Postado em segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017 às 14:51

CNA e FAEMG condenam importação de conilon pelo Brasil

A decisão do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) sobre a importação de café conilon deve sair nas próximas semanas


Do Faemg

Enquanto a indústria diz que falta o produto para atender à demanda do mercado interno, os cafeicultores garantem que os estoques existentes são suficientes para abastecer o Brasil até o início da próxima safra, em março/abril. O presidente das Comissões Nacional e Estadual de Café da CNA e da FAEMG, Breno Mesquita, diz que a importação é uma ameaça fitossanitária aos cafezais e também aos produtores brasileiros. Confira a entrevista.
 
Qual o posicionamento da CNA e da FAEMG sobre a importação de café?

A CNA e a FAEMG sempre foram contrárias à importação de café conilon, em qualquer quantidade, pela indústria, por entender que o Brasil tem produção suficiente para abastecê-la, e porque sabemos dos riscos fitossanitários inerentes à importação dos grãos, para os nossos cafezais.
 
Quais os riscos da importação para os cafezais?

Ao trazermos café de outros países, corremos risco real de, junto com o grão e também na sacaria, virem pragas e doenças desconhecidas da cafeicultura brasileira e, até descobrirmos possíveis medidas para combatê-las, devido à burocracia existente no Brasil, podemos colocar em risco a nossa cafeicultura, que é uma atividade de grande importância econômica e social para o país. A importação de café, pelo maior produtor do grão no mundo, também coloca o Brasil na contramão da história porque, ao invés de gerar empregos aqui, vamos transferir as vagas para os países exportadores de café para o Brasil porque, certamente, muitos produtores desistirão da cafeicultura. Como representante da CNA e da FAEMG, é preciso ter sensibilidade para brigar, discutir e enfrentar qualquer desafio quando o tema prejudica os produtores pequenos, médios ou grandes. O Sistema advoga pela melhoria da qualidade de vida dos produtores, com boas práticas, gestão eficiente. Não podemos compactuar com a importação de café de países que não têm preocupações ambientais e sociais, leis trabalhistas, como é aqui, o que faz com que os custos da cafeicultura brasileira sejam mais elevados.
 
Por que a indústria levantou a possibilidade de importação de conilon?

A alegação principal é que os estoques de café conilon, que é produzido principalmente no Espírito Santo, não são suficientes para atender à demanda. Mas há um impasse nesta questão. Pedimos levantamento para saber a real situação do café existente naquele estado. A Conab fez o levantamento, mas chegou a números bem abaixo da realidade, segundo as lideranças capixabas. Segundo a Conab, o estoque de conilon é de cerca de 2 milhões de sacas no Sul da Bahia, Espírito Santo e Rondônia, mas a metodologia utilizada considerou apenas os armazéns gerais, cooperativas, médios e grandes produtores. No entanto, segundo o Incaper, a maioria do café do Espírito Santo é de pequenos agricultores, que não tiveram seus estoques contabilizados pela Conab, o que gerou descompasso no resultado final do levantamento. O Incaper assegura que, incluindo esses produtores, os estoques chegam a 4 milhões de sacas.
 
Quando o MAPA deve anunciar a decisão sobre a importação?

Na última reunião que tivemos em Brasília com o ministro Blairo Maggi, ficou decidido que o Incaper, juntamente com as lideranças políticas capixabas, apresentaria hoje (10), o levantamento que fez no Espírito Santo, que incluiu os pequenos cafeicultores, e constatou a existência de cerca de 4 milhões de sacas. Com os dados do Incaper em mãos a Conab fará um novo levantamento, que será a base para a decisão do MAPA sobre importar ou não café. Mas já deixamos claro que a posição da CNA e da FAEMG é radicalmente contrária à importação.
 
Faemg


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