Postado em segunda-feira, 26 de dezembro de 2016 às 13:50

Consumidor consciente busca produtores locais

O consumidor consciente, engajado socialmente e com boas práticas financeiras e ambientais ainda é minoria no Brasil...


Do FAEMG

O consumidor consciente, engajado socialmente e com boas práticas financeiras e ambientais ainda é minoria no Brasil. Segundo pesquisa feita em julho pelo SPC Brasil e pela CNDL (Confederação Nacional dos Dirigente Lojistas), eles representam apenas 32% dos consumidores brasileiros. A boa notícia é que essa parcela é jovem e está crescendo – eram 21,8% em 2015.

“Neste ano vou presentear algumas pessoas com uma cesta de produtos vindos da agricultura familiar. Diferente das tradicionais, com panetone, por exemplo, nessa vêm arroz orgânico e doces produzidos artesanalmente”, afirma a servidora pública Luíza de Castro, 31.

Para ela, o consumo não deve apenas evitar danos, mas pode servir para emancipar. “Comecei repensando meu consumo de alimentação. Queria garantir minha saúde, mas a saúde de quem produz também. Depois passei a pensar que o ato de consumir pode ajudar a emancipar quem produz”, conta.

Há três anos, Luíza Castro faz compras de Natal no Empório Trecos e Afetos, no edifício Maletta, na região Central de Belo Horizonte. Lá são vendidos produtos ambientalmente responsáveis de cerca de 70 parceiros. “Pensamos o espaço para que artistas independentes, associações e projetos de economia solidária tivessem um espaço para expor seus trabalhos. Temos produtos com a cara da loja e do meu público”, afirma a proprietária Cléo Zocrato. “Espaços como o Empório, que respeitam o produtor, respeitam o cliente. Para mim, são locais de acolhimento e empatia”, afirma Luíza.

Para a estudante de Letras Luíza Carolina Lucchesi Barbosa, 25, o consumo consciente veio da prática de meditação, a “mindfulness”, ou atenção plena. “Comecei a prestar mais atenção nas minhas ações, a comer melhor, e percebi que não faz sentido comprar um produto que vem de longe quando tem um pequeno produtor na feirinha aqui perto vendendo a couve do quintal dele”.

Para o Natal, a estudante busca presentes “que têm valor, para a pessoa que vai receber, além do material”. “Que a pessoa bata o olho e saiba que eu lembrei da personalidade dela, não que fui ao shopping e voltei com 500 sacolas pensando ‘Terminei o serviço’”

Variedade

Orçamento. O Empório Trecos e Afetos tem opções de presentes de Natal para vários bolsos. Os preços variam de R$ 7 a R$ 3.800 e envolvem de chá orgânico a quadros, passando por bolsas, bijuterias e brinquedos.

Feminismo influencia compra

A posição política do consumidor também influencia na forma de comprar. A cientista política Bárbara Lamas, 36, que se considera feminista, prefere comprar de mulheres – “de preferência, mães”, diz.

“Acho que fortalecer o trabalho de outras mulheres é uma forma de agir politicamente no nível micro”, avalia Bárbara. “Tento fortalecer o trabalho de mulheres e mães em todas as minhas compras, não só no Natal”, afirma. Na data, ela relata que também deve priorizar produtores locais.

CONTRAMÃO DA CRISE

A expectativa para este Natal é de crescimento no brechó Malettas de Ignês, que divide o espaço do Empório Trecos e Afetos, no edifício Maletta, na região Central de Belo Horizonte. “Só em novembro tivemos um aumento de 50% nas vendas, na comparação com outubro. Acredito que já tenha sido um reflexo das compras de Natal e das festas de fim de ano”, conta a responsável pelo brechó, Eliete Marques.

Para a empresária, o brechó segue a ideia de sustentabilidade e consumo consciente do empório com que divide espaço. “Trabalhamos muito o conceito de sustentabilidade na loja. Tanto que até a nossa sacola é de papel, e reciclada, com recortes de revista”, conta.

Eliete diz que muitos de seus clientes buscam nos brechós uma alternativa, inclusive no quesito preço, aos grandes magazines que às vezes têm seu nome envolvidos em escândalos de trabalho infantil e escravo.

Para a servidora pública Luíza Castro, a forma da produção de um produto impacta em sua decisão de compra. “Prefiro comprar de costureiras para não consumir produtos fruto de trabalho escravo”, diz.

No Malettas de Ignês, é possível encontrar roupas novas, seminovas e de época. Segundo Eliete, a busca por roupas para festa de formatura aumentou. “Temos opções de roupas de festa com preço bem competitivo”, diz.

FAEMG


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