos.

"A maioria dessas centenas de milhares de toneladas de antibióticos produzidos a cada ano termina, assim, no meio ambiente", segundo Gaze.


Humanos e animais igualmente excretam germes, resistentes ou não, no meio ambiente, onde se misturam com os antibióticos e com as bactérias criadas naturalmente.

 


Se a esta mistura forem acrescentados produtos antibacterianos, como os desinfetantes e os metais pesados que são tóxicos para os germes, surgem as condições ideais para desenvolver bactérias resistentes aos medicamentos, em locais onde os humanos estarão em contato com elas.

"Se observarmos o sistema fluvial, vê-se um forte aumento da resistência nos centros de tratamento das águas residuais (...) associada a um certo tipo de utilização da terra, como os pastos, por exemplo", indicou Gaze.
"Analisando as águas costeiras onde (...) se pode estar altamente exposto ao meio ambiente, sabemos que podemos contabilizar aqui um número muito alto de bactérias resistentes", acrescentou.

Fonte: BEM ESTAR

 



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